


A Endeavor é a organização líder no apoio a empreendedores de alto impacto ao redor do mundo. Presente em mais de 30 países, e com 8 escritórios em diversas regiões do Brasil.
Cada vez mais, a sociedade exige que as empresas sejam transparentes não apenas sobre o que fazem, mas, especialmente como fazem. Isso envolve o cumprimento de critérios de ESG – responsabilidade ambiental (environmental), impacto social e diretrizes de governança que preservam a ética e a transparência.
ESG são três letras que têm ganhado destaque no debate sobre o papel das empresas e suas lideranças no desenvolvimento de um país para além de fatores financeiros ou interesses individuais.
O Grupo Malwee nasceu se preocupando com o meio ambiente e com a responsabilidade social. Naquela época, quase nos anos 70, o termo sustentabilidade não era tão conhecido no meio empresarial, mas a empresa já dava exemplos deste compromisso. Tanto que, em 1978, o grupo inaugurou o Parque Malwee, em Jaraguá do Sul, SC. Um espaço com 1,5 milhão de m² – mesmo tamanho do Parque Ibirapuera, em São Paulo -, considerado uma das principais áreas de proteção ambiental urbana de Santa Catarina.
“Investir em iniciativas ESG é entender que o futuro somos nós que fazemos, todos os dias.”
Guilherme Weege, CEO do Grupo Malwee
Hoje, 50 anos depois, eles continuam com a visão de ser referência mundial como empresa de moda que engaja seus stakeholders para o desenvolvimento de uma cadeia de valor sustentável.
Conversamos com Guilherme Weege, CEO do Grupo Malwee e Membro do Conselho de Administração da Endeavor, para saber mais da história e das iniciativas de ESG do Grupo. Confira a entrevista completa!
De onde nasceu o compromisso do Grupo Malwee com os temas ESG?
O cuidado com o meio ambiente e a responsabilidade social estão no centro do nosso negócio desde a fundação da empresa, em 1968. Nossos fundadores, Wolfgang Weege e Wander Weege, sempre foram pessoas de espírito altruísta e empreendedoras. E isso se consolidou na nossa cultura. Ao longo de quase 53 anos de história, por exemplo, já destinamos mais de R$ 225 milhões para projetos e iniciativas nas áreas da saúde, educação, esporte, cultural e lazer. Tudo sem qualquer tipo de incentivo fiscal. Hoje temos o Instituto Malwee, criado em 2019, com o desafio de aumentar o impacto e o alcance das ações.
Somos bastante conscientes a respeito da nossa responsabilidade social e impacto ambiental. Por isso, buscamos contribuir com a sociedade, primeiramente, oferecendo para as pessoas o que nós fazemos de melhor: roupas confortáveis, de qualidade, feitas para durar e produzidas a partir de tecnologia de ponta e processos sustentáveis – desde a matéria-prima até a economia e gestão de recursos naturais.
A indústria da moda é considerada uma das mais poluentes do planeta, ficando atrás apenas da indústria petroquímica. Por isso, a sustentabilidade está tão presente no nosso dia a dia. Queremos ser exemplo para o setor de moda e liderar pelo bom exemplo. E fazemos isso, começando por investir muito para reduzir o impacto dos nossos processos produtivos no meio ambiente, mas também estimulando hábitos de consumo sustentáveis junto aos nossos consumidores.
Sustentabilidade, para nós, não pode ser discurso. É prática.
O Grupo Malwee também mostrou seu DNA consciente durante a pandemia e buscou maneiras de ajudar a comunidade e manter seus fornecedores e suas linhas de produção ativos. Como foi a atuação de vocês?
Sempre valorizamos relações duradouras. Temos clientes, consumidores, colaboradores e fornecedores que estão conosco há 30, 40, 50 anos. Em momentos desafiadores são essas relações que nos sustentam e, nesta pandemia, não foi diferente.
Olhamos para os nossos valores e decidimos encarar esta crise elegendo três pilares de atuação: cuidar das nossas pessoas; ser o porto seguro dos nossos clientes e ajudar a sociedade com ações efetivas nos campos social e econômico.
Para isso, mobilizamos todo o nosso parque fabril e ainda uma cadeia de mais de 200 empresas que já são nossos fornecedores para produzir máscaras, jalecos e aventais hospitalares. Com esse movimento, geramos, de forma direta e indireta, 4 mil empregos. Abastecemos o mercado que estava em falta desses produtos, mas também fizemos muitas doações para contribuir com a sociedade.
Investimos mais de R$ 25 milhões na doação de milhões de máscaras e mais de 300 mil peças de roupas para instituições sociais e comunidades carentes em todo o Brasil; EPIs e equipamentos hospitalares para equipar hospitais e profissionais de saúde; e também apoiamos diversos projetos sociais de geração de trabalho e renda.
Nossos clientes também foram impactados com o fechamento do comércio. Isso nos colocou na posição de acelerarmos a digitalização e estreitarmos ainda mais a conexão com os nossos parceiros lojistas e com consumidores. Em menos de três meses tiramos do papel o projeto “A Sua.Loja Malwee” – uma plataforma digital que permitiu aos nossos clientes criarem uma loja online em menos de uma hora e abrirem um novo canal de venda. Essa solução ajudou muitos clientes a manterem suas lojas abertas, mesmo com as restrições de fechamento do comércio físico.
Vimos que, neste momento, o Brasil precisava da ajuda das grandes empresas. O momento pede união de toda a iniciativa privada em prol de um bem maior e comum.
Como o Grupo Malwee estrutura sua atuação em ESG?
Já nascemos com este compromisso com o tripé da sustentabilidade. Ele faz parte do nosso DNA. Mas sentimos a necessidade de criar uma governança. Por isso, desde 2014, temos um setor e equipe dedicada ao tema e implementamos um Plano de Sustentabilidade para guiar nossas decisões.
Temos ainda um Comitê ESG que guia todas as nossas ações e pensa em novos processos para continuarmos reduzindo, cada vez mais, o nosso impacto no planeta.
Fomos uma das primeiras empresas de moda do Brasil a divulgar um Plano (2015-2020) com objetivos e metas a serem alcançados em várias frentes como: Gestão de Resíduos, Controle de Emissão de Gases de Efeito Estufa, consumo de água, energia e desenvolvimento de coleções com matérias-primas de menor impacto ambiental.
Todos os anos reportamos nosso desempenho em relatórios que são divulgados publicamente em nosso site corporativo e nas redes sociais com o objetivo de dar transparência sobre o que estamos fazendo e as metas que queremos atingir.
É essa transparência que nos fez, por dois anos seguidos, alcançar o topo do ranking do Índice de Transparência da Moda no Brasil e ficar entre as 10 marcas mais pontuadas na comparação com o índice global. Em 2021, também fomos reconhecidos como Os Melhores do ESG, pela Revista Exame, na categoria Moda.
Já avançamos em várias frentes e, neste momento, estamos construindo nosso próximo Plano de Sustentabilidade (2020-2030) com o olhar voltado especialmente para a Economia Circular e com novas metas a serem alcançadas.
Quais as principais contribuições do Grupo Malwee para o setor de moda?
Temos uma história de pioneirismo no setor de moda, especialmente em temas ligados ao impacto ambiental da cadeia produtiva. Vou citar apenas alguns exemplos, porque são várias frentes de atuação, inclusive no campo da gestão de fornecedores.
Água
Água é um recurso natural muito consumido na indústria têxtil e estamos sempre investindo em aprimorar processos para consumir menos e aumentar o reuso. Desde 2003, reutilizamos água no processo de produção. Fomos a primeira empresa de moda da América Latina a implantar um Sistema Ecobiológico de Tratamento de Efluentes. Atualmente, nossas peças consomem 25% menos água para serem produzidas.
Recentemente, investimos R$9 milhões na aquisição de uma lavanderia 5.0 de jeans, que chamamos de Lab Malwee Jeans. Esta tecnologia de última geração nos permite produzir coleções com até 98% de economia de água. Para se ter uma ideia, no modelo tradicional de lavanderia, uma calça jeans demanda o uso de 100 litros de água por peça. No Lab Malwee utilizamos apenas um copo de água, em torno de 250 ml.
Emissões de gases de efeito estufa
No processo industrial, investimos na substituição da nossa principal matriz energética, e passamos a utilizar biomassa para a geração de energia. Com isso, já reduzimos em 69% a emissão de CO² na operação. Mas, vamos além!
O próximo passo é zerar as emissões até 2050, seguindo o compromisso Business Ambition 1.5°C que assinamos, em 2019, com o Pacto Global da ONU. Fomos a primeira empresa de moda do Brasil a assinar este compromisso global.
Pela nossa atuação, fui convidado a ser o Embaixador Pelo Clima (ODS 13) da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, buscando engajar outras empresas a desenvolver ou implementar ações da agenda de sustentabilidade, especificamente o compromisso em reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Matérias-primas de menor impacto ambiental
O uso de materiais recicláveis e com menor impacto ambiental também ganha destaque na nossa forma de fazer moda sustentável. Desde 2008, a gente já usava malha PET nas coleções. Essa malha é feita a partir da reciclagem de garrafas PET. Já retiramos mais de 80 milhões de garrafas do meio ambiente e transformamos em moda.
Em 2011 começamos a usar o algodão desfibrado, produzido a partir da reciclagem dos retalhos de tecido da indústria. Só em 2020 foram mais de 6 toneladas de material reciclado.
Todas as nossas coleções tem peças produzidas com matérias primas de menor impacto ou com o uso reduzido de recursos naturais.
Como o Grupo Malwee entende o papel da Inovação?
Entendemos a Inovação como o meio pelo qual nós conseguimos oferecer para o consumidor o que ele mais deseja: roupas de qualidade, com conforto, durabilidade e, o mais importante: produzidas com o menor impacto ambiental. Esse é o nosso grande propósito norteador. O nosso olhar está sempre no consumidor e no nosso compromisso com as pessoas e o planeta.
E qual é a atuação de vocês na frente de diversidade?
A diversidade é um tema de grande importância no nosso Comitê ESG, que tem o compromisso de colocar as questões relacionadas com ainda mais ênfase na pauta do Conselho da companhia, que se desdobra em Diretoria e nas demais camadas da organização.
Sabemos que nossa trilha de Diversidade e Inclusão só está começando e que o aprendizado e aperfeiçoamento é contínuo mas, guiados pela nossa essência de prezar por relações duradouras – internamente, com nossos colaboradores; e externamente, com parceiros, consumidores, meio ambiente e a sociedade como um todo – abraçamos o compromisso de criar um mundo da moda cada vez mais diverso. O caminho é longo, mas o nosso compromisso é não parar de trilhá-lo.
Até hoje, quais os principais desafios que vocês tiveram que lidar diante das iniciativas de ESG?
O principal desafio é fazer consumidores refletirem sobre a importância da sua atuação na construção de uma sociedade mais sustentável, já que também são protagonistas e agentes dessa mudança. Por isso mantemos uma frente de diálogo com o consumidor das nossas marcas.
O que fez a diferença para as iniciativas de ESG darem certo?
Os valores e o propósito de uma empresa importam muito porque guiam nossos passos e decisões, mas são as pessoas que fazem a verdadeira revolução! Temos processos de governança estruturados, uma Diretoria alinhada aos princípios ESG, mas, acima de tudo, um time muito comprometido e que entende a importância das nossas iniciativas.
Hoje, o que as iniciativas de ESG representam para o Grupo Malwee?
Investir em iniciativas ESG é entender que o futuro somos nós que fazemos, todos os dias. Queremos continuar sendo uma referência de qualidade, inovação e sustentabilidade, além de incentivar, cada vez mais, o comprometimento do mundo da moda com a sustentabilidade.
Hoje, temos orgulho de onde chegamos e de sermos reconhecidos no Brasil e lá fora pelo nosso trabalho. Fomos a única empresa brasileira de moda a receber convite para participar da última Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019 (COP25) e apresentar nossa história. Isso é motivo de muito orgulho para nós!
“A jornada da sustentabilidade é longa e demanda compromisso e investimentos constantes.”
Evoluímos muito neste caminho, mas ainda temos muito a fazer!
Qual o sonho grande quando vocês olham para ESG?
Hoje, já ficamos animados ao ver a sustentabilidade ganhando vez e voz. Estamos vivendo um processo de mudança de comportamento que precisa ser estimulado. Com nossa atuação, queremos inspirar outras empresas e mostrar que é possível fazer diferente. Não queremos ser os mais sustentáveis do planeta sozinhos. Não vamos mudar nada com isso! Construir um mundo mais sustentável depende de uma ação coletiva.
O que nos inspira, acima de tudo, é poder contribuir com a construção de um futuro melhor para nós e para as próximas gerações. Isso passa por conseguir influenciar mudanças na forma de produção e na forma de consumo. Estimular a agenda da sustentabilidade em todas as frentes.
Quando a sociedade olhar para a sustentabilidade como o único caminho viável e possível, teremos chegado onde queremos.
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