“Paulista, palmeirense, apaixonada por tecnologia, inovação e novos modelos de negócios!”. É assim que se descreve Natália Bertussi, coordenadora nacional de startups no Sebrae. Nascida em Bauru, interior de São Paulo, Natália se mudou com a família para Brasília ainda na infância: “sou paulista, mas também sou brasiliense”, diz.

E foi em Brasília que Natália estudou, fez carreira e tem ajudado a transformar o ecossistema empreendedor brasileiro. Estudou o bacharelado e o mestrado em Administração na Universidade de Brasília – instituição em que também lecionou -, além de um MBA na FGV. Em seus oito anos de Sebrae, seis deles são liderando ou participando ativamente da criação e desenvolvimento de alguns dos mais relevantes projetos de fomento ao empreendedorismo e inovação do Brasil.

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Natália conta que desde muito jovem tem uma veia empreendedora. Aos 10 anos, Natália realizou sua primeira venda online: pelo Mercado Livre, comercializava papéis de cartas para todo o Brasil. E deu certo: “eu comprei, aos 11 anos, meu primeiro telefone sem fio, para deixar no meu quarto, com o lucro das minhas vendas”, conta. “Sempre fui uma empreendedora nata, sempre tive essa paixão por inovação, algo que herdei do meu pai.”

Quando entrou para o time do Sebrae, entretanto, ela ainda não conhecia bem o ecossistema de startups. Em 2015, quase ninguém conhecia. Ficou meses integrando o time de Comércio Eletrônico da instituição, estabelecendo a estratégia de atuação em e-commerce do Sebrae Nacional. “Aí, a carteira de startups do Sebrae veio para a minha área. Eu não estava muito segura, mas meu gestor me disse que estava ‘entregando o diamante da unidade’ nas minhas mãos. Desde então, eu mergulhei de cabeça nesse universo”, explica.

Dos primeiros passos ao futuro de Natália Bertussi

Como o ecossistema ainda estava começando a se formar no Brasil, ainda havia pouca literatura sobre o tema por aqui. E Natália precisava aprender, e rápido. “Comecei fazendo uma imersão para entender o que era, como funcionava… Principalmente buscando fontes fora do Brasil, que eram mais abundantes que as nossas”, diz.

E o que mais chamou a atenção, além da capacidade do brasileiro de empreender e inovar, foi a força da comunidade que estava começando a se formar por aqui. “Eu percebi que é um universo muito alinhado com o meu perfil, porque há no ecossistema uma coisa que eu nunca tinha visto antes em outros mercados: o relacionamento. Para mim, esse é o ponto-chave desse setor. Nós nos baseamos muito nas nossas conexões, no networking, e o giveback é realmente colocado na prática dentro do ecossistema de startups. As pessoas estão, genuinamente, interessadas em ajudar umas as outras.”

E essa habilidade com pessoas é o que faz de Natália um grande nome deste mercado: direta ou indiretamente, ela já impactou mais de 8 mil startups brasileiras, seja com mentorias, conexões, facilitação de projetos… E essa lista só cresce. “No meu celular, tenho pelo menos 5 mil contatos diretos de startups. Metade dessas eu sei, de fato, o que faz e quem são os fundadores. Quando uma empresa ou um investidor entra em contato comigo, eu sei exatamente para onde direcionar esse contato.”

Em quase uma década atuando no Sebrae, Natália participou de todas as ações relacionadas a startups da instituição. Entre elas estão o InovAtiva Brasil – maior programa de aceleração do país, coordenado diretamente por ela -, StartOut Brasil – programa de internacionalização gratuito, que se tornou recentemente OutReach Brasil -, e grandes eventos de abrangência nacional, como o Startup Summit.

Ela também é curadora do palco de Empreendedorismo da Campus Party, gestora do Sebrae Like a Boss, já foi embaixadora do CASE e, desde que ficou à frente da carteira de Startups, já recebeu diversos reconhecimentos e prêmios, como 100 Open Startups e Startup Awards. Mas, para ela, o maior reconhecimento vem do feedback das startups impactadas por seu trabalho.

Com a voz embargada, Natália fala sobre sua missão: “Eu me emociono toda vez que eu recebo uma mensagem de uma startup. Nesse ecossistema, apesar de ter muita gente que se ajuda, tem muita gente cruel. É superimportante dar um feedback sincero para um empreendedor, mas você tem que entender que quem está ali é um ser humano, que está te apresentando muito mais do que uma empresa, é o sonho dessa pessoa. Muito MEI está vendendo hoje para a família dele ter que comer amanhã, é literalmente a sobrevivência da pessoa.”

Para o futuro do cenário de startups no Brasil, Natália tem uma visão otimista. “Acredito que o ecossistema está em um momento de se reacomodar. Nos últimos três, quatro anos, crescemos muito, e de forma desorganizada. E isso faz parte, é dor do crescimento. Muitos players entraram nesse setor meio que sem entender direito o que estavam fazendo, e agora estamos em uma fase de adaptação. Então, vejo mudanças boas no futuro”, completa.


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