Diante da crise sanitária, esse nicho conquista ainda mais espaço no mercado brasileiro
A busca pelo consumo inteligente e consciente interfere no crescimento do hábito de compartilhamento de produtos no Brasil. Antes da pandemia, esse movimento começava a ganhar força e, com o isolamento social, ganhou ainda mais força. Hoje em dia, é possível alugar bicicletas, equipamentos para automóveis, computadores, quadros, roupas, além de uma infinidade de itens para todos os gostos e necessidades.
Na loja Minha Nossa, localizada na Asa Sul, em Brasília (DF), os clientes escolhem as roupas e podem passar três, sete ou 15 dias com as peças. Dessa forma, o valor final a ser pago depende das roupas escolhidas e do tempo de uso. Na hora de devolver, não é preciso se preocupar com a lavagem. “O fato de várias pessoas usarem as mesmas peças diminui a quantidade de fabricação. Assim, há menos descarte de produção, beneficiando o meio ambiente”, explica a dona do estabelecimento e empresária Marina Marques, de 38 anos, formada em Moda.
Segundo ela, a empresa trabalha com 19 marcas brasileiras e numerações que variam entre 36 e 52. “Nos preocupamos com a maneira de fabricação das roupas e analisamos se existe trabalho escravo por trás. Queremos mostrar também aos clientes que as empresas menores possuem muitas peças legais. Assim, eles passam a conhecer as marcas de menos conhecidas”, conta Marina.
Com o plano “Plena”, por exemplo, que tem o custo de R$ 176, o cliente passa 30 dias com quatro peças. “Se as roupas fossem compradas e não alugadas, sairiam em torno de R$ 1000. Além de garantir a economia do bolso, os clientes ficam mais seguros quanto ao próprio estilo e começam a montar os próprios looks”, acrescenta. A executiva conta ainda que as mulheres que trabalham em home office, aparecendo em videochamadas, e presencialmente, acabam aparecendo na nossa loja com mais frequência.
Redes sociais como aliadas
“O tripé de economia, cuidado com o meio ambiente e com o social vem sendo explorado em vários segmentos, como nos brechós. Os produtos de segundo uso ganharam muito destaque nos últimos anos, desde que estejam em bom estado”, destaca Ivan Tonet, analista de relacionamento com o cliente do Sebrae. Segundo ele, a realidade de aluguel era mais frequente nos anos anteriores no setor imobiliário e, depois, no ramo de automóveis. “Isso foi repartido para o aluguel de equipamentos, ferramentas, brinquedos, entre outros”, aponta.
De acordo com o especialista, é importante que as empresas usem as redes sociais explorando os diferenciais que podem oferecer ao público. “É essencial ter conexão com o mercado digital e sempre proporcionar novidades. Além disso, expor o cuidado com a preservação do meio ambiente, aliando a economia que o consumidor pode ter. A higienização dos materiais e dos ambientes, no contexto do cumprimento dos protocolos, também não pode cair no esquecimento. Deve ser bem exposto ao público”, finaliza Tonet.
Pé no acelerador
Em 2009, o empresário Paulo Pereira, de 43 anos, resolveu criar a empresa Realiza Aluguel de Motos, localizada em Vitória (ES), que já inclui o seguro dos automóveis. Somente em 2013, foi possível começar as atividades. “No início, eu tinha somente uma moto para alugar, hoje estou com oito motos. Os turistas são os que mais procuram o serviço. Além disso, alugamos para quem quer trabalhar com aplicativo de entrega e até empresas de segurança que fazem patrulhamento nas ruas”, ressalta Paulo.
Ele conta que a demanda do aluguel está favorável, mesmo com a pandemia: “A rotatividade das motos está sendo maior agora. Tenho observado, inclusive, que é melhor alugar as motos mais básicas para evitar prejuízos. Nesta crise, o valor das motos novas aumentou bastante. Creio que isso tenha impactado na procura do aluguel. A diária das motos pequenas fica em torno de R$ 80 e R$ 90, sendo que a mensalidade chega aos R$ 1200”.
Compartilhamento de luxo
Apaixonada por bolsas, a empresária e administradora Giovanna Nardelli, de 30 anos, resolveu apostar na plataforma de revenda e aluguel de bolsas de luxo, quando morava em Boston, capital de Massachusetts, nos Estados Unidos, em 2016. “A realidade de economia compartilhada era muito forte lá. Vi o potencial do segmento no Brasil e resolvemos começar on-line. Abrimos o site da Rent Bela no final de 2017, somente com 20 bolsas. Atualmente, todos os produtos são de parceiras, que colocam em consignação e recebem uma porcentagem do valor a cada aluguel”, explica.
Os valores das bolsas de grandes marcas variam entre R$ 900 a 40 mil, incluindo Louis Vuitton, Chanel, Céline, Dior, entre outras, apresentadas em showroom físico em Brasília, com envio para todo o Brasil. O aluguel dos produtos varia bastante, com média de R$ 90 a R$ 1500, dependendo do modelo e do período a ser contratado. “De modo geral, as pessoas alugavam mais para viagens e festas. Com a pandemia, enfrentamos dificuldades, apostamos até mesmo em rifa. Mas reestruturamos o nosso negócio e, desde maio do ano passado, trabalhamos também com a revenda de luxo”, indica Giovanna.
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