Você sabe o que empresas como Nubank, Tesla, Gympass, PagSeguro, Amazon e Google (Alphabet) têm em comum? Além de modelos de negócio disruptivos, baseados em escala por meio de tecnologia, e valores de mercado expressivos, todas receberam investimentos de fundos de venture capital. 

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O venture capital é uma modalidade de investimento que analisa startups, com base no seu time fundador, modelo de negócios e o seu potencial de crescimento. É assim que essas empresas financiam a escala necessária para a sua evolução e  recebem os recursos necessários para atingir os seus objetivos.

O investidor, em troca, recebe participação acionária e se mantém ao lado da startup para providenciar que ela tenha recursos financeiros, networking e expertise para seguir evoluindo.  O objetivo dos investidores é, claro, obter um retorno significativo sobre o seu investimento, o que acontece quando existe algum evento de liquidez para o fundo, como uma venda, ou listagem da empresa investida no mercado de capitais. 

Um exemplo de como funciona a lógica do venture capital, e o seu consequente impacto na economia, é o do Nubank. Em 2013, seus fundadores David Vélez, Edward Wible, Cristina Junqueira e João Vitor Menin recorreram ao venture capital para viabilizar seu projeto de banco digital.

A empresa recebeu um investimento de R$1 milhão do fundo americano Sequoia Capital, em troca de 20% de participação acionária. Com esse investimento, o Nubank foi capaz de desenvolver sua plataforma e começar a operar. Em poucos anos, a empresa se tornou um dos principais bancos digitais do país, com mais de 50 milhões de cliente.

O Nubank realizou sua oferta pública inicial (IPO) em dezembro de 2021, com um valor de mercado de US$41,5 bilhões. O Sequoia Capital teria recebido cerca de US$1,8 bilhão pelo seu investimento no IPO, caso tivesse decidido vender a sua participação naquele momento.

O Nubank é apenas uma de centenas de empresas, em que investidores injetaram recursos para que startups em estágios iniciais tivessem condições de crescer e se tornarem pioneiras em seus mercados. Outras empresas brasileiras, como é o caso de iFood, VTEX,Gympass, Pismo e Nomad fazem parte desse movimento. 

É inegável que a indústria de venture capital tem sido um motor importante para o crescimento do empreendedorismo em todo o mundo, servindo de combustível para a economia de diversos países, ao financiar a criação de novas tecnologias e negócios capazes de gerar empregos e renda.

De acordo com a Harvard Business School, 47% das empresas que abriram capital nos Estados Unidos entre 1995 e 2019 foram financiadas por venture capital. Essas companhias, em 2019,  representavam 76% do valor total do mercado de companhias de capital aberto e eram responsáveis por 89% de todo investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Estes resultados expressivos do venture capital na economia norte-americana estão diretamente relacionados ao fato dos Estados Unidos ser o maior mercado de venture capital do mundo. De acordo com dados da  S&P Capital IQ, em 2023, 1.421 empresas americanas receberam investimentos de venture capital. Essas empresas representam um valor de mercado total de US$11,2 trilhões. 

Na última década, outros hubs de inovação se fortaleceram, ganhando notoriedade, como é o caso da China, da Europa, da Índia e, claro, do Brasil. Dados do Dealroom comprovam essa expansão global do venture capital: em 2010, os Estados Unidos representavam 61% dos unicórnios do mundo, enquanto, em 2021, esse número baixou para menos de 25%.

A ampla disponibilidade e acessibilidade de plataformas e tecnologias têm impulsionado a criação de novos negócios em todo o mundo. E os fundos de venture capital estão com apetite para financiar esses projetos. Para se ter uma ideia, em 2021, os investimentos de venture capital globais atingiram um recorde de US$323 bilhões. 

No Brasil,  a indústria de VC está em processo de evolução. Em 2021, essa modalidade de investimento também atingiu um recorde: R$8,9 bilhões aportados em negócios escaláveis por tecnologia.

Já em 2022, a indústria sofreu uma redução significativa. No mundo, os investimentos de venture capital tiveram um declínio de 35%. No Brasil, o volume de aportes atingiu R$5,4 bilhões, uma queda de 40% em relação a 2021. 

Esse movimento de queda ocorreu porque essa é uma indústria bastante sensível a incertezas econômicas, como a causada pela guerra na Ucrânia, a alta inflação e a desaceleração do crescimento econômico, incluindo a queda nos preços das ações de tecnologia, que atingiu as grandes empresas de tecnologia. 

Apesar desta queda, a América Latina é o continente que registrou mais saídas com valores acima de U$1bilhão em comparação com outros mercados emergentes. Ou seja, somos prolíficos na criação de unicórnios.

Não são apenas os investidores privados que enxergam a possibilidade de desenvolvimento econômico por meio do empreendedorismo.  O investimento do governo também é crucial para impulsionar a geração de empregos e renda por meio da inovação. 

Muitos países possuem fundos governamentais focados em venture capital: China, Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Coréia do Sul, França, Alemanha, Canadá, Israel e Brasil, dentre outros, mantém fundos de venture capital para impulsionar a inovação e o crescimento econômico. 

O investimento do governo tem o papel fundamental de preencher lacunas de financiamento, especialmente em setores onde os investidores privados podem ser mais cautelosos. Aqui no Brasil, o BNDES desempenha um papel fundamental neste sentido, e tem buscado se posicionar de forma cada vez mais estratégica e em prol da inovação, criando programas específicos de investimento em startups.

Um maior estímulo ao venture capital no Brasil, apoiado também por instituições governamentais, pode ser crucial para aumentar o números de empresas de tecnologia no Produto Interno Bruto brasileiro (PIB). 

Apenas a título de comparação, analisando o valor de mercado combinado das cinco maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos, temos um valor de mais de US$7 trilhões. Apenas para ordem de grandeza, o valuation combinado dessas empresas representa aproximadamente 33% do PIB dos EUA, que foi de US$25,5 trilhões em 2022. No Brasil, as 5 maiores empresas de tecnologia detêm um valor de mercado combinado de cerca de R$2,5 trilhões, o que representa cerca de 7% do PIB brasileiro. 

Apesar das empresas de tecnologia estarem entre as que mais crescem no Brasil e estão contribuindo para a modernização da economia brasileira, ainda existe muito espaço para o crescimento desta indústria. O mercado de venture capital tem se desenvolvido muito na região nos últimos anos, mas sua representatividade na economia como um todo, ainda é pequena. 

No Brasil, a participação em relação ao PIB é de 0,2% em 2022. Precisamos de muito investimento, também de venture capital, em negócios de escala baseados em tecnologia para fazer a indústria florescer e aproveitar não apenas o tamanho do mercado brasileiro, mas também as oportunidades de criação de produtos globais. 

Ainda temos muito espaço para crescer.

TABELA – REPRESENTATIVIDADE DO VALOR DE MERCADO EM RELAÇÃO COM O PIB*

Empresa País Valor de mercado (2023) Relação com o PIB (2022)
Apple EUA US$ 2,9 trilhões 11%
Microsoft EUA US$ 2,2 trilhões 8%
Amazon EUA US$ 1,7 trilhão 6%
Alphabet EUA US$ 1,6 trilhão 6%
Tesla EUA US$ 1,2 trilhão 5%
Nubank Brasil US$ 32,4 bilhões 1,6%
TOTVS Brasil US$ 16,82 bilhões 0,8%
Intelbras Brasil US$ 7,1 bilhões 0,3%
Locaweb Brasil US$ 4,1 bilhões 0,2%
Stone Brasil US$ 3,8 bilhões 0,1%
PagSeguro Brasil US$ 2,9 bilhões 0,1%
Sinqia Brasil US$ 2,3 bilhões 0,1%
VTEX Brasil US$ 1,1 bilhão 0,05%
Positivo Brasil US$ 1,1 bilhão 0,05%
B3 Brasil US$ 73,55 bilhões 3,8%
*Fontes: World Bank, Nasdaq e B3.
PIB EUA – US$ 25,46 trilhões
PIB Brasil – US$ 1,92 trilhão

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