* Por Diogo Catão

Uma Venture Builder Govtech atua como sócia estratégica das startups em diversas frentes: com metodologia de buildagem própria (no caso em questão, focada em soluções para o setor público); inteligência de mercado; desenvolvimento estratégico e vendas; auxílio nos processos administrativos; mentoria; e apoio na captação de investimentos.

Tudo isso com o propósito de provocar uma transformação digital nas instituições públicas. É da natureza das startups começar com uma boa ideia e uma equipe enxuta. No início, poucos são os recursos e mínima é a estrutura para desenvolver o produto e os negócios.

Com as govtechs ainda existem algumas particularidades, como a questão da compra pública, que se dá por meio de licitação. Por causa desse elemento, o caminho dessas startups precisa ser bem pensado e auxiliado por especialistas na área governamental, e é justamente esse o papel de uma venture builder. Potencializar suas vantagens, dar visibilidade a elas e proporcionar que seus benefícios alcancem o setor público e a população de um modo geral é a missão.

A vantagem principal de uma startup govtech para o mercado e para a gestão pública é o ganho mútuo: tanto para o governo como para a sociedade. Com as govtechs, é possível um governo mais aberto, 100% digital e transparente para a população.

Por meio da tecnologia, por exemplo, é possível reduzir o uso de papel a quase zero, diminuir a emissão de carbono, deixar a economia mais sustentável e as cidades mais inteligentes – o que beneficia o cidadão, a gestão pública e o mercado.

No cenário internacional, é possível afirmar que o setor govtech pode alcançar 1 trilhão de dólares no mundo até 2025. Esses dados são de pesquisa feita pela base de dados global Nebula, administrada pela StateUp. Hoje, o mercado vale em torno de 400 bilhões a 500 bilhões de dólares. Ou seja, em um curto espaço de tempo, a estimativa é que esse número possa crescer muito. Isso diz bastante sobre o desenvolvimento do setor govtech a nível internacional.

Já no Brasil, o meio govtech ainda necessita de mais olhares para o seu desenvolvimento. Infelizmente, há pouca pesquisa e poucos dados relevantes sobre as govtechs no Brasil. Eles estão desatualizados, já que é um mercado em constante crescimento e transformação.

Um dos maiores players do mercado govtech do Brasil, a BrazilLAB, publicou, em conjunto com o CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina), um relatório sobre “As startups govtech e o futuro do governo no Brasil”. Porém, o levantamento foi publicado em 2020 e o cenário já mudou bastante de lá pra cá.

Sobre os resultados que as govtechs mostram no mercado, ainda não é possível mapear de maneira precisa, já que são empresas de capital privado que não estão na bolsa de valores. Porém, é possível perceber que novos canais de acesso estão disponíveis, que as empresas estão numa crescente e utilizam novas ferramentas, como o Marco Legal das Startups. Os meios tradicionais de contratação estão a pleno vapor, dando uma esfriada no segundo semestre devido, principalmente, ao período eleitoral.

Temos alguns bons cases brasileiros no cenário govtech, como a ESIG Group, que criou o sistema SIGAA, presente em mais de 30 universidades públicas no país; o Gesuas, que desenvolveu um prontuário online para assistência social e ficou em primeiro lugar no Ranking 100 Open Startups; e a 1Doc, que, com a proposta de reduzir o gasto com papel, já tem mais de 500 clientes espalhados pelo Brasil, entre prefeituras e órgãos públicos.

É possível notar que há um interesse cada vez maior em startups se tornarem govtechs e criarem soluções voltadas para o governo. Uma venture builder que é focada em govtech tem todo o know-how necessário para uma startup conduzir esse processo de transição, trazendo suas soluções, antes oferecidas apenas para o mercado B2B, também para o B2G. Assim, é possível ser otimista com essa transformação digital.

Vamos observar os próximos anos e ficar atentos para os grandes avanços do setor govtech e o que de mais relevante essas startups vão proporcionar para a gestão pública e para a sociedade.


Diogo Catão, CEO da Dome Ventures, uma Corporate Venture Builder GovTech que nasceu com o propósito de transformar o futuro das instituições públicas no Brasil.

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