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Publicado em: 12 de julho, 2023
Iana da Hora

Dados. Informação. Tecnologia. 

É assim que a LogComex gera valor na supply chain global.

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Foi a partir de uma dor, a carência de inteligência no comércio exterior, que a empresa surgiu em 2016, em Paranaguá, no Paraná. Com uma missão ambiciosa: transformar a maneira que as empresas fazem o comércio global.

Com o uso de informação e tecnologia, o objetivo de Carlos e Helmuth era promover processos transparentes para gerar negócios mais competitivos.

Agora, em comemoração à nova posição de ambos como Empreendedores Endeavor, eles contam a trajetória que os trouxe até aqui e também qual a visão de futuro para a scale-up.

Carlos e Helmuth, qual foi o Day1 de vocês com a LogComex?

C: “Foi quando eu conheci o Helmuth, quando ele estava tentando vender o software que estava desenvolvendo para a empresa em que eu trabalhava. Foi legal encontrar uma pessoa tão alinhada com meus ideais de construir algo no mercado de comércio exterior.”  

H: “Foi uma época, eu estava com muitos problemas de vida pessoal, filho pequeno, esposa grávida, quase desistindo, aí fomos aprovados no programa de aceleração.”

Vocês já estão empreendendo há bastante tempo, quais foram os principais desafios que vocês encontraram nessa jornada?

C: “Conseguir os primeiros clientes e manter o foco. Nós, empreendedores, ficamos deslumbrados com o futuro, mas os recursos são finitos e é preciso escolher as batalhas. Sempre buscamos manter a empresa lucrativa, o que é muito divergente do padrão, geralmente as startups estão queimando dinheiro. O processo todo de aprendizado é difícil.”

H: “Para mim, o maior desafio está relacionado à comunicação, estamos em um mercado complexo, que não é tão sexy. Comunicar o que fazemos com clareza é desafiador. Lidar com a montanha-russa que é empreender também é difícil, lidar com as emoções. Outro desafio é manter a estrutura enxuta, de fazer mais com menos, mesmo quando a empresa cresce. Após o Series A, a empresa ficou mais capitalizada e passamos a trazer pessoas mais sênior, num modelo startup enxuta. É fácil  perder a mão, é preciso manter o pé no chão.”

Como que aconteceu a conexão com a Endeavor e como o Scale-Up impactou o negócio?

H: “Na verdade, a Endeavor foi uma das coisas que me fez empreender. Eu assistia os Day1’s e me inspirava, mesmo enquanto trabalhava na iniciativa privada. Eu larguei meu trabalho para empreender, muito inspirado pelos conteúdos da Endeavor, mas também com noção da realidade do empreendedorismo. Em 2018, participamos pela primeira vez do Scale-Up, fomos atraídos pelo pessoal, mas naquela época estávamos muito imersos na operação da empresa e não conseguimos priorizar o maior desafio que estávamos enfrentando, então não aproveitamos muito. Já na segunda edição, conseguimos aproveitar mais porque os desafios estavam mais bem desenhados para nós mesmos. Estávamos mais prontos para aproveitar o conhecimento que mentoras e mentores compartilhavam. 

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Valorizo muito na Endeavor a ideia do kimono aberto. Aqui as pessoas compartilham de fato problemas reais do empreendedorismo. Percebem que as pessoas que empreendem não são seres fantásticos.

C: Ter apoio empreendendo é sempre difícil, os livros são distantes. É muito valioso ter contato com outras pessoas empreendedoras, que passaram pelos mesmos processos. Fomos percebendo que existe um carinho especial pela Endeavor, um sentimento de comunidade. Nessas trocas com a rede Endeavor entendemos como era importante ser mais concisos, mais diretos. Entendemos como é proveitoso superar um problema de cada vez, com foco. Até hoje tem sido muito importante ser parte da Endeavor, a organização nos abre portas que não seriam abertas sem ela.”

Teve algum desafio específico que marcou a trajetória de vocês aqui na Endeavor?

C: Vários. Tivemos uma mentoria de precificação com o Alessio, Empreendedor Endeavor da Pipefy. Em SaaS é muito difícil precificar, mas a mentoria dele nos ajudou a organizar o processo, ter mais clareza, simplificar o plano, reduzir o ciclo de vendas. Depois dessa mentoria a precificação ficou mais usage-based, menos cheia de variáveis. Mas acho que o maior aprendizado é entender que a gente não está sozinho na jornada empreendedora e que as coisas vão quebrar, mas vão dar certo.”

H: “Uma outra ocasião, foi no segundo Scale-Up que participamos, a gente tava com um desafio para abrir a rodada de captação: comunicação, material, deck, enfim.  Tivemos uma mentoria com o Carlos da RunRun.it.  Esse papo foi transformador pra gente, nos ajudou a ter clareza na comunicação, principalmente para o Seed. Agora no Painel de Seleção Internacional, também tivemos duas mentorias com o Raul de Singapura, para melhorar e afinar o pitch. Em uma hora de conversa ele deu toques que melhoraram em 10 vezes nosso pitch. Ele conseguiu condensar nossa apresentação muito melhor que a gente, justamente por ele já ter experiência em fazer isso com outras empresas, trouxe capacidade de síntese e clareza para a forma que nós comunicamos nossa empresa.”

Kimono aberto e empreendedorismo real. Quais os desafios que ninguém fala?

H: “Tem uma crença de que founders das empresas sabem de tudo. Existe um efeito halo, você é bom em uma competência e as pessoas pensam que você é bom em todas as outras. E isso não é verdade. Um ponto fundamental da Logcomex é que nós dois temos habilidades complementares. Na Endeavor, a gente vê que as pessoas têm desafios, problemas e limitações, então é uma jornada. Enquanto founders, à medida que a empresa escala e cresce, nós precisamos nos desenvolver também. E para isso é importante estar conectado com pessoas que estejam um ou dois passos à frente em termos de escala. Em meia hora de conversa você consegue acelerar um ano e meio. Assim você consegue errar menos, testar suas hipóteses com as experiências dos outros. Às vezes a solução está na sua cara, mas a imersão no operacional não te permite enxergar.”

C: “A Endeavor cumpre esse papel de ser nossa rede de apoio nos conectando com pessoas que passaram por situações similares. A Endeavor sempre acha matchs fundamentais para auxiliar na resolução de desafios. Além disso, aqui temos  um espaço seguro, com muita confiança para troca de informações e a possibilidade de demonstrar uma vulnerabilidade que em outros espaços a gente não mostraria.”

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Qual o sonho grande de vocês à frente da LogComex?

H: “Conseguir impactar a maior quantidade de empresas no mercado de comércio exterior com dados e transparência.”

C: “A gente acredita que com dados, inteligência e tecnologia a gente consegue destravar o comércio global, que o mundo deveria fazer mais comércio entre países e não menos. Mas as empresas não conseguem fazer isso por falta de informação, falta de dados para tomarem as melhores decisões. O que fazemos no Brasil queremos fazer em outros países. Queremos cumprir esse papel para facilitar o comércio internacional entre fronteiras.”

Qual o maior desafio da LogComex hoje?

H: “Eu diria que o maior desafio hoje na Log é essa transição de empresa. Quando a gente começa a gente tem uma visão de um produto, um mercado e um canal. Quando você expande, você vai criando canais, mercados e produtos e esse é um desafio: comunicar a estratégia de expansão, pensando que temos diferentes soluções em diferentes níveis de maturidade. É difícil saber como conciliar esse processo e manter o ritmo de crescimento enquanto expandimos para novos mercados ou novos produtos dentro do horizonte de supply chain global. A Endeavor é fundamental porque tem mentoras/es e Pessoas Empreendedoras que têm jornadas parecidas, principalmente em SaaS, tanto para a internacionalização do negócio, quanto para a consolidação, que é nossa tese para Series B.”

C: “A estrutura da empresa na escala vem sendo um desafio, é difícil porque à medida que a empresa vai crescendo, as coisas vão quebrando. Por exemplo: o programa de avaliação de desempenho que a gente tinha para um equipe de 30 não funciona mais para uma equipe de 100, o pacote de benefícios também não, a definição de objetivos e os rituais de gestão começam a quebrar a escala. É difícil manter a cultura original da empresa expandindo, trazendo coisas novas para ajudar nas novas fases. 

Procuramos trazer pessoas excepcionais para ajudar a gente, mas à medida que a empresa vai ficando mais complexa, com mais produtos, mais clientes, mais segmentos, fica difícil organizar e garantir se todo mundo está caminhando na mesma direção.”

O legal da Endeavor é que vemos as cenas do próximo capítulo. Por exemplo, hoje estamos com 300 pessoas, mas temos contato com empresas que tem 2.000 pessoas no time. Isso nos ajuda a colocar as coisas em perspectiva, e ver que nosso problema não é tão grande quanto estávamos achando“, Carlos Souza, Empreendedor Endeavor.

Como vocês enxergam o ecossistema empreendedor brasileiro e o que vocês diriam para a próxima geração de empreendedoras e empreendedores?

H: “O ecossistema brasileiro de empreendedorismo já mudou muito, tivemos gerações anteriores à nossa, que desbravaram e mostraram que o Brasil tem capacidade. Esse ecossistema vem amadurecendo, e isso é bastante positivo porque motiva as próximas gerações. Eu particularmente fui bastante impactado pelas gerações anteriores, pelos Day1s de empreendedores da geração passada.

“Para as próximas gerações eu diria para as pessoas terem a mente aberta e tentar ampliar seus horizontes. Porque as pessoas querem empreender, mas algumas não querem pagar o preço. Ou então querem empreender pela motivação errada, pelo dinheiro. Quem quer empreender não precisa seguir a lógica. Eu sou um exemplo: venho de família bastante humilde, se eu fosse seguir o fluxo natural das coisas, provavelmente eu não empreenderia. Às vezes a lógica é boa, mas ela também nos limita. Dá pra fazer acontecer.”, Helmuth Hofstatter, Empreendedor Endeavor.

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C: “O panorama de empreendedorismo no Brasil tem evoluído exponencialmente. Ter em quem se inspirar também é muito importante. Em Curitiba uma geração anterior de empresas de tecnologia serviu de inspiração para nós, a gente via que era possível empreender e ter sucesso.

Hoje, somos pares dessas pessoas, temos muita proximidade e podemos dizer como nos inspiraram a ir além.

E no futuro queremos fazer isso também para as próximas gerações. Se continuarmos crescendo e multiplicando nosso impacto , o mundo do futuro vai ser muito melhor que o mundo atual. 

Para quem está pensando em empreender, eu posso dizer: é difícil sair da segurança do emprego e ir para a insegurança de empreender. Nunca é do jeito que você imaginou, mas é uma questão de consistência e continuidade. Uma hora você  encontra o caminho.”


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