A Endeavor é a rede formada pelas empreendedoras e empreendedores à frente das scale-ups que mais crescem no mundo e que são grandes exemplos para o país.
Você é de São Paulo. Mora na zona Leste. Trabalha na zona Sul. E estuda na Oeste. Por dia, são quatro horas no trânsito. Por semana, vinte horas. Por ano, 40 dias. Mais de um mês só para ir de um lugar a outro. Não existe tempo ou espaço para praticar atividade física, ter momentos de lazer ou completar as oito horas de sono.
Não dá mais. Você vai entrar em colapso. Já são, pelo menos, cinco anos nessa rotina.
Então você pega todo o dinheiro que juntou até agora, faz um financiamento e se compromete a passar os próximos trinta anos pagando por um apartamento.
Pelo menos, agora, você tem tempo. Tempo para a vida. E tempo para deixar que seu eu do futuro entenda se esse apartamento foi um bom negócio ou não – o que, na maioria das vezes, não é. Porque te prende. E de prisão, já basta o trânsito.
…
Essa é a realidade de grande parte das pessoas no Brasil, que gastam cerca de 120 minutos no trânsito por dia.
Todo esse tempo, espaço e energia poderiam ser usados para uma infinidade de coisas. Realizar sonhos. Empreender. Tirar um projeto do papel. Estar próximo de quem ama. Ver e viver a cidade de uma outra forma, fora de um ônibus ou de um carro. Investir no que realmente importa.
Foi essa inquietação que levou Alexandre Lafer a empreender duas vezes no mercado imobiliário. Pioneiro, com forte desejo de transformar a vida das pessoas e desafiar o status quo, ele revoluciona o setor de real state desde 2010 com a Vitacon e, agora, com a Housi.
De onde vem a inquietação
Ale nasceu em uma família empreendedora. Neto de pessoas refugiadas da Segunda Guerra Mundial, sempre olhou pra família com admiração.
Sua avó e seu avô chegaram no Brasil com uma mão na frente e outra atrás. Só a roupa do corpo e cinco dólares no bolso. “Minha vó descosturou o paletó e costurou do lado avesso para meu avô procurar emprego. E conseguiu. Depois de juntar dinheiro, foram empreender”, conta Ale.
A outra avó e o outro avô também empreendiam. Por isso, passou a infância perambulando entre lojas de móveis e roupas. Também dividia seu tempo nas lojas com as visitas a imóveis com seu pai, que trabalhava com mercado imobiliário.
“Eu tive bons exemplos que me levaram a percorrer o caminho que percorri até agora”, completa.
Empreendedorismo no sangue
Nunca teve carteira assinada.
Foi contratado uma vez na vida para fazer estágio na primeira empresa de Home Broker do Brasil. Lá, se apaixonou pela internet. Achava incrível o que ela poderia fazer pelas pessoas.
Isso o levou ao seu primeiro empreendimento: a Banana Games. Uma empresa de entretenimento digital, que chegou a fazer jogo do Show do Milhão com o SBT.
“Nos primeiros meses de Banana Games, iríamos aportar com investidores anjo, só que o aporte seria em doze parcelas. No segundo mês, eles desistiram e ainda pediram o dinheiro de volta. Comecei minha jornada empreendedora devendo. Assinei doze notas promissórias para devolver o dinheiro. Tínhamos que suar a camisa para vender, crescer e ainda pagar o que devíamos”, conta.
Essa primeira jornada empreendedora rendeu muita experiência. Ele teve contato com grandes empresas de entretenimento globais – que hoje trabalham com metaverso e NFT. Aprendeu a ter jogo de cintura para lidar com a dívida. Aprendeu com grandes clientes nacionais e multinacionais, como Globo, SBT e Microsoft.
“Vendi a Banana Games uns anos depois. Foi a minha primeira empresa e minha primeira saída. Cinco anos depois, senti que era hora de sair. Tinha vontade de mudar de vida e fazer algo maior. Veio uma proposta importante e senti que era hora de fazer uma transição”, finaliza.
A cidade fora do carro
Durante os cinco anos de Banana Games, fazia faculdade também. E morava longe. Gastava cinco horas no trânsito por dia. Comia mal. Não se exercitava direito. “Pra mim, sempre foi dado como normal passar horas no trânsito em São Paulo”, conta.
Um pouco antes da venda da Banana Games, casou. E foi morar em um pequeno apartamento, próximo do escritório. Começou a fazer seus trajetos a pé e em bicicleta.
Sua vida havia mudado radicalmente. Ele tinha cinco horas a mais no seu dia. E 45 dias a mais no seu ano. Ele vivia, ali, o seu primeiro Day1. “Foi chocante quando percebi o tanto de vida que eu perdia no trânsito”, conta.
Isso lhe deu motivação para voltar a empreender. Só que, dessa vez, queria levar a transformação que teve na sua vida para as outras pessoas. Queria que o mundo inteiro apreciasse a cidade fora do carro.
Tanto que se empolgou e escreveu três livros sobre como viver em São Paulo sem carro. “Eram manifestos sobre como morar perto de onde você precisa estar todos os dias”, completa.
O problema ele havia encontrado: impedir as pessoas de passar longas horas no trânsito.
No começo dos anos 2010, morar perto do trabalho era muito caro. E tinham poucas opções. Então, aproveitando sua vivência no mercado imobiliário com seu pai, resolveu ir para o ramo da construção.
Construiria prédios com apartamentos menores, perto dos principais centros comerciais das cidades. As pessoas conseguiriam pagar para viver perto de onde precisavam estar. Perto do trabalho. Perto do escritório. Perto da faculdade. Perto do metrô.
Surgia, então, a Vitacon. Uma construtora com uma proposta diferente: venderia, também, uma nova vida para as pessoas. Em apartamentos menores de 20m², mas com uma estrutura no prédio que atendesse a todas as necessidades: com sala de jantar, coworking, academia, lavanderia e piscina.
Começou captando dinheiro de família, amigas e amigos. Demorou pouco tempo para conseguir capital para levantar seu primeiro prédio, o Affinity for live & for work, no Vila Olímpia. Porém, como pioneiro, teve que enfrentar desafios não imaginados: a confiança das pessoas. “Na época, esse formato de moradia era muito criticado. As imobiliárias não acreditavam no nosso produto a ponto de querer vendê-lo. Os bancos não queriam financiar. As pessoas não queriam morar em apartamentos pequenos”, compartilha.
Contrariando previsões, o lançamento foi um sucesso. Em dois dias, o prédio estava todo vendido. Com esse empreendimento, vieram os próximos, também vendidos em tempo recorde.
“Éramos eu e um estagiário. Não tinha escritório. Quando dei a primeira entrevista para um veículo de imprensa conhecido, eu subi em um trator da obra para tirar a foto. Essa foi a primeira foto da Vitacon”, relembra rindo.
O negócio foi crescendo. E, com esse crescimento, a Vitacon foi estabelecendo um novo estilo de vida na cidade de São Paulo. As pessoas compraram a ideia de viver em apartamentos menores, mas com uma grande estrutura. Que, inclusive, passou a conectar as pessoas que moravam nos prédios. Cada Vitacon se tornou uma comunidade.
Uma verdadeira revolução da moradia. Por ano, a Vitacon fatura mais de um bilhão de reais e vende mais de 5 mil apartamentos.
A desimobilização do mercado imobiliário
No final dos anos 2010, Ale notou duas mudanças de comportamento no público alvo da Vitacon:
- 1 – Jovens não queriam mais comprar apartamentos e se comprometer com dívidas de longo prazo.
- 2 – Cada vez mais, investidoras e investidores estavam comprando apartamentos da Vitacon para alugar e usar como segunda renda.
Ele foi mais a fundo e percebeu que investidoras e investidores faziam todo o processo de compra, mobiliário e aluguel sozinhos. Eles não tinham apoio – muitas vezes nem das imobiliárias. E perdiam tempo resolvendo problemas de infiltração e pia quebrada.
Nessa hora, ele teve um estalo. Queria construir uma solução para não deixar suas investidoras e investidores na mão. Além do imóvel daria apoio de ponta a ponta.
Estava empolgado em construir essa solução. Tentou duas vezes, falhou duas vezes. O motivo? As pessoas escolhidas como sócias não compartilhavam da mesma visão e dos mesmos valores.
Resolveu começar a solução dentro da Vitacon, como um novo serviço da empresa. Proveria moradia como serviço, cuidando dos apartamentos de quem comprava para investir e alugar.
Juntou uma equipe de cinco pessoas, nomeou a solução de Housi, comprou o domínio e pegaram o primeiro apartamento. Antes de criar um software, colocaram o apartamento no Airbnb para entender como funcionava.
Ale vivia mais um Day1 na sua revolução no mercado imobiliário. Dessa vez, na Housi. Esse era o momento em que ele se desprendia das fronteiras. Da imobilização.
Os cinco trabalhavam em um apartamento de 10m². Queriam ser a Netflix do mercado imobiliário. Com essa ambição, atraíram a Redpoint eventures, fundo que investe na Netflix. Não tinham nem um site ainda, mas conseguiram aportar um Series A logo no começo.
Esse capital daria fôlego para encontrar a solução ideal. Porém, veio a pandemia.
“Não tínhamos entendido a solução ainda. Éramos um time de 30 pessoas, nossa cultura ainda não estava sólida. Foi um período muito turbulento”, conta.
No meio desse período de incertezas, passaram pelo inimaginável: Otto, o primeiro sócio a topar a ideia, faleceu de covid. “A pessoa número um da empresa havia partido. Foi muito difícil não ter o apoio dele nesse período. Mas, conseguimos. Superamos os desafios por ele. Hoje, trabalhamos com muito afinco para honrar seu legado na Housi, no ecossistema e no país”, compartilha.
O time se ancorou um no outro para permanecer de pé. Escalar era um desafio. Ainda estavam apertando alguns parafusos e Ale recebe uma ligação: uma construtora do Sul do país queria implementar a Housi em um prédio que estava construindo. Mais um Day1, a luz no fim do túnel.
Essa ligação mudou tudo. Ao levar a Housi para outra construtora, entenderam qual seria a missão da empresa: o software que permitiria transformar prédios em moradias como serviço. Fariam o processo de aluguel, alugariam móveis e eletrodomésticos, implementariam toda a estrutura de lazer. Deixariam tudo pronto para as pessoas irem morar.
Housi e a Revolução em escala
“Depois que eu entendi que a vida é cíclica, tudo mudou pra mim. Meu propósito com a Housi ficou ainda mais forte. As pessoas vão para a faculdade, casam, separam, mudam de país, de bairro, de escola. Queremos ser a solução que acompanha todas as fases de uma vida, sem precisar gerar dívidas com grandes compromissos financeiros. Não faz sentido ficar imobilizado em um imóvel só. A casa que acompanha as pessoas, não as pessoas que acompanham as casas. Queremos oferecer possibilidades para que as pessoas usem o capital de um imóvel para realizarem outros projetos, seja estudando, empreendendo, mudando de país”, conta Ale empolgado.
Com a Housi, as pessoas precisam apenas morar. Sem compromisso com dívidas. Sem gastar milhares de reais em eletrodomésticos. Sem estar fixo em um lugar só.
O aluguel é pago em uma mensalidade, que engloba todos os gastos de moradia. É mensal e, com isso, a pessoa pode morar onde quiser, quando quiser. Hoje, já estão em mais de 120 cidades brasileiras, com 150 incorporadoras pelo país.
Com um modelo de negócios validado, ganham escala com velocidade e se empoderam de ser o software dos prédios do Brasil. O novo desafio é escalar a solução para deixá-la acessível para o maior número de pessoas.
Agora, como o mais novo Empreendedor Endeavor, o Ale pode contar com a nossa rede global de empreendedoras e empreendedores de alto impacto e especialistas para dar mais escala ao sonho grande da Housi; e também pode apoiar a próxima geração de scale-ups que irão continuar a disrupção do mercado imobiliário no Brasil.
“Tem gente que sonha em conhecer jogador de futebol ou artistas do rock. O meu sonho era estar perto de empreendedoras e empreendedores que me inspiram. Sempre vi várias pessoas que admiro na Endeavor. Fazer parte disso, hoje, é a realização de um sonho. Hoje eu jogo junto com meus ídolos”, divide.
…
Como pioneiro, enfrentou a desconfiança de clientes. De bancos. De imobiliárias. E até de amigos. Mas insistiu. Insistiu porque acreditava que o tamanho da sua coragem era o tamanho do seu sonho.
É assim que revoluções acontecem. E mudam, de vez, a forma como as pessoas vivem suas próprias vidas. Como aconteceu com ele. Como já aconteceu com centenas de pessoas. E pode acontecer com outras milhares.
“Com o apoio da Endeavor, minha coragem de mudar o mundo ganha escala. Essa rede potencializa o nosso sonho e o nosso impacto. Tenho certeza que mais vidas serão transformadas porque eu estou aqui hoje”, finaliza.
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