O Construtech Ventures, veículo de investimento de Florianópolis dedicado a startups da cadeia da construção, anunciou a criação da Construtech Angels, primeira rede de investidores-anjo para o setor do Brasil. A rede, formada em parceria com a Anjos do Brasil, já tem 46 participantes.
O objetivo é que a rede impulsione, com capital e conhecimento, startups brasileiras que resolvem problemas da construção e do mercado imobiliário. “Escolhemos investidores que acumularam experiência como gestores, executivos ou empresários nesse setor”, diz Loreto. “Dessa forma eles servirão também como mentores para as startups, ajudando-as a escolher os melhores caminhos.” Na média, os investidores da Construtech Angels trabalham há 13 anos na cadeia da construção. A rede conta com membros das regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste.
“Para a Anjos do Brasil, o setor de construção é atraente para os investidores pois apresenta problemas de eficiência e gestão que podem ser resolvidos com inovação”, afirma a diretora-executiva Maria Rita Spina Bueno. Hoje o Brasil tem cerca de 7.600 investidores-anjo, pessoas que alocam recursos próprios para financiar startups, em troca de uma parte do capital dessas empresas. O objetivo é aplicar nas startups com potencial de grande crescimento – e também de grandes retornos quando forem vendidas.
O trabalho já começou
Os primeiros encontros da rede aconteceram em janeiro e fevereiro, em São Paulo. Os investidores conheceram cinco construtechs, e entrarão agora na fase de decisão de investimento. O objetivo é que encontros como esse sejam replicados, com uma seleção de startups feita pela equipe do Construtech Ventures, para que os investidores tenham acesso às mais promissoras e preparadas para receber aportes.
Panorama das construtechs no Brasil
No Brasil, as startups da cadeia da construção receberam um total de R$289 milhões em investimentos só no primeiro trimestre de 2019. Isso é quase o total de investimentos conseguidos em todo o ano de 2018, que fechou com um volume de R$327 milhões. O país tem 562 startups no setor mapeadas pelo estudo Radar Construtech Ventures, terminado em novembro de 2018. Das construtechs brasileiras, 63% estão no mercado há 5 anos ou menos – um reflexo do boom de inovação que o setor está vivendo. “A construção ainda usa tecnologias defasadas, o que prejudica a eficiência das empresas. É aí que as startups enxergam grandes oportunidades. Elas podem trazer o oxigênio de que o setor precisa para se recuperar da crise dos últimos anos”, diz Loreto.
As startups brasileiras da cadeia da construção estão concentradas principalmente nas regiões Sudeste e Sul. São Paulo é o estado com maior número de startups: 230. Na sequência vêm Santa Catarina (79), Minas Gerais (58), Paraná (50), Rio de Janeiro (38).
Classificadas por áreas de atuação, a maioria das startups brasileiras têm soluções para o mercado imobiliário e o momento de compra, venda e aluguel do imóvel — são 199. O resto se divide em atividades ligadas ao uso dos imóveis (167), obra e execução da construção (147) e projetos e financiamento (49).
Setor deve ganhar mais startups
O interesse de investidores, de empresas e de empreendedores deve fazer aumentar o número de construtechs no país. É o que tem acontecido em todo o mundo. A estimativa global é de que já existem 6 mil startups na cadeia da construção e do mercado imobiliário. E o estudo Radar Construtech Ventures encontrou 12 unicórnios estrangeiros – empresas que chegaram a um valor de mercado superior a US$ 1 bilhão. É o caso, por exemplo, da Opendoor, uma startup californiana que facilita e agiliza compra e venda de imóveis, e já tem valor estimado em quase US$ 4 bilhões.
O Brasil não produziu nenhum unicórnio no setor, por enquanto. Mas tem fortes candidatos, como Quinto Andar, startup avaliada em cerca de R$1 bilhão. “Com a vontade dos nossos empreendedores, o potencial gigante de ganho de eficiência, e a experiência de quem mais conhece a construção no Brasil, faremos uma revolução – e possivelmente alguns unicórnios”, conclui Loreto.
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