2ª edição do maior evento sobre liderança do país acontece até amanhã (30), de forma online e gratuita, com participação de mais de 10 mil inscritos

O segundo dia do evento ‘Líderes em Movimento’, realizado pelo Polo de Liderança do Sebrae e pelo Programa LÍDER, trouxe a psicanalista, mestre e doutora em Psicologia pela USP, Vera Iaconelli, para abordar a essência da liderança sob o ponto de vista da psicanálise, considerando aspectos relacionados à infância, relações afetivas, construção de confiança, perfis de líderes, narcisismo, entre outros temas. Além de acompanhar a programação ao vivo, os mais de 10 mil inscritos do evento também tiveram acesso ao painel do conteúdo bônus “Liderança feminina na política”, que discutiu o aumento da participação de mulheres na vida pública.

Logo no início do painel “Desmitificando o papel do líder na nova era”, a psicanalista Vera Iaconelli destacou que a liderança tem sido muito valorizada pela psicologia na busca de líderes. Ela também fez questão de ressaltar a complexidade do tema, tendo em vista que envolve as relações mais importantes do ser humano, tanto do ponto de vista individual quanto em relações sociais maiores, inclusive profissionais. No entanto, Vera deixou claro que a liderança depende da existência tanto de líderes como de liderados, a partir de uma relação afetiva. Para isso, ela resgatou o tema como uma ideia que se apresenta desde a infância, por meio da liderança natural exercida pelos pais e os cuidadores e que depois se manifesta em outras relações sociais desenvolvidas ao longo da vida. “Sem alguém que se identifique com você e diga que você é o porta-voz dele, não é possível ter a liderança. Ser o líder é ser porta-voz, quer dizer que ele representa aquele grupo de liderados que outorgam ao líder um certo lugar de poder na condição de que ele os representem em uma relação de confiança”, explicou.

A psicanalista também analisou duas modalidades de liderança em que é possível identificar diferentes perfis de líderes e liderados. O primeiro deles, considerado por ela como de grande risco e fragilidade, é o chamado líder idealizado. Segundo ela, esse líder se coloca como aquele que detém a voz dos outros e não como porta-voz. “Ele fala no lugar do outro sem representá-lo e isso só acontece porque seus liderados se submetem a esse lugar, seja por uma situação de opressão, seja por uma idealização que não permite que enxerguem os pontos negativos desse líder”, observou.

O outro tipo de liderança destacado pela especialista envolve o líder que se posiciona com mais igualdade com os seus liderados. “Nesse caso você tem um líder que se destaca por algumas características e liderados que também se responsabilizam. Esse líder se coloca em um lugar muito mais verdadeiro e democrático. Porém, é preciso encarar as situações de competição e rivalidade com mais maturidade e se posicionar pensando no bem comum”, comentou.

Por fim, a psicanalista ainda abordou situações em que os liderados são considerados inferiores e deu, como exemplo, as questões de gênero em que mulheres têm dificuldade para manifestar opiniões nas empresas. Ela analisou ainda o conceito de narcisismo em tempos de muita exposição nas redes sociais e falou sobre a importância de ouvir feedbacks. “O encontro com o outro é sempre assustador, sempre promissor e excitante porque o outro vai me devolver o espelho que não é exatamente o espelho da rede social onde eu apareço linda e editada. Então é preciso avaliar os feedbacks, pois se te despertou uma questão é preciso pensar nela com honestidade consigo mesmo e a consciência de que errar é humano e aceitável”, analisou.

Liderança feminina na política
Outro painel de destaque da 2ª edição do ‘Líderes em Movimento’ foi marcado pela participação da CEO da Ong Elas no Poder, Karin Vervuurt, que é socióloga com especialização em Comportamento Eleitoral, Psicologia Política e Opinião Pública, e a CEO da Ousadia Política, Nerea García, doutora em ciência política e ativista. A moderação foi realizada pela socióloga, com experiência no Terceiro Setor, ex-secretária da Mulher no DF e líder do Comitê de Políticas Públicas do Grupo Mulheres do Brasil/DF, Raíssa Rossiter.

Na opinião de Raíssa Rossiter, as discussões sobre a participação feminina envolvem questões estruturais da sociedade e vão além da participação política das mulheres dentro dos partidos. “Na realidade, toda vez que uma mulher ocupa um espaço de representatividade, de tomada de decisão, quaisquer que sejam as instâncias e as instituições, ela está fazendo uma participação política”, observou. Ela também ressaltou que a pauta requer o apoio de homens. “Fazer as mulheres participarem mais da democracia é um interesse de toda a sociedade e é preciso que tenhamos mais aliados homens nessa caminhada”, declarou.

Durante o bate-papo, elas também discutiram as principais barreiras que as mulheres ainda enfrentam para ocupar espaços de destaque na política, mas também refletiram sobre os avanços conquistados e a necessidade de encorajar e estimular cada vez mais mulheres a participarem ativamente da vida pública.

Para a socióloga Karen Vervuurt, é muito importante que as novas gerações de mulheres se sintam representadas e tenham mais referências femininas. Segundo ela, uma pesquisa realizada no ano passado pelo projeto ‘Me farei ouvir” e pela Ong Elas no Poder identificou que 40% das mulheres não acreditam que têm perfil para entrar na política. “Como você vai se enxergar em um espaço que você não vê pessoas iguais a você? Por que eu vou querer entrar em um espaço que eu não vejo outras mulheres? Eu vou pensar que é muito difícil ou que não faz sentido. Então, a entrada de mais mulheres incentiva outras a acreditar que aquele espaço é delas e que faz sentido tentar”, avaliou.

Já a cientista política Nerea García destacou que ao contrário do que se pensa, as mulheres têm interesse na política e muitas delas estão nos bastidores do poder. Ela acredita que já houve muitos avanços, principalmente quanto à visibilidade para a discussão de assuntos que envolvem a representatividade feminina. No entanto, ela defende que é preciso fortalecer as redes de apoio. “Muitas mulheres quando decidem se candidatar comunicam para a família, mas elas precisam de uma rede de apoio para lidar com as dificuldades que vão enfrentar, inclusive de violência política de gênero”, pontuou.

Saiba Mais
O maior evento sobre liderança do país, o “Líderes em Movimento”, acontece até amanhã (30) em um ambiente totalmente online, interativo e colaborativo, que inclui palestras, cases de sucesso, salas de conversa, conteúdos inovadores e disruptivos. A 2ª edição do encontro conta com a participação de mais de 30 atrações convidadas e mais de 10 mil líderes do Brasil e do mundo inscritos. Para acompanhar, clique aqui.

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