Programa de partnership para startups é o próximo assunto do “How to…” – quadro em que o Startupi explica, com ajuda de especialistas, termos e processos para novos empreendedores. O que é e como funciona? Lucas Mantovani, cofundador da Legaltech Marqui, explica. 

Segundo Mantovani, o programa de partnership é um plano integrado na cultura organizacional que visa promover e incentivar os colaboradores de uma startup através do crescimento planejado e transparente dentro da empresa ao longo do tempo. É uma iniciativa para que colaboradores se tornem sócios do negócio. 

A ideia central é fomentar o crescimento de cada uma das pessoas que compõem o time conforme critérios meritocráticos, onde cada colaborador pode se tornar sócio da organização de acordo com a sua trajetória e contribuição para o todo. “Dentre os benefícios do programa de partnership, podemos mencionar o aumento da produtividade e o desenvolvimento do time, fomentando o intraempreendedorismo dentro da empresa e o ‘senso de dono’ do negócio”, explica Mantovani sobre o programa de partnership.

No entanto, apesar de parecer uma prática de alto valor para qualquer empresa, se trata de um projeto extremamente estratégico, com alto impacto em todo negócio. Por isso, sem dúvida existe o momento para avaliar e implantar essa estrutura. 

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Programa de partnership: três tipos de critério

Critério temporal

É estabelecido através de um contrato de vesting no qual o optante terá direito a adquirir uma participação minoritária na sociedade de acordo com o tempo em que ele está se dedicando à empresa.

– O critério temporal é objetivo e deve ser aplicado igualmente a todos os optantes;

– O optante deverá permanecer na empresa por um período mínimo (cliff);

– Após o cliff, inicia-se o período aquisitivo para que o optante seja inserido na sociedade;

– A vantagem do critério temporal é a transparência e a previsibilidade para o colaborador.

Critério de metas

Segundo Mantovani, este é um critério mais colaborativo onde os fundadores, juntamente com os colaboradores, vão estabelecer as metas específicas que deverão ser atingidas para que estes possam ingressar no quadro social.

– A principal vantagem é o incentivo imediato que as metas vão gerar, focadas no médio e longo prazo e definidas em conjunto com os colaboradores optantes;

– As metas, assim como o critério temporal, dão ao colaborador mais previsibilidade;

– O partnership por metas é mais recomendado para Sociedades Anônimas ou para LTDA’s que estejam perto de se transformarem, já que o ingresso do colaborador no quadro societário se dá através de um stock option plan, previsto na Lei das S.A;

– Neste modelo, o valor das quotas fica engessado para que o colaborador, ao atingir as metas, possa adquiri-las por um valor abaixo do preço de mercado.

Critério discricionário

Aqui a decisão para escolher quem vai entrar ou não na sociedade é totalmente subjetiva e fica a cargo dos sócios fundadores. No entanto, o elemento subjetivo se aplica apenas para a escolha de quem vai entrar no programa, de modo que é possível estabelecer, paralelamente, critérios objetivos para avaliação dos escolhidos.

– O critério discricionário limita o número de optantes do partnership, já que apenas os escolhidos pelos fundadores integrarão o programa;

– Podem ser adotados como critério objetivo o estabelecimento de metas de OKR ou KPI para o optante;

– O ingresso do optante na sociedade é imediato e se dá através de um contrato de cessão de quotas.

– O critério discricionário é uma solução de curto prazo que pode ser aplicada quando os fundadores identificam a necessidade mais imediata de atrair/reter talentos.

Por fim, Mantovani lembra que é importante que o plano do programa de partnership seja construído sem prejudicar o chamado “bloco de controle”, mantendo a participação majoritária dos sócios fundadores intacta e considerando as várias rodadas de investimento pelas quais uma startup pode passar.

“Seja qual for o critério escolhido por você e seus sócios, lembre-se que o arranjo contratual por trás do programa de partnership precisa ser elaborado com cuidado e planejamento, orientado para o longo prazo da empresa e os melhores interesses dos fundadores”, reforça Mantovani.

O que fazer antes de aplicar o programa 

1. Ter estratégia

A empresa ou startup precisa ter clareza da sua missão, valores, objetivos e para onde quer crescer. Isso permite saber quais colaboradores farão sentido para o programa e permite construir uma estratégia para o programa. 

2. Ter uma cultura já definida

O programa de partnership é considerado o “último nível” de maturidade do ambiente de pessoas em uma empresa, o que significa que é fundamental ter os valores bem definidos e uma cultura estruturada que já esteja conectada à estratégia do programa. 

3. Quem pode participar

Para ter sucesso no programa de partnership é preciso ter claro quem pode fazer parte dele, pelo fit cultural bem alinhado. Tenha conhecimento da sua estrutura de pessoas e como os colaboradores crescem e contribuem para a empresa/startup.

4. Financeiro estruturado

Para trazer novos sócios para o negócio, é imprescindível ter conhecimento financeiro e gerencial. Saiba o lucro, as projeções financeiras e o valuation do seu negócio, para poder dividir, doar ou vender cotas para colaboradores.  


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