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Publicado em: 31 de agosto, 2021
Leonardo Pereira

Desde que fundei a Selfit, em 2012, sou prova de que liderar uma scale-up vem com desafios inéditos, particulares de um modelo de negócios que cresce aceleradamente e que é intensivo em capital. 

É preciso criar e realinhar a estratégia, reorganizar processos, pessoas e prioridades. Ao mesmo tempo em que penso em como garantir capital e escalar o time sem perder a cultura. 

É uma loucura.

Mas, hoje, eu vou compartilhar com vocês o maior desafio que enfrentei nessa minha jornada de Selfit – a pandemia – e as decisões que tomei e que me levaram adiante. 

A Selfit nasceu para despertar nas pessoas a paixão pelo movimento. Pra gente, academia é saúde, não é apenas estética ou lazer. 

Em um país, como o Brasil, em que 45% da população está com sobrepeso e apenas 5% está na academia, nossa missão ganha um tom mais nobre. 

Atividade física é prevenção, um verdadeiro um plano de saúde. E a pandemia mostrou isso.

Bom, fechamos 2019 com boas construções: com cerca de 200 mil convidadas e convidados (como chamamos nossos clientes) ativos. Foi um ano de entregas expressivas e que nos fez acreditar que 2020 seria ainda mais incrível, pois os fundamentos e os pilares de sustentação ali estavam. Queríamos abrir 50 novas unidades – 1 a cada 7 dias.

Janeiro foi o mês histórico.

Fevereiro seguiu o mesmo caminho.

Março veio a pandemia.

Fechamos as operações. Passamos quatro meses e meio com todas as academias fechadas. Nesse momento, o objetivo era preservar nossos principais ativos: time, convidadas e convidados – não cobramos ninguém, razão pela qual nosso Reclame Aqui se manteve bom – e o caixa. 

Em julho, planejamos reabrir nossas operações.

O retorno, em agosto, foi incrível. Mas, ainda assim, 30% abaixo do mesmo mês do ano anterior.

Dezembro, segunda onda.

Janeiro de 2021, algumas cidades voltam a fechar.

Março, 35% das unidades fechadas.

Maio de 2021, o retorno.

Agora, estamos otimistas. Os números apontam para um futuro positivo. 

E o momento é de retomada. Voltamos a expandir as nossas operações.

Hoje, a Selfit está recuperando mensalmente a base de convidadas e convidados. O prognóstico para agosto é excelente, já superamos julho, as operações estão 100% abertas. 

Neste mês, investimos num player digital, com a proposta de levar uma experiência híbrida para as convidadas e convidados. A Weburn não se trata apenas de exercícios físicos online. É sobre orientação, clínica e nutricional, e também produtos alimentares, além de produtos B2B e várias outras iniciativas. Queremos estar mais presentes na vida das pessoas, não só na rotina do dia a dia em nossas academias, mas em viagens, fora de casa, na rua ou no parque. Decidimos ser agnósticos quando falamos em local para suar a camisa. Na Weburn, além de sócio, assumi a posição de presidente do Conselho.

Desafios

De março de 2020 até aqui, o principal desafio foi interromper a expansão. Tivemos que dar um cavalo de pau na Selfit – essa expressão significa fazer uma manobra de emergência para um veículo inverter a direção, mediante a aplicação súbita dos freios, para fazê-lo parar. 

Além disso, no retorno, operar com centenas de protocolos distintos em todo país também foi desafiador. Afinal, os protocolos de segurança são municipais e mudam com o tempo – e, como estamos em diversas cidades, a gestão da operação foi extremamente árdua e complexa. Aprendemos rapidamente a operar neste ambiente rigidamente regulado. 

O time da Selfit foi incansável e surpreendente. Orgulho e agradecimento fazem parte de minhas lembranças em 2020.

Outra complexidade foi nos adequarmos a medidas provisórias para dar fôlego e garantir a sobrevivência da scale-up. Nós aplicamos o layoff, um dispositivo jurídico utilizado no Brasil que permite a suspensão dos salários com a manutenção dos vínculos empregatícios. Empoderamos o órgão representativo de nossa classe, ACAD, visando ter voz e ser contributivo nas discussões junto aos entes públicos. 

Também foi um grande desafio manter a moral e a sanidade mental do time. Tivemos muita comunicação com colaboradores, oferecemos consultas psicológicas, implementamos o auxílio home office e alocação de recursos para construir um ambiente de trabalho. Cuidar das pessoas foi o principal desafio, sobretudo da saúde mental. 

Para lidar com essas situações, o principal aprendizado é que precisamos estar preparados para situações inesperadas e extremas. Quem imaginava que teríamos uma pandemia nessa proporção?

Ficou claro que teríamos que cuidar mais das pessoas – e nós cuidamos. Nosso ENPS aumentou e atingimos 94% numa operação própria com grande dispersão geográfica e nosso turnover continuou baixíssimo, menor que 1,5%. 

Ser empreendedor em 2020

Se eu pudesse dar um conselho para mim em fevereiro de 2020, eu diria que a gente precisa ser absolutamente realista. 

E a gente precisa entender que nem tudo está sob nosso controle.

Eu sempre considerei ser possível resolver problemas complexos. Empreendedor tem um pouco disso, da hipersuficiência. Mas, a gente precisa parar de tentar controlar o que não se controla. A pandemia me ensinou isto. Vivi um exercício compulsório e doloroso de paciência!  

Aprendi isso aos 42 anos de idade. E foi justo nessa idade, com uma bela bagagem de aprendizados nas costas, que deixei de ser CEO da Selfit. Hoje, continuo como sócio e membro do conselho. 

Resolvi me dedicar a outros projetos.

Foi exatamente nisso que a Endeavor, mais uma vez, me ajudou: a traçar meu novo futuro. A planejar o novo Leo diante de um novo cenário. A desapegar do status quo. 

Eu já vinha praticando esses exercícios desde setembro de 2020, momento que recusei assumir a posição de presidente da ACAD Brasil. O momento de desaceleração da pandemia viria acompanhado de minha saída da posição que ocupei por oito anos.

Conversei com muitos empreendedores em segunda jornada e é para onde estou indo agora. 

Próximos passos

A Endeavor não apenas me ajudou a entender meu próximo passo, como também me apresentou ao meu novo caminho. Em 2019, em um meetup do Scale-Up Endeavor, conheci Nadim Nicolau, CEO, sócio e fundador da Oral Unic, uma franqueadora odontológica de estrutura premium que participava da sua primeira edição do programa de aceleração. Além disto, meu sócio e também co-fundador da Selfit, Nelson Lins, já o conhecia.

Agora, em 2021, me junto ao time como sócio-diretor e membro do Conselho. Também assumo igual posição em outro grande projeto: a aceleradora WeScale, que está sendo construída em Balneário Camboriú para apoiar empresas focadas em expansão. Nestes novos desafios vem comigo o Roberto Caon, pessoa fundamental na construção da Selfit.

Em 2019, já pesquisava sobre meus próximos passos. O mercado odontológico me chamava atenção, em especial, pelas oportunidades semelhantes ao mercado fitness e, a conexão com o Nadim, em um anúncio inocente, fez com que eu abandonasse a empresa que estava cogitando construir e me juntasse a Oral Unic e ao time. 

Estou confiante com o que vem pela frente. Eu, Nadim e o time estamos com muita energia para continuar construindo o que incrivelmente vem se tornando a Oral Unic. Prontos para colocar em prática tudo que aprendemos até aqui com a Endeavor. 

Em breve, volto para contar os aprendizados da minha segunda jornada empreendedora.

Até logo! 

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