* Por André Lupu

O conceito de Design Thinking já se encontra, aparentemente, bem difundido no ecossistema empreendedor. No entanto, são poucas os profissionais que sabem como aplicar esse conceito no dia-a-dia do trabalho, uma vez que o conhecimento, muitas vezes, se limita à teoria. Por isso, este artigo tem o intuito de abordar o assunto de uma forma didática e concreta por intermédio de um case real estudado em um encontro realizado pela Life, aceleradora de startups de saúde, no mês de março.

O workshop foi realizado no Cubo Itaú e reuniu profissionais de empresas diversas, a maior parte com atuação nesse segmento de mercado, e aplicou a metodologia do Design Thinking na resolução de um desafio para a ‘Doutor Já’ . A startup é acelerada pela Life e sua atuação consiste em uma plataforma online, que oferece uma gama completa de serviços médicos (consultas e exames), além de descontos em medicamentos e orientação médica 24h por telefone, a partir de uma mensalidade bem acessível para a maior parte da população ainda desassistida pelos planos de saúde.

Ao se apresentar o panorama sobre o segmento da saúde, chamou-se atenção para como essa indústria travada há uns 200 anos, pois tudo ainda ocorre de um modo muito lento e com uma burocracia extrema. Diante desse contexto engessado, um dos caminhos para favorecer uma certa agilidade e instigar a inovação nas corporações é, sem dúvida alguma, o Design Thinking.

Pelo seu princípio, o Design Thinking preza pela cocriação de opções (divergir) antes da escolha de um caminho a seguir (convergir). Isso porquê não há uma solução pré-fixada para nada, pois é preciso se colocar no lugar de quem enfrenta o desafio, para então divergir em pensamentos com o grupo de pessoas envolvidas no mesmo desafio.

Enquanto no pensamento tradicional é preciso arrumar uma solução imediata para resolver o problema, na mentalidade do Design Thinking acredita-se que, antes de se pensar na solução, é necessário compreender o problema com profundidade, criando opções para, apenas depois, escolher uma para testar. Afinal, nunca se sabe tudo, pois sempre se tem algo novo para aprender.

Para colocar em prática as etapas do processo, os participantes do workshop tinham, como desafio, repensar a percepção da população que não vê valor em ter um plano de benefício saúde popular. Foram quatro as fases do Design Thinking exploradas com base no passo-a-passo a seguir.

  • Entendimento – momento de exploração e não de certezas, no qual se levanta tudo o que se sabe em termos de ponto de vista e, principalmente, o que não se sabe, a respeito do desafio proposto;
  • Pesquisa – considerando a máxima de que ninguém sabe tudo, o negócio é sair para a rua e conversar com as pessoas para reunir histórias reais com o objetivo de identificar as dores verdadeiras daqueles que enfrentam o problema a ser resolvido;
  • Ideação – com as pesquisas em mãos, começa-se a formar um conjunto de ideias e insights sem preconceito, julgamento de valor e nem ‘certos e errados’. Nessa fase, vale estruturar as ideias no papel, ou seja, cocriar soluções, uma vez que o mais importante, de novo, é divergir nos raciocínios, tendo em vista que a melhor forma de se ter uma boa ideia é ter várias delas;
  • Prototipação – nesta última etapa se cria protótipos das ideias priorizadas, levando em conta a velocidade de mudanças constantes e exponenciais que vivemos hoje, ou seja, seguindo o ritmo de uma startup mesmo; com isso, os protótipos criados serão as primeiras versões a serem testadas junto aos clientes e, com os feedbacks, serão aprimorados.

 No caso desse desafio proposto em relação ao universo de atuação da ‘Doutor Já’, a dica dada logo na largada foi: humanizem esse desafio por meio da descoberta das dores reais de pessoas reais. E foi isso que cada grupo fez, de modo a apresentar, por fim, soluções dos mais variados tipos – considerando desde caminhos para a prevenção de doenças até como pacotes customizados – para que a ‘Doutor Já’ possa incrementar seu business daqui em diante.

* André Lupu é um dos sócios da LIFE by Healthcare City Brasil, aceleradora de startups de Saúde e Bem-Estar em estágio pós prova de conceito, que atua há mais de dois anos no Brasil e tem sinergia com sua matriz portuguesa de mesmo nome.

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