* Por Antônia Silva
Que a China vem mudando o cenário mundial, todo mundo sabe. Mas o que a América Latina pode aprender disso é o que eu gostaria de falar neste artigo.
No mês de dezembro, tive a oportunidade de estar presente na palestra de lançamento do livro Inteligência Artificial, do Dr Kai Fu Lee, ex-presidente do Google China e referência em inteligência artificial mundialmente conhecida. Além de falar sobre inteligência artificial, Lee falou muito em como essa tecnologia mudou a vida na China nos últimos anos.
O país que sempre foi conhecido por produzir cópias de produtos americanos e de baixa qualidade aprendeu de forma voraz a fazer a diferença e mudar esse cenário. Em 2017, a China anunciou que seria líder mundial em inteligência artificial até 2030. Para cumprir a meta, o governo chinês além de investir fortemente em educação para capacitar sua população, também criou uma série de subsídios para startups da área. Foram anunciados incentivos fiscais, regulações mais brandas e até foi garantido que filhos de empreendedores iniciantes tenham vagas em escolas de ponta. Uma fórmula simples em que educação, mais investimento, mais oportunidade, é igual a crescimento.
Atualmente, o país é um dos mais evoluídos do mundo quando o assunto é meios de pagamento, por exemplo. A quantidade de transações em cartão de crédito ou dinheiro são mínimas. É possível utilizar serviços como o Alipay, tanto para transações B2C quanto C2C, e a plataforma recebe hoje 70% de todos os pagamentos móveis realizados no país. Há quem diga que o serviço é até melhor do que dinheiro.
Esse é só um dos casos em que a China vem saindo na frente. No país também já é possível passar por uma consulta médica, em segundos, sem qualquer interação humana. Tudo isso em uma das cabines do Ping Me A Doctor, disponível nas ruas das cidades chinesas. O algoritmo criado em parceria com mais de 200 médicos e desenvolvedores mapeia os sintomas, diagnostica e medica o paciente em questão de 60 segundos. É até possível já sair de lá com o medicamento receitado.
Ler as notícias dos avanços tecnológicos chineses pode parecer coisa de outro mundo, mas é válido lembrar que eles nem sempre foram essa potência da tecnologia. A China foi por muitos anos relacionada a produtos de baixa qualidade, mas o posicionamento do governo em investir em educação de ponta e dar incentivos para os empreendedores mudou o cenário. O mesmo pode acontecer na América Latina.
Nunca houve tanto investimento em startups na região como no último ano. Só no primeiro semestre de 2019 a América Latina recebeu cerca de U$$2,6 bilhões em investimentos. O Brasil foi o terceiro país com o maior número de unicórnios, em 2019, ficando atrás da China e dos Estados Unidos. O momento é extremamente benéfico para as startups e empresas como Nubank, Rappi, Quinto Andar e Truora vêm provando isso.
Antonia Silva é Head de Business development da Truora Brasil.
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