A nova modalidade de vendas já é conhecida em diversas cidades brasileiras e tem colaborado para escoar a produção
O agronegócio é um dos setores da economia brasileira que não parou durante a pandemia do Covid-19. Com produção em ritmo normal, pequenos e médios agricultores têm experimentado novas formas de vender seus produtos: as feiras online. Com uso de ferramentas tecnológicas, os agricultores se conectam com os consumidores e distribuem as vendas para um número cada vez maior de pessoas. A tendência já é conhecida em todos os estados do país, seja por sites, grupos de Whatsapp ou redes sociais. Os empreendedores do campo fazem os produtos chegarem à mesa dos clientes sem nenhum contato físico, tudo com o uso da internet.
Em Jequitinhonha, cidade com mais de 25 mil habitantes, localizada a 700 km de Belo Horizonte, Laisa Roberta Oliveira e seu esposo, Marcos Ítalo Pereira dos Santos, plantam, colhem e vendem seus produtos há 20 anos na feira livre da cidade. “Nós vivemos disso, quando a pandemia começou e suspenderam o funcionamento da feira foi um desespero. Ainda bem que a Secretaria de Agricultura tomou a iniciativa das vendas online. Dessa forma, conseguimos manter nossa renda e até divulgar os produtos para novos clientes”, afirma Laisa.
De acordo com a produtora rural, eles tiveram que fazer algumas mudanças para se encaixar na nova forma de venda. “O cliente faz o pedido online, nós higienizamos e embalamos em kits para evitar qualquer tipo de contágio. A entrega é feita na quarta-feira e aos sábados. Temos feijão verde, milho, tomate, hortaliças e folhagens em geral. O produto chega fresquinho e selecionado nas casas”, conta Laisa. Para a empreendedora, a mudança chegou para ficar: “É uma comodidade a mais, eu só escuto elogios de quem recebe. Acredito que mesmo depois da pandemia, a venda online de produtos vai continuar”.
Liane Sabbadin, dona da Pitadas de Sabor, que produz massas e biscoitos desde 2013, é uma das integrantes da Feira Virtual da Agricultura Familiar, da Emater/RS-Ascar, mantida em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul. A entidade criou um site onde produtores e consumidores podem manter contato e realizar compras e vendas online – atualmente a plataforma conta com 650 cadastros.
“Essa iniciativa ajudou bastante, se não fosse esse portal, nossas vendas teriam caído muito. Conseguimos manter os clientes e alcançar novos compradores, das cidades vizinhas. Todos os dias temos entregas, fizemos adequações sanitárias e continuamos o trabalho”, comemora Liane. O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Leandro Ebert, acredita que essa nova modalidade de vendas será mantida pós-pandemia. “Os resultados são muito positivos, é mais uma forma de escoar a produção e gerar renda. Com a volta das feiras livres, haverá espaço para o público que gosta de comprar presencialmente e para quem prefere as compras virtuais”, diz.
Paulo Miotta, da unidade de desenvolvimento territorial do Sebrae, analisa a criação das feiras online como mais um exemplo de superação dos pequenos negócios diante da crise. “Mesmo com as dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores agrícolas, saber que estão se reinventando através de ferramentas tecnológicas é um exemplo claro de como os empreendedores são capazes de superar esse momento. O Sebrae tem acompanhando essas iniciativas de perto e oferecido suporte por meio de atendimentos nos estados, cursos online e diversos conteúdos direcionados para a categoria”, afirma. “As Prefeituras que tem como atribuição a garantia da segurança sanitária e a preservação da vida, também tem um papel fundamental para estruturação e implementação das feiras virtuais, garantindo emprego e renda aos produtores e garantindo o atendimento à população”, acrescenta Miotta.
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