


A Endeavor é a organização líder no apoio a empreendedores de alto impacto ao redor do mundo. Presente em mais de 30 países, e com 8 escritórios em diversas regiões do Brasil.
Claudia Sender e Leizer Pereira trocaram experiências, aprendizados e boas práticas sobre Diversidade e Inclusão com as Empreendedoras e Empreendedores Endeavor. Veja os principais insights.
Na Endeavor, acreditamos que toda scale-up acelerada tem potencial de ser uma referência em ESG (Ambiental, Social e Governança, traduzida para o português) para orientar e servir de exemplo a todas as outras empresas do país. Por isso, assumimos o compromisso de trabalhar, com a nossa rede, por um ecossistema mais inclusivo que maximize a força que existe na diversidade e na inclusão.
Em uma mentoria, Empreendedoras e Empreendedores Endeavor conversaram com Claudia Sender, Conselheira na Gerdau, LafargeHolcim, Telefonica e Yduqs, e Leizer Pereira, fundador da Comunidade Empodera. O objetivo do papo foi entender como a nossa rede pode criar, desenvolver e acompanhar o sucesso de iniciativas de Diversidade e Inclusão.
“Fora da inclusão não há salvação.”
Leizer Pereira
Confira os principais insights do bate papo.
Atualmente, qual é o cenário de Diversidade e Inclusão?
LP: “Diversidade e Inclusão ganhou grande repercussão mundial. Mas, ao mesmo tempo, vivemos no país mais desigual do mundo. Nesse momento, nós precisamos do protagonismo do setor privado contribuindo para as discussões. Eu acredito que as empresas tomaram consciência do problema e, agora, precisam começar a agir, porque é um processo que demora para ter resultados. Existe a necessidade de acelerar o processo. É longo, é complexo e envolve discriminação e muitas coisas enraizadas. Precisamos evoluir de ‘não ter preconceito’ para ‘lutar contra o preconceito’. É essa mudança de mindset que as pessoas precisam ter.”
Como começar iniciativas de Diversidade e Inclusão nas empresas?
LP: “Quando eu faço um chamado para que o setor privado participe das discussões, eu gosto de deixar claro que as empresas precisam de diversidade de pensamentos, com visão de mundo, contextos e geografias diferentes. É isso que vai fazer com que as empresas formem times mais diversos para resolver problemas de forma mais ágil e criativa.
Além disso, é preciso ter na empresa uma parcela de pessoas semelhantes ao seu público alvo. Se você vende, por exemplo, para mulheres negras e não tem nenhuma mulher negra no time, como vai ser possível criar uma experiência empática e eficiente para elas?
Nós temos que tomar cuidado para não confundir diversidade e inclusão com assistencialismo.
Negócio inclusivo é outra coisa. É complexo porque é novo. É questão de design. Sabemos que os escritórios não foram desenhados para todos. Não há espaço para mulheres que viram mães. Empresa inclusiva é aquela que é desenhada para todas as pessoas, com respeito, espaço, segurança, confiança e oportunidade de crescimento. Os ambientes precisam ser humanizados para que as pessoas sejam felizes no trabalho.”
CS: “Eu gosto de fazer um paralelo. Diversidade é ser convidada para a festa. Inclusão é ser convidada para dançar. Eu já vi centenas de pessoas diversas entrando em empresas e não tendo voz. Elas precisam ser chamadas para dançar.”
Qual o papel da liderança para construir uma empresa diversa e inclusiva?
CS: “Lideranças têm uma responsabilidade em ser exemplo para outras pessoas. Por isso, a liderança precisa tomar frente e engajar. Eu criei grupos de discussão com pessoas sub-representadas. Nessas conversas, eu entendi o que elas precisavam dentro da empresa. Por exemplo, eu não sou mãe, então não sei o que uma mãe precisa em uma empresa. É preciso conhecer a necessidade de cada um.”
LP: “Muitas empresas avançaram de cinco anos pra cá no quesito Diversidade e Inclusão. Mas, eu vi que muitas metas não foram cumpridas. Isso acontece por causa da falta de engajamento da liderança, que precisa dedicar tempo, energia, recurso e dinheiro. E também pela falta da liderança inclusiva, que precisa mudar a cultura, desafiar o status quo, ter humildade para reconhecer que não sabe e que está contaminada com vieses inconscientes.
O que não posso deixar de falar é que tudo começa na liderança. A liderança precisa ser intencional. Se chinelo é dress code, a liderança precisa ir de chinelo. A liderança é o maior exemplo na empresa e precisa refletir sobre seus privilégios.”
Diversidade no processo seletivo ainda é um gargalo para muitas empresas. Quais são as boas práticas?
LP: “Talentos diversos existem. Diversidade e Inclusão não é baixar a régua. Precisamos ressignificar o que é talento. Pra mim, não está relacionado com a faculdade que a pessoa cursou. Além disso, é preciso criar relacionamentos com organizações que empregam pessoas diversas. Existem muitas consultorias que ajudam nisso.
A falta de Diversidade e Inclusão nas empresas não é sobre falta de talentos. É sobre a falta de espaço para esses talentos.”
CS: “É difícil para muitas empresas mudarem seu processo de seleção, mas é impossível se a inclusão não é praticada. Fazer a distinção entre o que é diversidade e inclusão é chave para que qualquer tipo de esforço dê certo.
Além disso, as empresas precisam acreditar na capacitação de pessoas de comunidades. É preciso construir um relacionamento genuíno com pessoas de diferentes contextos, geografias e vivências.”
Como as iniciativas de Diversidade e Inclusão impactam nos objetivos das empresas?
CS: “Diversidade gera valor para as empresas. São inúmeros reports e relatórios mostrando dados que comprovam isso, como Kantar e Mckinsey. Não esbarramos mais no limite entre lucro e diversidade. Mas, precisamos sempre construir ambientes seguros para que as pessoas ofereçam o melhor de si. Espaços não seguros impactam a auto estima, a ambição e a qualidade da entrega das pessoas. Temos que praticar escuta ativa de maneira real e genuína para construir esses espaços, isso gera resultados para a empresa.”
LP: “Investir em Diversidade e Inclusão passa por incluir e reter talentos de qualidade, melhorar a performance do negócio, gerar inovação, conquistar novos mercados e valorizar a marca empregadora. Hoje falamos muito em ESG e essas discussões provam que é possível mudar o mundo, proteger o meio ambiente e gerar resultados. Precisamos contabilizar, também, a imagem da empresa na sociedade. Uma bola fora custa muito caro para as empresas.”
Existe cases ou um framework para trabalhar iniciativas de ESG, Diversidade e Inclusão?
LP: “Esses temas são complexos. Todo mundo está começando a trabalhar suas iniciativas e ainda não tem um grande case. O que eu vejo é que as iniciativas são descasadas, cada um faz de um jeito. Pra mim, o primeiro passo é fazer um diagnóstico através de um censo. Fazer entrevista com a liderança para entender a visão. E, depois, a pessoa responsável precisa co-criar com a liderança um programa estratégico, com metas bem definidas, investimento financeiro e ações de curto, médio e longo prazos. Não espere ter resultados em oito meses. Oito meses é que vai levar para implementar. Além disso, precisa de uma comunicação eficaz e treinamento para todas as pessoas da empresa.”
CS: “Vale a pena fazer pilotos. Eu fiz pilotos de mentorias e conversas com especialistas. Assim, entender o que realmente funciona na sua empresa. O que não pode faltar é colocar metas. Principalmente metas para lideranças. Afinal, o que não se mede não se gerencia.”
Considerações finais
CS: “Tudo bem não ter todas as respostas. Nós só precisamos começar. E mover rápido, não temos mais tempo. Hoje, quem tem o posicionamento mais correto, vai sair na frente, atrair e reter os melhores talentos e causar um impacto positivo na sociedade. Seremos muito mais felizes quando a sociedade for melhor para todo mundo.”
LP: “Estamos aqui repensando um projeto para o Brasil. Estamos transformando o Brasil que meu filho vai viver no futuro. Dessa forma, é possível escolher ganhar dinheiro e mudar o mundo, mas, para isso, precisamos de lideranças engajadas, trocas entre empreendedores e empreendedoras e que se conectem genuinamente com a causa.”
Ao compartilhar exemplos de Diversidade e Inclusão, criamos novos referenciais para todo o ecossistema.
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