Com o crescente número de delivery por empresas do setor de alimentação, cresceu também o número de embalagens utilizadas neste tipo de serviço. Esses materiais – que são utilizados somente uma vez e jogados no lixo – eram a dor de Júlia, que buscou a Poli Júnior, empresa júnior de engenharia da USP, para encontrarem juntos uma solução. A ideia da recém-formada engenheira era reduzir os resíduos gerados, dando aos consumidores e restaurantes uma solução inteligente, prática e sustentável.

Com isso, surgiu o Re.pote, recipiente desenhado para transformar a forma de realizar delivery. Visando garantir os melhores resultados possíveis e a assertividade da entrada do produto no mercado, a Poli Júnior realizou pesquisas para entender qual seria o material ideal para a produção do pote, já que ele deveria ser resistente a variações de temperatura, garantindo a reusabilidade do recipiente na casa do consumidor, sendo no freezer ou no microondas, por exemplo.

Outro interesse da empresa e da cliente é que o produto fosse constituído de material reciclado. Entretanto, seria um grande desafio, considerando que tal substância deveria ter contato direto com alimentos e estar dentro das normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A primeira solução encontrada foi o ‘PET PCR grau alimentício’, mas logo percebeu-se que o material apresentava um alto custo e não era encontrado tão facilmente no mercado, tornando a opção inviável por questões práticas.

Após pesquisas mais profundas e o auxílio de professores da USP, a empresa chegou à solução ideal, que seria fabricar o recipiente por injeção plástica com duas camadas. A camada externa seria feita de polipropileno reciclado, material barato que atende a todas os requisitos desejados, além de ser facilmente encontrado no mercado. Já a parte interna – que estaria em contato com os alimentos – contaria com uma fina camada de polipropileno virgem, que apesar de não ser reciclado, não faz com que o produto perca sua marca ecológica.

Assim, a equipe conseguiu identificar materiais baratos e facilmente encontrados no mercado, que corresponderam com todas as expectativas inicialmente estabelecidas pela cliente. Mas a empresa júnior foi além, entregou ainda uma pesquisa de mercado para verificar o quanto o produto e o modelo de negócio seriam aceitos entre os restaurantes e clientes de delivery. As respostas surpreenderam e animaram ainda mais a Júlia, que pode verificar que 70% dos estabelecimento entrevistados estavam muito interessados em seu produto e dispostos a pagar um valor maior por ele.

Além disso, a pesquisa aplicada pela empresa júnior constatou que grande parte dos restaurantes entrevistados também estavam descontentes com a quantidade de resíduos que suas entregas estavam gerando. Com isso, a equipe elaborou três modelos de potes diferentes e – com ajuda da impressora 3D – conseguiram entregar para a cliente iniciar o seu projeto, que está em fase de implementação.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o número de pedidos via aplicativos movimenta em torno de R$ 11 bilhões a cada 12 meses no país.

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