* Por Henrique Volpi

Talvez ainda não tenhamos percebido. Mas, a cultura do consumo de serviços sob demanda já está totalmente integrada em nossas vidas. Para os que utilizam Netflix e Disney +, Spotify e Deezer ou até mesmo a compra de cápsulas de Nespresso no modelo de assinatura, o serviço sob demanda já é uma realidade e faz parte da cultura de consumo atual.

Nascido no mundo do “SaaS” (software as a service), o conceito saiu das nuvens de infraestrutura e foi se expandindo para outras áreas da economia. O fato é que este modelo deixa a relação entre o consumidor e seu fornecedor muito mais justa e por isso, o sucesso se alastra nas mais diversas ofertas.

Dentro do conceito de serviços “on demand”, o consumidor paga aquilo que consome e o seu provedor libera os serviços por um período limitado e estabelecido no processo de “onboarding” da assinatura. Já no mundo da mobilidade, começamos a observar assinaturas de automóveis e bicicletas por tempo limitado e alguns estudiosos afirmam que está acontecendo a consolidação do modelo de assinaturas.

No segmento de seguros, por exemplo, um grupo de startups denominadas “insurtechs” já oferece o modelo de assinatura desde 2017. O modelo de negócios naquela época foi um grande salto inovativo e parece sofrer agora mais uma onda de inovação. Inicialmente, tivemos o início dos modelos de “pay-per-mile”, como da empresa americana Metromile, que recentemente fez IPO via SPAC.

A proposta da empresa é gerar economia para aqueles que compram seguros para automóveis. Você paga apenas os KMs que você rodar com o seu carro. Ao fazer simulações, percebe-se que para aqueles que não rodam muito, ou seja, não trabalham com o carro, o modelo é muito vantajoso.

A ideia pode ser facilmente portada para outros veículos como caminhões, motos e até bicicletas. 

Com a grande expansão no uso das magrelas no ano de 2020, novas alternativas de compra ou uso de bikes elétricas, por exemplo, começam a surgir e com estes modelos, os seguros intermitentes, recém-aprovados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) também começam a prosperar. Trata-se da mesma tese. Ou seja, você paga e se protege com um seguro pelo período do seu uso ou trajeto. Um modelo muito mais justo e econômico.


Henrique Volpi é sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi co-autor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.

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