*Por Fernando Nunes

A implementação do Open Finance no Brasil evoluiu muito nos últimos meses. Embora estudos mostrem que o PIB dos países que adotam esse modelo possam ser impulsionados em até 5%, ainda existem alguns entraves que precisam ser superados para que essa frente alavanque o sistema financeiro nacional e, de fato, gere mais inclusão de consumidores e competitividade entre os atores participantes.

Um dos entraves é que o Open Finance não é um produto, diferentemente do PIX que substitui as transações comuns (TED e DOC) e facilmente foi adotado pela maioria dos brasileiros. Justamente por não ser um produto, é essencial que ocorra adequação e educação do mercado a respeito do compartilhamento de dados sobre as finanças de todos os entes que participam do sistema financeiro nacional e também conscientização sobre segurança de informações financeiras.

Por outro lado, a disposição de adesão prevista por parte do público é grande: uma pesquisa realizada pela EY mostra que 83% dos consumidores brasileiros enxergam de maneira positiva a realização de parcerias das instituições financeiras com outras empresas, seja de dentro ou de fora do setor e apenas 2% desaprovam tais parcerias, enquanto na Austrália e na Inglaterra (onde o Open Finance já é realidade), em média, apenas 56% aprovam as parcerias e 7% as desaprovam.

É preciso destacar que o sucesso da implementação do Open Finance também depende, em grande parte, da capacidade técnica e operacional do regulador para efetuar a análise das APIs — aplicações que conectam serviços oferecidos por diferentes instituições — produzidas pelos participantes. Essa análise técnica deve ser feita pelo Banco Central (BC) que já vem realizando um excelente trabalho.

Inicialmente, a centralização da estruturação, da implementação e da supervisão do sistema pelo BC pode ter gerado preocupações e represamento de demandas relacionadas à fluidez da implementação do Open Finance no Brasil. No entanto, assim como o PIX, essa atitude tem se provado eficaz na busca por competição entre os participantes do sistema financeiro nacional.

Além disso, é preciso promover diálogo entre as partes participantes e solucionar eventuais conflitos que envolvam os bancos, as fintechs e os provedores terceirizados. Observando o Reino Unido, por exemplo, podemos notar a criação de uma entidade implementadora denominada Open Banking Implementation Entity, ou OBIE. Essa entidade foi formada pelos nove maiores bancos do país com o objetivo de estabelecer padrões técnicos comuns que pudessem ser utilizados na implementação do Open Finance.

Os atrasos, ainda que negativos, não geraram grandes prejuízos. Inclusive, até possibilitaram que as instituições participantes se aproximassem e trocassem mais informações sobre desafios encontrados na jornada, permitindo que o regulador também pudesse analisar alguns pontos da implementação que podem ser melhorados.

Quais as vantagens do Open Finance?

O Open Finance permite inovar e impulsionar a competitividade, além de promover transparência nas relações entre instituições e clientes. As possibilidades de criação de serviços e produtos são enormes, o consumidor também possui mais autonomia e flexibilidade para contratar produtos mais adequados a sua realidade, a experiência se torna melhor e os serviços mais baratos.

Estamos no caminho certo! Destravando alguns desafios técnicos, estaremos prontos para avançar ainda mais.


Fernando Nunes é cofundador da Transfeera, fintech de gestão e automação de pagamentos e recebimentos que ajuda empresas a simplificarem a rotina financeira.

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