Em 19 anos, sempre com o sonho de transformar a saúde privada do Brasil em um sistema sustentável, a Gesto foi de eletrocardiograma para serviço, de serviço para dados e de dados para a gestão inteligente de benefícios. Agora, junto com a Dasa, somos parte do ecossistema de saúde que vai mudar o Brasil.
Fundei a Gesto em 2002 como uma empresa focada em gestão de planos de saúde corporativa. Porém, percebi que nesse meio existia uma abundância de dados pouco explorados, como, por exemplo, um banco enorme de atestados médicos e dados de pacientes contendo os exames por eles já feitos e os remédios consumidos.
Tendo isso no meu radar, em 2010 a oportunidade bateu na porta e eu percebi que era hora de investir nesses dados: a Gesto se tornava o primeiro BI de saúde corporativa do Brasil.
Entramos em 2011 com três marcos importantes na Gesto. Conseguimos o nosso primeiro cliente que contratou o sistema no modelo SaaS, recebemos a nossa primeira proposta de aquisição e Marcio Ferrazoli, especialista em M&A, entrou para o time.
Eu procurei o Marcio para ser o meu advisor e me ajudar a ponderar a proposta de aquisição. Entendemos, juntos, que não era o momento, que ainda dava para a Gesto fazer melhor e que precisávamos de capital para isso.
De advisor, Marcio se tornou meu sócio e ficou responsável pela parte financeira.
E assim começou o nosso processo de transformação, com mais formalização, novos controles financeiros e um novo jeito de pensar escalável, baseado em tecnologia.
Nisso, damos um salto para 2019.
2019
Neste ano, a gente fez um Series B com a Redpoint eventures – que teve participação do Endeavor Catalyst – para acelerar nosso plano de crescimento.
E, também, o inesperado: a Dasa me procurou para uma conversa. Eles estavam construindo um ecossistema de saúde, juntando uma rede de hospitais, laboratórios e uma empresa de gestão de cuidados, com o propósito de levar sustentabilidade ao setor de saúde.
A Gesto seria complementar no ecossistema.
A proposta era incrível. Mas, não era hora. Eu tinha acabado de captar, precisava gerar valor para os meus investidores. E, também, era um ecossistema ainda incipiente, queria ver os próximos capítulos dessa história.
Declinei, naquele momento, mas fiquei com isso na cabeça.
Pra mim, era um privilégio ser cogitada para esse ecossistema que queria mudar a saúde no Brasil.
Outra coisa que não saía da minha cabeça é que, se eu não me juntasse, iria concorrer com eles. Eu tinha os dados. E só. Não tinha a operação do hospital e do laboratório alinhados. Inclusive, essa sempre foi uma dor pra gente. Muitas vezes, por desalinhamento com os prestadores de serviço, o dado era uma informação perdida.
Fiquei dormindo com esses ruídos na minha cabeça, mas segui meu caminho.
Outro salto, agora para 2020.
2020
No começo do ano passado, eu estava na fase final da minha gravidez, a pandemia começava em alguns lugares do mundo e era questão de tempo para chegar ao Brasil – infelizmente. Eu tinha a percepção de que a saúde seria um mercado a ser transformado.
Neste momento, eu estava cogitando um Series C. Mas, a Dasa me procurou de novo para me juntar ao projeto pensando em fortalecê-lo.
Eu precisava tomar uma decisão: captar, continuar sendo plataforma e competir com a Dasa ou me juntar ao ecossistema.
Decidi que iria analisar a proposta da Dasa com carinho.
Porém, ela chegou 3 dias antes do meu filho nascer.
1 mês de pausa
Resolvi me afastar de todas as questões referentes ao trabalho e foquei todo o meu tempo e energia na chegada do Vito por um mês.
Nesses 30 dias, estive distante o suficiente do negócio para conseguir olhar pra ele.
Foi um momento de muita sensibilidade. Olhava para o meu filho e pensava no futuro. No futuro que eu queria construir para ele.
A maternidade me fez pensar no mundo que eu quero construir.
Considerei o que seria necessário para a Gesto crescer e cumprir o seu propósito de transformar a saúde no Brasil.
Foi aí que me veio à cabeça: a Dasa, ao criar esse ecossistema, está fazendo exatamente isso. Transformando a saúde no Brasil ao torná-la mais sustentável e ao oferecer uma experiência humana para brasileiros e brasileiras.
Então, deixei o meu propósito – e o da Gesto – falar mais alto.
Eu quero ser lembrada como a pessoa que transformou a saúde no Brasil. Eu vi o bonde passar e embarquei. Meu negócio poderia crescer mais, mas era a oportunidade certa de colocar o propósito em potência máxima.
Junto da Dasa, podemos fazer melhor.
Agora, a Gesto tem os dados e a Dasa tem toda a estrutura de hospitais e laboratórios. Juntos, conseguimos construir uma jornada melhor para as pessoas dentro do sistema de saúde. Dessa forma, os recursos do plano de saúde estão alinhados com o que pacientes realmente precisam. E, assim, as pessoas têm a melhor experiência no sistema de saúde.
Eu sempre disse para o meu time que a gente era uma faísca que queria mudar a saúde para melhor. Uma hora a gente encontraria o palheiro. E encontramos.
A transição
A proposta estava muito vinculada à minha permanência. Eles queriam a minha contribuição nesse momento de construção do ecossistema.
Esse alinhamento foi fundamental.
Isso me ajudou muito no desafio de comunicar aos acionistas e ao time a minha decisão. Estávamos no meio de uma pandemia, um momento de muita insegurança e incerteza, eu também estava muito preocupada em fazer direito e garantir o apoio dessas pessoas.
Eu não podia divulgar o negócio com antecedência porque a Dasa é uma empresa listada em bolsa. Pensei em uma sequência de comunicações, totalmente transparente, vulnerável e aberta. Tanto que a gente aplicou uma pesquisa para entender como o time recebeu a notícia e tivemos 98% de aprovação.
Nessas comunicações, deixamos claro o motivo da venda, o impacto que isso iria gerar no ecossistema e no país.
O maior aprendizado que tive é: conseguir manter a coerência. O motivo da saída precisa ser coerente com a história da empresa. Isso dá dignidade para o processo e honra o legado de todos e todas que estão ali.
A Endeavor também me ajudou muito nesse processo de venda e transição. Tentei manter o máximo de sigilo possível por conta da sensibilidade do deal e porque eu não poderia dividir com meu time.
Fiz algumas mentorias para ajudar na parte de hard skills, focando no que é preciso para ter uma negociação de sucesso. Entendi o que eu não poderia abrir mão, o que eu deveria considerar, até onde eu poderia esticar a corda.
Na parte de soft skills, eu contei muito com o apoio do Silvio Genesini, Mentor Endeavor, que foi nosso padrinho no Scale-Up Endeavor, e agora ele faz parte do nosso Conselho. Durante o processo decisório, ele me disse que eu seria feliz na Dasa. Ele se importou com a questão da minha realização pessoal e isso fez muita diferença pra mim.
2021
Agora, já fazem quatro meses desde que o contrato foi assinado. E dois que estou na operação.
Estou muito feliz. Confesso que, antes de embarcar, duvidava disso. Não sabia se teria liberdade de execução, mas eu tenho. Continuo empreendendo aqui dentro da Dasa.
Tenho muito a aprender, muito o que contribuir para a construção desse ecossistema e uma jornada inteira pela frente. Hoje, eu estou super apaixonada pelo desafio que me encontro: de construir uma rede integrada para o paciente.
Estamos apenas começando.
O que eu aprendi
Não titubeio em falar que foi uma jornada muito feliz. O meu maior aprendizado foi escolher a saída pelo propósito do que estamos construindo e não só pelo tamanho do cheque.
Não tem realização maior do que ver o negócio que eu construí se unindo a um ecossistema forte que, realmente, vai transformar a saúde no Brasil.
Até hoje, eu nunca tinha tido contato com uma história de saída tão tranquila. E que deu tão certo. E esse é o objetivo de vir aqui dividir a minha jornada com vocês. Que sirva de inspiração para pessoas que têm a oportunidade de se juntar a outras para realizarem ou potencializarem a sua missão no mundo.
Glossário
Advisor – Conselheiro.
Deal – Acordo.
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