O dinheiro do cliente é um indicador importante para o sucesso de uma startup, mas é fundamental avaliar que ele não é a solução para todos os problemas financeiros e pode não ser suficiente para permitir que a empresa alcance seu potencial máximo.

É importante encontrar um equilíbrio entre o dinheiro vindo de clientes e o dinheiro de investidores para maximizar o sucesso a longo prazo da startup. Considerando essa afirmação, o “How to…” dessa semana fala sobre como uma startup pode se preparar para captar o seu primeiro cheque – processo desafiador, mas que com planejamento e preparação adequada, é possível ter sucesso.

Monnaliza Medeiros, Head de Mercado e Portfólio da Bossanova Investimentos e traz um guia para ajudá-lo a começar na jornada de fundraising com estratégias.

Confira aqui o Mídia Kit do Startupi!

1.Identifique as necessidades de financiamento

Antes de começar a procurar investidores, é importante saber exatamente do que sua startup precisa e para que esse dinheiro será usado.

2.Crie um plano de negócios sólido

Um plano de negócios deve incluir informações sobre sua equipe, mercado, concorrência, produto ou serviço, estratégia de marketing e finanças. Onde a startup se encontra no momento e onde almeja chegar?

“Registre uma fotografia inicial com as métricas attuais do seu negócio e desenhe o cenário do próximo passo. Seu planejamento deve contar com uma estratégia de execução para o prazo de 12-18 meses”, explica Monnaliza.

3. Tenha seus principais indicadores em mãos

Para investir em uma startup, os investidores buscam métricas e algumas delas são fundamentais:

  • Faturamento e quantos por cento são recorrentes: MRR e ARR (mensal e anual)
  • Custo de aquisição de clientes (CAC)
  • Taxa de cancelamento (churn)
  • Valor de tempo de vida (LTV)
  • Total transacionado pelo negócio (GMV)
  • Taxa de queima de capital (burn rate) e tempo de vida em queima (runaway)

4. Crie uma apresentação atraente respondendo os questionamentos certos

Prepare uma apresentação (pitch) clara e concisa destacando a proposta de valor da sua startup. Inclua sua visão, objetivos, resultados e próximos passos. Responda:

  • Você resolve um problema real?
  • As pessoas pagam por isso?
  • Existe mercado?
  • Você consegue criar uma grande empresa com isso?
  • O negócio está indo bem? (KPIs)
  • Oportunidade de negócio x Saída.

“Prepare seu deck e ensaie o pitch até se sentir seguro. Certifique-se que a apresentação seja clara, concisa e destaque os pontos principais do seu plano de negócios”, reforça a head.

5. Identificar investidores adequados

Pesquise investidores que possam estar interessados em sua startup e que possam agregar valor além do financeiro.

É importante saber que sua rodada provavelmente contará com mais de um investidor. Segundo Monnaliza, a prática de coinvestimento entre fundos está cada vez mais popular, uma vez que gera diluição de riscos e também é uma grande vantagem para os empreendedores, que contarão com apoio estratégico de um grupo de pessoas com experiências distintas e conhecimentos diversos.

Seu processo de pesquisa de fundos precisa ser direcionada pelos seguintes questionamentos:

Minha startup tem fit com a tese desse investidor ou fundo?

Esse investidor é confiável? Possui histórico positivo com outras startups?

Possui algum acesso, conhecimento ou oportunidade que impulsionará minha startup no mercado?

O quão hands on será nosso relacionamento?

Quais fundos são complementares entre si e agregam nas necessidades do meu negócio?

6. Inicie relacionamento com as startups do portfólio

“A opinião de outro founder tende a ser mais sincera sobre investidores do que as manchetes. Entender a experiência de outros empreendedores é essencial para settar expectativas e evitar ciladas”, afirma Monnaliza.

7. Após validar os investidores que fazem sentido se conectar, inicie o relacionamento

Receber indicações é fundamental nesse momento, converse com um founder do portfólio, comunidades de empreendedores, eventos, site e redes sociais são as principais formas de conexão com investidores.

8. Nutra o relacionamento com investidores por meio de um report mensal

Informar investidores estratégicos dos seus feitos é uma ótima maneira de começar um relacionamento sério e transparente, assim eles também podem acompanhar sua evolução e indicar soluções para problemas.

9. Negociação das condições de investimento

Depois de atrair o interesse dos investidores, negociamos as condições de investimento, como valor do financiamento, percentual de propriedade e direitos de voto.

10. Formule um contrato

Depois de concordar com os termos do seu investimento, faça um acordo por escrito e de preferência com a ajuda de um advogado. “Lembre-se de que o processo de captação de recursos leva tempo e requer paciência e perseverança. Adapte-se ativamente e aprenda com o feedback dos investidores. Mantenha o foco na construção de um negócio bem-sucedido e sustentável”, explica Monnaliza.

11. Esteja pronto para a diligência

Durante a diligência de investimento em startups, os investidores realizam uma avaliação cuidadosa dos negócios para determinar se foi um bom investimento. É um processo detalhado que pode incluir a análise de vários aspectos da startup, como:

  • Produto ou Serviço
  • Modelo de Negócio
  • Propriedade Intelectual
  • Riscos e Oportunidades

E do ponto de vista jurídico:

  • Estrutura corporativa
  • Propriedade intelectual
  • Contratos e acordos
  • Questões trabalhistas
  • Questões regulatórias
  • Litígios pendentes
  • Questões de conformidade

12. Atualize seu planejamento financeiro

Entenda os prazos de recebimento do seu investimento e prepare-se considerando os diferentes cenários. Será feito integralmente em parcela única ou em parcelas (tranches) condicionadas? Assim como aconselhado nas finanças pessoais, no mundo dos negócios é o mesmo: só conte com o dinheiro que estiver na sua conta. Enquanto o dinheiro não estiver disponível, esteja preparado para cobrir eventualidades.

“Captar recursos para uma startup pode ser um processo demorado, que exige muita paciência e perseverança. É importante ter em mente que captação de recursos é uma maratona e não uma corrida de 100 metros, ou seja, requer um esforço constante e um planejamento bem estruturado”, reforça Monnaliza.

O tempo médio para uma captação anjo – seed é de 6 meses, mas pode acontecer em um período menor ou maior. O mercado é dinâmico e existem muitas variáveis que influenciam no momento da captação, como as condições econômicas e a concorrência. “Por isso, é importante ter um cronograma e um planejamento sempre atualizados. Porém, para garantir um crescimento sustentável da startup, é recomendado que se opere próximo ao ponto de equilíbrio, minimizando a dependência de financiamento externo e aumentando a segurança financeira do negócio”, finaliza.

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