* Por Diogo Catão
O ecossistema de investimento em startups vive uma turbulência frente ao aumento da inflação na maioria dos países, além de conflitos internacionais como a Guerra na Ucrânia. No Brasil, o pós-eleições gerou mudança no comando da presidência, após definição do segundo turno das eleições, haverá grandes transformações em diversos segmentos da economia e da sociedade com o presidente Lula à frente do país. O governo do PT tem um programa mais voltado para a distribuição de renda e a política econômica visa à reconstrução social – o que deve atrair novos tipos de investimentos para startups, especialmente entre as govtechs.
Não é novidade que investir em startups é um ótimo negócio para promover o desenvolvimento econômico e social. Um estudo realizado pela consultoria britânica Grant Thornton, em parceria com a Associação Anjos do Brasil, mostra que, a cada R$ 1,00 aplicado em investimento-anjo, R$ 5,84 são gerados na economia e R$ 2,21, em forma de tributação.
Com essas projeções e resultados palpáveis no fechamento da folha de pagamento, países em todo o mundo começaram a desenvolver políticas públicas de incentivo, estímulo e apoio ao desenvolvimento de startups. Tudo depende da forma como são tratadas as prioridades, os investimentos e as políticas estruturantes ligadas ao setor, com o potencial de gerar soluções tecnológicas que promovam novos empregos e geração de renda para a sociedade.
Mercado pós-eleições
O mercado de startups mudou muito desde a última eleição presidencial no Brasil, em 2018. Antes menores, as empresas de tecnologia estavam fora do radar dos candidatos ao Planalto. Agora, com investimentos que ultrapassaram US$ 9 bilhões apenas em 2021 e sendo uma fonte de empregos bem remunerados, o setor cresceu e tem suas demandas para o próximo mandatário do país.
No contexto pós-eleições, essa dinâmica deve se acelerar, levando em conta também a proposta de criação de novos ministérios. Com a movimentação de milhões de reais e de novos projetos, as demandas por esses serviços de tecnologia devem crescer substancialmente no país. Vão surgir novas oportunidades que não eram contempladas ou não eram prioridade no governo de Jair Bolsonaro.
Por outro lado, o risco de estourar o teto do orçamento é maior em um governo progressista. É inegável que haverá diversificação de investimentos, mas eles são considerados de risco. Neste cenário, o aumento do aporte em TI e govtechs é muito importante para alavancar o setor de inovação, mas também é muito prudente que o novo governo se atente ao limite de gastos.
Para o universo das startups em 2023, as políticas públicas de incentivo dos governos estaduais também serão decisivas. O Nordeste seguiu a linha do governo federal, na contramão do restante do país. Neste cenário, devem surgir diversas iniciativas próprias regionais, mas no geral, mesmo em descompasso de campanha com o governo federal, muitas políticas estaduais podem se alinhar com o passar dos meses e anos, levando em conta a necessidade de colaboração nas duas esferas.
Durante o período de campanha, o PT prometeu ainda fomentar iniciativas em parcerias com o Banco do Brasil, BNDES e outros órgãos para estimular o empreendedorismo, a redução da fome, do desemprego e do endividamento. Essas ações também poderão ser alternativas para o ecossistema de startups que visa promover soluções para o setor público.
A expectativa é positiva e muitas empresas já podem se preparar para uma nova fase e uma série de oportunidades em escala nacional. Mas o mais importante é que a startup esteja atenta e não fique dependente de investimentos públicos. Ela deve sempre executar seus projetos privados e gerar a própria renda para que sua sobrevivência não dependa de quem estiver no poder. Afinal, como pudemos ver no último dia 30, tudo sempre pode mudar.
Diogo Catão, CEO da Dome Ventures, uma Corporate Venture Builder GovTech que nasceu com o propósito de transformar o futuro das instituições públicas no Brasil.
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