O mercado de plant-based cresceu gradativamente nos últimos anos. No ano de 2020, as vendas de alternativas vegetais cresceram duas vezes mais rápido do que as vendas gerais de alimentos nos Estados Unidos. Em 2019, o setor valia US$ 5,5 bilhões, hoje, vale mais de US $7 bilhões, segundo o Good Food Institute.
Esse fomento no segmento é resultado do aumento de pessoas aderindo a dieta flexitariana, que diversifica o consumo de proteína animal e vegetal. Esse estilo de vida faz parte de 52% da população brasileira, sendo que 39% das pessoas consomem produtos à base de plantas pelo menos três vezes por semana, de acordo com o GFI.
Pensando nesse crescimento, a Archer Daniels Midland (ADM), empresa global especializada em nutrição, e a Marfrig, uma das maiores fabricantes de carne bovina e produtora de hambúrgueres do mundo, se uniram em 2020 para lançar a PlantPlus Foods, joint venture para a comercialização de produtos de base vegetal por meio dos canais de varejo (60%) e food service (40%), nos mercados da América do Sul e América do Norte.
“Somos uma empresa que quer prover escolhas. Nossos consumidores poderão alternar entre proteína animal e proteína vegetal durante a semana, não precisa ser uma coisa ou outra. Somos a valor da evolução e não da revolução, acreditamos no consumo dual”, explica Beatriz Vigeta Hlavnicka, head de marketing Latam da foodtech sobre o perfil dos seus clientes que já consomem almôndegas, carne moída, quibe e hambúrguer 100% vegetal.
Novos produtos
Um ano depois da sua chegada ao Brasil, a PlantPlus Foods lança novidades sensoriais em seu portfólio: hambúrgueres sabores picanha e costela – itens inéditos no segmento, frango desfiado e linguiça toscana.
A nova linha chega ao mercado em setembro, é composta por ingredientes naturais e traz uma composição nutricional rica em nutrientes, como fibras e proteínas. O sabor e a textura da carne vegetal também são diferenciais da marca. O time do Startupi experimentou em primeira mão os novos produtos e pôde afirmar que os alimentos lembram o consumo de carne animal e que cada um têm um sabor marcante e único.
Rodrigo Burakovas, gerente de serviços técnicos e desenvolvimento para produtos Plant-Based da ADM Latam, destaca que o modo de preparo e a experiência visual e sensorial da carne é pensado desde a concepção do projeto e do investimento em tecnologia moderna. “Buscamos trazer a melhor experiência de consumo em nossos produtos e para isso pensamos em todos os processos e ingredientes, desde a formulação, até o modo de preparo que pode ser realizado pelo consumidor”.
Todos os produtos da foodtech são feitos de soja, por ser uma opção vegetal com um perfil nutricional mais completo do mercado, comparada às outras leguminosas e ingredientes. As proteínas da soja da ADM não possuem gosto residual, o que permite que a equipe brinque com os sabores e possa se aproximar do gosto da carne animal.
Além de fácil manuseio, a soja é um dos produtos mais baratos do mercado, o que permite que a PlantPlus Foods chegue a valores mais acessíveis. Como é o caso da iniciativa de vender uma unidade de cada hambúrguer (sabor picanha e costela). O valor é reduzido para aproximadamente R$ 7 e tem o objetivo de convidar as pessoas a conhecerem a marca, antes de desembolsar um valor alto.
“Hoje, o público que consome produtos plant-based é a classe A e B, porque começou assim, mas todo mundo quer consumir proteína e produtos de qualidade e a ideia é que cada vez mais as pessoas tenham condições de consumir a proteína vegetal”, diz George Bravo, head de vendas Latam da PlantPlus Foods.
Construção do sabor e textura
O primeiro passo para a produção do hambúrguer vegetal – o principal produto da startup – é pensar no que o consumidor quer ao olhar para ele. “Ele quer olhar para o produto e ver uma cor levemente avermelhada, então vou identificar dentro do meu portfólio quais são os ingredientes que garantem essa coloração similar ao hambúrguer de carne. Podemos pegar o suco concentrado de beterraba e extrato de malte para que juntos cheguem nessa cor de sangue”, explica Rodrigo Burakovas.
Depois disso, vem a boa experiência no preparo. “Ele tem que se comportar como um hambúrguer durante a produção, vamos colocar ele numa frigideira e eu quero ver o barulhinho da liberação da umidade, da gordura, quero ver a mudança de cor e no final, temos um hambúrguer igual de carne”, continua Burakovas, que diz que isso acontecerá pela composição de gordura vegetal adequada e proteína de soja funcionais que liberam água e gordura no momento certo.
Por fim, o consumidor tem a experiência da mordida. “Escolhemos proteínas texturizadas junto a outras funcionais. Também pensamos na liberação de umidade de gordura, ou seja, a suculência do produto. Tudo isso é pensado para trazer a melhor experiência para o cliente”, finaliza.
Aquisições para expansão
No início do ano, a startup fez a aquisição de duas empresas do setor alimentício na América do Norte, a canadense Sol Cuisine e a americana Hilary’s. As compras deram início à estratégia da PlantPlus Foods de expansão de negócios e complementaridade de produtos plant-based.
A Sol Cuisine é uma empresa de proteína vegetal em ascensão, com marca própria de pratos prontos e aperitivos. Os produtos da empresa são oferecidos por meio de uma plataforma de distribuição omnicanal no Canadá, nos Estados Unidos e no México.
A Hilary’s também é focada em proteínas vegetais e possui uma linha de produtos que não utiliza trigo, glúten, soja, laticínios, ovos, milho e nozes, atendendo consumidores que têm intolerância a esses ingredientes. O portfólio é composto por hambúrgueres e salsichas plant-based, com distribuição nos Estados Unidos e no Canadá.
O objetivo da startup é expandir pela América do Sul e alcançar novos pólos na América do Norte. Hoje, já está presente no Canadá, México, Estados Unidos, Brasil, Argentina e Uruguai e além dos mercados, os consumidores brasileiros podem encontrar os produtos da empresa no Burger King, Outback, Subway, Cabana, entre outros restaurantes.
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