*Por João Kepler

Três dias após a eleição que confirmou a vitória nas urnas de Luiz Inácio Lula da Silva, é possível realizar algumas análises com base nas movimentações do mercado nacional e mundial e como continuar investindo, além de claro, considerar os primeiros resultados que nos ajudam a entender o atual momento do país e da economia que dita as regras da evolução ou retrocesso de qualquer nação.

Primeiro ponto a ser considerado, já na segunda-feira a notícia que ganhou a mídia foi o fato do dólar cair e da bolsa subir, após vitória de Lula. O dólar fechou em queda de 2,5% e o índice Ibovespa avançou pouco mais de 1%. Depois, é claro que nesse momento algumas especulações farão parte do repertório de qualquer conversa em relação ao futuro da economia, mas com ressalvas importantes a serem consideradas pelos tomadores de decisões.

De acordo com os discursos e posicionamento pós-vitória do presidente eleito, tudo indica que um novo plano de ação já está em curso, e que terá como base mais fiscalização. E isso independe de quem for escolhido como Ministro da Economia, e deve ser crucial para o debate atual. Lembrando ainda que Lula terá certa facilidade em apresentar essa narrativa no exterior, observamos líderes de países e parte da mídia inclinada a favor do novo presidente, ou seja, mais um ponto a favor nesse quesito.

Se as decisões de alocação de onde seguir investindo são conscientes e respaldadas, os resultados podem se tornar realmente surpreendentes no futuro próximo.

Por tudo isso, elenquei 10 pontos que vão te ajudar a entender porque o momento pode se apresentar, inclusive, como uma oportunidade para os investidores em startups no Brasil.

Motivos para continuar investindo:

1. Com o reconhecimento da vitória de Lula e fim das incertezas que vivemos nos últimos meses, o novo presidente certamente vai mirar em anunciar uma equipe técnica que agrade todos os lados e assuma o ministério da fazenda com propriedade.

2. Teremos superavit primário esse ano, dívida controlada, ou seja, o novo governo começará muito bem no fiscal. Detalhe, poucos países podem se dar ao luxo de dizer isso atualmente (e isso atrai inclusive estrangeirossigam investindo por aqui).

3. Mais do que nunca faz total sentido investir em ativos que são descorrelacionados como em Startups. Se você deseja entender melhor esse ponto, sugiro a leitura de outro artigo de João kepler sobre as Startups e a classe de Ativo descorrelacionado.

4. Com as articulações do presidente eleito e apoios já declarados, o mercado tende a se estabilizar rapidamente de agora em diante.

5. Com essa estabilização, além de ser um ativo descorrelacionado, as Startups passam a fazer mais sentido ainda em função dos resultados que são obtidos no longo prazo para aqueles que optam por investir em negócios e Equity.

6. Como os economistas estão prevendo, haverá um reajuste mais forte também nesse primeiro momento de queda para as estatais, o que na contramão (pelo perfil do novo Governo) se torna favorável para as empresas ligadas aos setores educacionais e algumas do varejo. E imagina só quantas startups desses setores vão se beneficiar nesse momento?

7. Como sempre friso, independente das oscilações internas ou externas, manter uma carteira diversificada e bem balanceada, é lição de casa básica para qualquer investidor. E ela precisa estar ajustada para que não sofra todo o impacto da volatilidade, é por isso que é preciso descentralizar e alocar em ativos descorrelacionados, pois aparecem neste momento, como uma melhor opção.

8. Considerando ainda o mercado externo, tudo indica que veremos vários países entrando em recessão, com inflação alta e que, consequentemente, vão ser obrigados a tomar medidas mais austeras na economia para conter essa inflação. Logo, entender esse cenário e se preparar para ele é fundamental. De qualquer forma, os negócios inovadores e Startups nascem justamente para resolver e solucionar problemas, foi assim inclusive na pandemia.

9. Nesse momento de avaliações, não deixe de rever o seu perfil de investidor e de risco. Por isso. alocar recursos em um Pool de investimento, que agrega maior número de Startups e diversifica, é um melhor caminho para se sentir mais seguro quanto aos aportes, aos resultados e a gestão dos negócios investidos. No médio e longo prazo, sabemos que não existe nada mais seguro e rentável que investir em negócios.

10. Por fim, se algum investidor ainda está preocupado e por consequência menos propenso a investir, é preciso voltar a ser fiel a sua TESE e entender melhor os investimentos Convexos (Leia o aritgo de João Kepler artigo sobre Convexidade no Investimento em Startup). É preciso portanto, ficar atento as oportunidades e as boas startups que vão aparecer para investir daqui por diante.

Não tenho dúvidas (e aprendi isso ao longo da vida) que são justamente nesses momentos de “crise” e adaptações que as melhores oportunidades se apresentam.

*João Kepler é escritor, anjo-investidor, conferencista, apresentador de TV, podcaster, CEO da Bossanova e pai de empreendedores. Especialista na relação empreendedor-investidor, foi premiado por 4x como o Melhor Anjo-Investidor do Brasil pelo Startup Awards.

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