Com gigantes como Ambev e Leroy Merlin entre seus clientes, a Kestraa, plataforma que transforma a gestão do comércio exterior por meio da simplificação radical dos processos e da gestão inteligente da operação em tempo real, anunciou um investimento de R$ 15 milhões para acelerar o desenvolvimento de seus produtos.

A rodada contou com a participação do fundo de venture capital Canary, além de investidores-anjo conhecidos no ecossistema (como o criador da Comprova, empresa adquirida pela americana DocuSign; e investidores de startups como Stone, Cargo X e Ânima Educação).

Fundada por Isabel Nasser e Marcelo Matos, a startup é um spin-off da Sertrading (uma das maiores Trading Companies do Brasil) e sua plataforma conecta os players da cadeia de importação e exportação, permitindo que as empresas colaborem e compartilhem informações em tempo real, reduzindo custos, lead times e melhorando a experiência do cliente.

“Apesar de ser pauta estratégica para o Brasil, o comércio exterior ainda é feito de forma analógica. É um processo com muitas atividades manuais, controles paralelos em planilhas de Excel e uma infinidade de troca de emails. Um mercado enorme e que ainda apresenta alta ineficiência operacional”, diz Isabel.

“O número de parceiros envolvidos em um processo de importação ou exportação varia de 10 a 15. Atuar estrategicamente em supply chain passa por estar conectado à sua rede de parceiros e por combinar dados internos e externos à empresa”. Um dos trabalhos da Kestraa é reunir informações-chave de importações e exportações, capturadas em tempo real dos sistemas de terceiros, via API, em um só lugar.

Por meio da plataforma, é possível gerenciar todos os eventos da cadeia – desde o pedido de compra até sua entrega no destino final, recebendo alertas sobre potenciais atrasos e riscos. Na sua rede digital, além de importadores e exportadores, a Kestraa conta com armadores, agentes de carga, despachantes aduaneiros e informações capturadas diretamente de sistemas da Receita Federal. Também oferece ferramentas de gestão financeira para a operação, como um módulo que automatiza todo o fluxo, desde o lançamento das despesas até o custeio do produto importado.

“Quem imputa as despesas na plataforma é o próprio prestador de serviço e a informação vai direto para o ERP, evitando erros e um retrabalho enorme por parte das empresas”, explica Isabel. Somente em 2020, a plataforma já automatizou a entrada de mais de R$ 40 milhões em despesas para seus clientes.

Outro dado importante é o valor das mercadorias importadas que já são gerenciadas através da Kestraa. Até julho deste ano, somaram mais de US$ 300 milhões. Segundo Isabel, a arquitetura em rede permitirá que a startup reúna dados do setor, e crie inteligência sobre um mercado ainda pouco explorado.

Spin-off

A ideia da Kestraa nasceu em 2017, dentro da Sertrading, uma das maiores tradings brasileiras. Isabel e Marcelo se conheceram ali, trabalharam juntos por mais de 15 anos, e identificaram o problema que poderiam resolver, em meio a inúmeras planilhas de Excel e contas de grandes clientes. Faltava uma tecnologia que integrasse todos os participantes das transações.

Naquele mesmo ano, com o apoio da companhia, começaram a trabalhar em uma solução, gerando um spin-off da Sertrading. No segundo semestre, a dupla saiu do escritório da trading e foi para uma unidade do WeWork, começando a operar oficialmente de forma independente.

Não demorou um ano para a Kestraa identificar que a tese tinha um bom fit com o mercado. Em 2018, Isabel e Marcelo ganharam uma concorrência da Ambev, que buscava uma plataforma para comércio exterior. A gigante de bebidas tornou-se o primeiro dos atuais 30 clientes da Kestraa. A equipe cresceu junto: foi de 6 para 35 funcionários em pouco mais de um mês (hoje, são 45 colaboradores – a previsão é fechar o ano com 70).

De olho nos médios (também)

A Kestraa pretende usar a captação para acelerar o crescimento do produto e investir em um processo comercial robusto, mirando inclusive pequenos e médios players. “Queremos atender também quem importa entre 10 e 40 contêineres por mês”, diz Isabel. “O nosso principal objetivo neste momento é acelerar o desenvolvimento desse produto, já aprovado pelo mercado”, afirma.

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