Experiente em cargos de direção executiva e empreendedorismo, atua há anos como gestor de mudanças com foco em resultados, no sentido de orientar empresas, fortemente, para novos mercados. É empreendedor, sócio da Convergence há mais de 10 anos e criador do blog Impactplayer, orientado em preparar empreendedores e executivos para se destacarem no mercado.
Os números já mostram: empreendedoras e empreendedores que adotam uma mentalidade de antifragilidade enfrentam uma crise mais rápido e transformam seus negócios.
Mas, afinal, o que significa ser antifrágil?
Nassim Nicholas Taleb, autor do livro “Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o caos”, diz que a antifragilidade é lidar com as adversidades pela aceitação, não pela reação, entendendo o contexto em torno de uma crise ou problema, e aprender com isso.
Cada vez mais, estaremos sem remédio e sem bula para dirigirmos nossas empresas.
A sensação é: Socorro! Não há mais gurus. Não há mais regras. O cenário a frente nada me mostra. Não há nada que eu possa me apegar para prever o futuro do meu negócio.
E é isso mesmo: dentro das empresas, o filtro da sobrevivência não deixará passar o frágil, o robusto e o resiliente. Só há lugar para o antifrágil.
Não se pode negar que empreendedoras e empreendedores, orientados pelo desejo obstinado da eficiência, fizeram de tudo para preservar os seus negócios. Muitos adotaram uma postura rígida, baseada na experiência, acostumados a pertencer a um ecossistema limitado, de inovação confinada a 4 paredes e de aversão total a riscos.
O caos em que vivemos traz à tona a fragilidade dos métodos, da ortodoxia, e sepultou a forma tradicional de planejar o futuro das empresas olhando para o passado.
Se antes eram os produtos, agora são as empresas que estarão em beta permanente.
Erros são ouro
Então, como lidar com as incertezas?
Bem, faça o seguinte:
Reúna o seu time e diga: Pessoal, eu preciso de vocês. Não há mais métodos, fórmulas, modelos. Tudo se passa como se tivéssemos um feixe de luz entrando por aquela janela. Ela é branca, mas ao passar pelo prisma do vidro se projeta no chão em 7 cores. Nós temos que encontrar as cores que reuniremos para jogar em cenários ambíguos que virão. Nós precisamos redesenhar a nossa empresa. É coisa de camaleão. Devemos nos transformar a cada momento porque o mundo não parará jamais de nos surpreender.
Antes de mais nada, longe de mim recomendar que abandone estratégias apoiadas em modelos, técnicas e planejamentos lineares.
Não, elas sempre farão sentido.
As heurísticas que deram origem a modelos e técnicas valiosíssimas continuarão a fazer parte das boas práticas nas empresas. Mas não se apaixone por elas. Elas são incapazes de prever o futuro, que tem natureza descontínua, aleatória e volátil.
Uma empresa antifrágil é aquela em que as pessoas amam a dinâmica da experimentação e estão preparadas para filtrar e substituir o que não deve sobreviver num ambiente aleatório de complexidade.
É estar aberto ao fluxo de ideias, à Inovação Aberta, à aleatoriedade como forma de reinvenção.
Aprendendo com o caos e crescendo
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 70% das empresas sofreram impactos, alegando como razão os efeitos negativos da pandemia. 716 mil fecharam as portas.
A Zoom Vídeo, criada em 2011, atua num mercado altamente concorrido e comoditizado que é o da videoconferência. Mesmo sendo uma empresa de base tecnológica, poderíamos pensar que sucumbiria a crise, afinal, passaria a competir de forma ferrenha com big techs como Google e Microsoft. Mas ao contrário: se destacou entre os mega concorrentes por suportar numa única chamada de vídeo mais de 100 usuários.
Outro segmento dinâmico, competitivo e com baixas barreiras de entrada é o da produção e o consumo de alimentos. E foi na esteira do isolamento social que os restaurantes que ganharam protagonismo foram aqueles que se especializaram em entregas de pequenos volumes. Na verdade, eles se tornaram antifrágeis pela integração entre as tecnologias móveis e o sistema Moto Delivery que localiza as motocicletas mais próximas para que todo o processo seja feito em minutos.
Os negócios que fecham rapidamente são aqueles que não resistem às flutuações do mercado e cenários econômicos turbulentos.
Reflexões para uma empresa antifrágil
Para tirar os sonhos de sua empresa da zona de conforto, tenha menos bulas e explore ecossistemas de Inovação Aberta.
Siga a natureza. Tentativas e erros são bons métodos de aprendizagem. Mas atenção: o mesmo erro não deve ser cometido duas vezes.
Tenha um “bisturi” na mão: corte o que não funciona, elimine os maus hábitos e, em seu lugar, adote as melhores práticas.
A sua equipe continua a ser o seu recurso mais valioso. Incentive-a a ter coragem para enfrentar riscos porque eles trazem aprendizado.
Evite apostar tudo de uma só vez: pense que o mundo é (e sempre será!) volátil, incerto, complexo e ambíguo. A sua empresa está nesse ambiente de incertezas e volatilidades, portanto pense menos em previsões e mais em probabilidades.
Evite acreditar que pode desafiar a realidade, ela é antifrágil. Porém se adapte e arrisque para poder avançar. Calcule os riscos e, se o pior acontecer, salvará a maior parte de seus ativos.
Evite a falsa crença de que o seu planejamento sairá exatamente como você previu. Certifique-se de estar preparado para os revezes, como um navegador em alto mar e tenha uma jornada de sucesso.
Lembre-se: o mercado, assim como a natureza, sempre descarta aqueles que temem o erro e acreditam em regras precisas para avançar. Startups e scale-ups, com seus métodos ágeis, cada vez mais ocupam fatias de mercado das gigantes. Exatamente por essa natureza antifrágil.
Não permita que a sua empresa passe a resistir às incertezas pela adoção de metodologias lineares e inflexíveis, padrões imutáveis e narrativas de pessoas de mentalidade fixa.
Ao contrário, aprenda a beneficiar-se com eventos imprevisíveis, aproveite as oportunidades e vá em frente!
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