*Por Exame.com 

A Nasa, agência especial americana, anunciou que levará a primeira astronauta mulher à Lua na sua próxima missão ao satélite natural da Terra. A história das mulheres no espaço, entanto, é muito mais antiga. No dia 6 março de 1937, nascia Valentina Tereshkova. Filha de camponeses, ela viria a ser a primeira mulher que viajaria ao espaço, aos 26 anos de idade. A bordo da espaçonave Vostok 6, parte do programa espacial russo Vostok, Tereshkova deu 48 voltas no globo terrestre em 71 horas – quase três dias.

Filha de um motorista de trator e uma operária têxtil, a russa trabalhou em uma fábrica de pneumáticos na cidade de Yaroslavl, no centro da Rússia, enquanto estudava paralelamente. Foi somente quando saiu da escola, aos 16 anos, que a futura cosmonauta – sinônimo de astronauta que é mais utilizado pelos russos – passou a estudar paraquedismo e fazer cursos paralelos. O seu primeiro salto de paraquedas foi aos 22 anos de idade, dois anos antes de se juntar ao movimento político da época se unindo à Juventude Comunista e se tornando filiada do Partido Comunista da União Soviética, PCUS.

Em 1962, quando tinha 25 anos, Tereshkova ingressou como cosmonauta no programa, junto com outras quatro mulheres. Apesar de ter saído da escola nova e ser a menos academicamente experiente do grupo, a preferência pela russa era clara devido à sua experiência com paraquedismo – Tereshkova chegou a realizar 163 saltos de paraquedas enquanto fazia parte de um clube de aeronáutica.

Devido ao seu interesse pelo esporte e sua filiação ao PCUS, Terekshova acabou se destacando entre as competidoras da vaga e chamou a atenção do diretor do programa, Sergei Korolev, que procurava uma mulher com as características que ela possuía. O governo soviético, que se encontrava no meio da Guerra Fria e da disputa tecnológica e militar das potências Rússia e Estados Unidos – estava tentando provar ao Ocidente a sua capacidade científica e inovadora.

Após vários meses de testes, como aulas de pilotagem e e experiências de isolamento total, as duas finalistas eram Terekshova e Valentina Ponomaryova. A ideia da União Soviética, que pretendia enviar as duas mulheres ao espaço, era que Terekshova pilotasse a nave Voltok 5 e Ponomaryova, a número 6. No entanto, as opiniões feministas e bastante sinceras de Ponomaryova incomodaram os chefes do programa, o que fez com que trocassem a pilota e escolhessem um homem em seu lugar, o cosmonauta Valery Bykovsky.

Com Terekshova agora a bordo da Voltok 6 e Bykovsky comandando a espaçonave 5, foi marcado o dia de lançamento de ambos. A Voltok 5 foi lançada, com sucesso, no dia 14 de junho de 1963, e a Voltok 6 sairia do globo dois dias depois – 16 de junho de 1963. A última, que também teve um lançamento sem falhas, fez com que Terekshova se tornasse a primeira mulher da história a estar em órbita no espaço.

Com apenas uma viagem, a paraquedista russa deu a volta ao mundo 48 vezes em um período de 71 horas – beirando aos três dias. Após voltar para a Terra com fotografias do horizonte espacial, foi condecorada heroína da União Soviética, recebeu o título de a Ordem de Lênin e a medalha Estrela de Ouro. No local em que pousou, existe uma estátua de prata que a retrata com o traje especial e os braços abertos.

Seu apelido enquanto estava em órbita, “Chaika”, tornou-se popular entre a população soviética. Terekshova teve uma cratera na Lua e um asteroide batizados em sua homenagem.

Atualmente, Terekshova faz parte do partido Rússia Unida, o partido de Vladimir Putin, servindo à Assembleia Federal do país.

*Por Maria Eduarda Cury para Exame.com.

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