* Por Marco Zolet

Eu sempre digo que, para pensarmos nos próximos passos do varejo online, é preciso se espelhar em países que já chegaram a um nível mais avançado. Enquanto no Brasil, ainda tentamos “educar” o mercado de que a compra online é simples, prática e segura, os varejistas chineses vem ultrapassando barreiras, tornando o país o maior player de e-commerce do mundo.

A primeira, e principal, lição que podemos tomar do processo de digitalização de uma das maiores economias globais é pensar na jornada do consumidor em 360 graus. Cada vez menos os compradores na China se preocupam com o canal de compras ou de venda, e sim com o produto, marca, necessidade e conveniência. E isso se traduz em lucro. Segundo a EuroMonitor, o varejo online chinês deve crescer em média US$ 70 bilhões por ano até 2022.

Esse fenômeno é consequência de um entendimento do perfil do consumidor. Os chineses entenderam que é preciso investir em tecnologia e oferecer a melhor experiência de compra possível. Para isso, eles se associaram às gigantes de tecnologia do país, aprimoraram as suas soluções e, com o tempo, até as lojas físicas não tiveram outra alternativa a não ser aderir ao varejo online, o que resultou não apenas no aumento de vendas de e-commerce em mais de US$400 bilhões em 2018, mas também ajudando as lojas físicas a vender mais.

Outra questão importante de avaliar no mercado chinês está relacionado aos modelos de negócios que estão sendo criados ali. Enquanto por aqui ainda discutimos as integrações entre on e offline e omnicanalidade, na gigante do oriente já existem startups que utilizam, por exemplo, as redes sociais, live streamings, mídias sociais e influenciadores como gateways para compras online sem precisar, necessariamente de um site para integração. É o auge do varejo 4.0 em sua essência: não importam os canais e sim a necessidade do cliente.

O e-commerce social é, aliás, um dos grandes potenciais desse país nos próximos anos e terá um aumento de cinco vezes, passando de US$ 90 para US$ 413 bilhões em 2022 segundo a Frost & Sullivan, empresa de consultoria de negócios envolvida em pesquisa e análise de mercado. Um exemplo disso é a startup IQiyi, espécie de “Netflix” chinesa referência em o que eles chamam de “televisão inteligente”. Nesse caso, quando um usuário gosta da roupa de um ator, ele consegue, por um QR code, acessar o item e realizar a compra pelo celular.

Na China, já existe também uma espécie de “shopping do e-commerce” facilmente criado com a integração de diversas empresas no sistema online não apenas de varejo. O negócio é ainda mais propício devido a evolução dos meios de pagamento no país.

Em resumo, são muitas as tendências crescentes entre os chineses. Precisamos ficar de olho no que está acontecendo por lá, para que possamos aplicar algumas práticas por aqui, fazendo os aprimoramentos necessários de acordo com as nossas diferenças culturais. Só assim, conseguiremos chegar, de fato, ao tão sonhado Varejo 4.0, que na China, já é uma realidade há anos.


Marco Zolet é CEO e fundador da Supermercado Now, plataforma de supermercado online referência no setor que surgiu para facilitar a compra de bens básicos e recorrentes, com comodidade, rapidez e com melhor custo benefício.  

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