





A Endeavor é a rede formada pelas empreendedoras e empreendedores à frente das scale-ups que mais crescem no mundo e que são grandes exemplos para o país.
A história da Solfácil poderia ser contada apenas em uma única frase.
“Se você for cair, caia para frente”.
Quem disse isso foi o ator Denzel Washington. Mas poderia ser a história do Fábio e do Guillaume na jornada para criar a primeira fintech solar do Brasil.
A Solfácil nasceu de um propósito maior: mudar a vida das pessoas de forma significativa, por meio de energia solar limpa e acessível.
Todo propósito nasce de um plano, e todo plano tem seu estepe.
Mas não para os empreendedores: não existia o plano B. Era tudo ou nada. Era acreditar nos sonhos, aprender com os erros e seguir em frente para que o plano A acontecesse.
E aconteceu.
A primeira empresa, a papelaria e o grande prejuízo
Existe um ditado que diz que nada é por acaso.
A vida é cheia de pistas, e muitas delas já indicam sobre como vai ser o futuro. Com o Fábio Carrara não foi diferente.
Nascido e criado na cidade de Sumaré, região metropolitana de Campinas, Fábio nunca teve contato com o empreendedorismo. Filho de funcionários públicos, nunca pensou em se aventurar no universo empreendedor, e abrir uma empresa era algo que estava fora dos seus planos de vida.
Mas o destino é teimoso. E mesmo nas brincadeiras com os amigos, Fábio já dava os primeiros sinais de que a ideia de montar o próprio negócio era parte de sua essência.
“Quando eu era pequeno, minha família tinha fiado em uma loja de papelaria perto de casa e, eu e meus amigos, íamos lá comprar as coisas para revender. Eu tentava ser um concorrente da loja.Não demorei para perceber que aquilo não ia dar certo e logo meus pais ficaram com um baita prejuízo na conta.” – relembra Fábio.
O tempo passou, e logo Fábio foi estudar na capital paulista, na Poli-USP. Era ali que as coisas começaram a tomar um novo caminho.
A mudança, a faculdade e a virada de chave
Na capital, começou a enfrentar os desafios de estar em uma das maiores faculdades do mundo.
Porém os novos aprendizados não assustavam Fábio, que sempre se mostrou disciplinado em todas as suas rotinas.
“Quando eu era pequeno, fazia um tratamento médico e minha mãe brincava que nem precisava se preocupar em me dar remédios porque eu mesmo cobrava ela. O tratamento acabou sendo uma desvantagem para mim, mas me incentivou a sempre me superar, encarar de frente meus desafios. E isso, no futuro, refletiu de forma positiva quando eu escolhi o empreendedorismo, pois eu nunca desistia do que eu queria”, conta.
A perseverança de Fábio foi além e logo depois da faculdade, engatou um MBA internacional, na Filadélfia, Estados Unidos. E, estudando com a nova turma, uma chave virou. “Lá eu comecei a pensar o que ia fazer depois do MBA. Eu trabalhava com consultoria estratégica antes disso e fiquei refletindo muito sobre meu futuro. Então, decidi conversar com meus colegas para ver o que eles iriam fazer e a maioria queria trabalhar com investimentos. Eu não me empolgava com isso, queria algo mais. E nesse meio tempo comecei a me identificar com o empreendedorismo”, completa.
Não demorou para a identificação virar um sonho e ainda no MBA, tomou mais uma decisão importante: criou sua primeira startup.
A startup, a queda e o aprendizado
A empresa era um marketplace que conectava restaurantes com os seus fornecedores. A ideia principal era ajudar a indústria de food service a se desenvolver com mais eficiência.
“Essa indústria era enorme e pouco eficiente na parte de sourcing e, seguindo meu propósito de encontrar uma dor e ajudar a resolvê-la, criei esse negócio. Queria viabilizar uma demanda que existia de fornecimento de materiais” ,- relata.
A startup se inspirava em modelos de sucesso de 2012. Era o Groupon, de compra e venda em grupo, só que para o modelo B2B.
Porém, o negócio não vingou. “Cometi muitos erros de primeira viagem. Eu tinha muita teoria e pouca prática. Ficávamos no escritório pensando e não falávamos com clientes, não entendíamos suas reais necessidades”, conta.
Mesmo com a primeira queda, precisava continuar. Só que, dessa vez, na sua terra natal.
A segunda tentativa, a inspiração e o começo de tudo
De volta ao Brasil em 2012, Fábio tentou empreender mais uma vez.
Não havia plano B.
Fábio sabia que esse era seu destino e acreditava em um propósito maior para mudar não somente sua vida, mas também a vida das pessoas. “No final daquele ano resolvi estudar várias oportunidades de negócio e comecei a sentir que ia cometer mesmo erro se começasse um negócio que não tinha sentido para a minha realidade. Vi que não tinha propriedade para resolver a maioria daqueles problemas, porque muitos diziam a respeito sobre outros países”, conta.
Enquanto não encontrava uma dor real para resolver, Fábio trabalhava em uma empresa de Venture Capital, que também era uma incubadora de pequenos negócios. Ali, viu sua segunda chance: podia aprender mais sobre empreendedorismo e encontrar uma nova ideia.
Nesse meio tempo, um colega de Sumaré o convidou para montar um e-commerce a partir de uma loja física.
“Aprendi um pouco sobre marketing digital, mas acabou não dando certo também. Foi a segunda falha. Porém, tirei uma lição importante: era preciso ter foco. Não dá pra empreender part-time. Os três sócios desta loja não estavam integralmente no negócio, por isso não deu certo,” revela..
Com isso, Fábio ficava cada vez mais entusiasmado em criar seu próprio negócio .
Um pulo em Berlim
Durante uma viagem a negócios para Berlim, Fábio teve uma conversa reveladora com um dos sócios de uma empresa parceira, que foi a inspiração para começar a Solfácil.
“Ele disse que metade do negócio na Alemanha era para geração de leads de sistemas de energia solar residenciais. A empresa era uma intermediadora onde pessoas que queriam comprar um sistema de energia solar faziam um orçamento, e essa empresa repassava o valor para integradores de instalação de energia solar que podiam atender esses clientes”, conta.
De volta ao Brasil, Fábio não tirava essa ideia da cabeça. Sentia que, daquela conversa, nasceria sua empresa. Começou a estudar mais sobre esse novo modelo de negócio e tomou uma decisão: pediu demissão para recomeçar sua trajetória empreendedora.
A ideia, mais uma tentativa e o recomeço
“Decidi que iria abrir uma empresa que vendesse uma solução para o cliente final: a placa de energia solar. E para isso, era preciso estudar toda a engenharia de instalação, modelo de negócio e viabilidade de mercado. Eram muitas coisas novas para aprender, mas resolvi ir em frente. Peguei um dinheiro que havia guardado e fundei a Solstar”, conta.
A Solstar foi o embrião da Solfácil.
E não demorou para o empreendimento crescer e virar uma das maiores empresas do setor. Um negócio sustentável que criava energia limpa e ajudava as pessoas a economizar.
Ali estava a resposta que Fábio tanto procurava.
Mas, como nem tudo são flores, mais obstáculos surgiram.
“Eu estava tão imerso que, em um primeiro momento, decidi não ter sociedade. Achei que conseguiria fazer tudo sozinho, com maior agilidade. Mas não foi bem assim”, conta.
E não era só isso. A Solstar enfrentava outro problema: muitos clientes se mostravam interessados, o produto atendia suas necessidades, mas eles não fechavam negócio. Isso acontecia porque o valor era alto demais.
A maioria das pessoas não tinha capital para esse tipo de investimento e acabavam se frustrando com os valores de instalação e manutenção.
A grande descoberta, o início da Solfácil e a chegada de Guillaume
Aprendendo com os erros, Fábio decidiu que dessa vez seria diferente: conversaria e entenderia o seu público.
Com isso, fez uma grande descoberta, que mudaria o rumo não apenas da sua empresa, mas de todo um setor e até mesmo do país. “Descobri que a energia solar, apesar do seu retorno futuro, é um investimento caro. A maioria das pessoas não tinham capital para investir e nem uma poupança suficiente para fazer esse investimento, que entrava na casa dos milhares de reais”, relata.
Com isso, a epifania: existia outra dor a ser resolvida. Além da energia, e do sustentável, existia a dor do acesso.
O marketplace precisava virar uma fintech e garantir o financiamento do produto para seus clientes.
Mas para isso era preciso capital. E na busca por esse investimento Fábio conheceu Guillaume.
“Eu fui falar com o IFC, o banco mundial. Lá eu conheci o Guillaume, que era o head de Energia. Ele já tinha uma história muito longa com as placas solares. Ele é francês e trabalhou numa startup de energia solar por sete anos antes de se juntar ao IFC, onde fazia toda parte de projetos financeiros. Então, quando falei da Solfácil, ele se conectou muito com a ideia e logo se juntou como CFO e como head do Mercado de Capitais”, conta
Com a decisão da pivotagem, de transformar a empresa em uma fintech e a chegada de Guillaume, a Solfácil nascia em 2018.
Mas a história não acaba aí.
A Solfácil, a Endeavor e o impacto
As conexões são essenciais para o desenvolvimento de um negócio. E esse foi o aprendizado que guiou Fábio e Guillaume dentro da jornada na Endeavor.
“O começo da nossa relação com a Endeavor foi o Programa Scale-Up Endeavor, mas não demorou para seguirmos mais adiante nessa jornada, até virarmos Empreendedores Endeavor. Poder usufruir de uma rede de empreendedoras, empreendedores, mentoras e mentores que compartilham das mesmas dores, e que já passaram por todos os estágios de levantar uma empresa está sendo essencial para construir o ecossistema que é a Solfácil”, conta Guillaume.
Esse ecossistema hoje já é referência no setor: são mais de 14 mil projetos de energia solar instalados e a redução de mais de 9 mil toneladas de emissão de carbono. Para se ter ideia, uma hidrelétrica é capaz de gerar, anualmente, mais de 300 mil toneladas de gás carbônico apenas para o consumo residencial. Isso mostra o quanto a energia solar é significativa para o meio ambiente ao ajudar a diminuir os gases nocivos na atmosfera.
Além disso, com a facilidade de financiamento, o número de residências brasileiras com placas de energia solar aumentou exponencialmente ao longo dos anos, e hoje são mais de 400 mil lares que economizam energia e são empoderados pelo sol.
…
O Fábio e o Guillaume são exemplos do que acontece quando se acredita em um propósito. E a Endeavor foi uma parte fundamental durante essa jornada de resiliência, levando conexões relevantes e insights de negócios para os empreendedores.
Afinal, não existe o sucesso sem os desafios. E não existe um plano B quando se acredita em um propósito. A resiliência motiva o empreendedorismo e o empreendedorismo muda o mundo.
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