*Por Erica Fridman

O mercado de Venture Capital vem crescendo e se tornando mais reconhecido dentro e fora do Brasil. Os investimentos nesse segmento cresceram significativamente ao longo dos anos, e, em 2023, foram mais de US$260 bilhões, segundo dados do S&P Global Market Intelligence. Por outro lado, apesar da expansão do setor e de metade da população mundial ser composta por mulheres, em 2023, apenas 3% do total de $107 bilhões captados por fundos de Venture Capital globalmente foram destinados aos que eram geridos por mulheres – segundo dados do Venture Capital Journal.

Em um cenário como esse, o mercado precisa entender que a diversidade traz retorno. Isso porque, quando pessoas com diferentes backgrounds analisam uma oportunidade de investimento, podemos enxergar além. O que parece uma oportunidade para um, não é para outro, mas essa combinação de perspectivas ajuda a identificar o que não é óbvio. Por exemplo, quando falamos de diversidade de gênero sabemos que mulheres tendem a investir mais em outras mulheres. Por essa razão, há a necessidade de termos mais executivas em posições de liderança dentro dos fundos, tomando decisões. Elas conseguirão enxergar potencial em projetos que podem ser muito rentáveis, mas que não recebem investimento por conta de vieses.

Ainda é preciso considerar que a carreira dentro dos fundos de Venture Capital ainda é pouco conhecida. Por esse motivo, é essencial começar a mudança pela base. Dar visibilidade para esta indústria desde a faculdade é necessário para que as mulheres que estão se formando passem a considerar trabalhar neste setor. Também é necessário para que as pessoas entendam que, apesar de fazer parte do mundo financeiro, o Venture Capital é uma indústria que demanda outros tipos de habilidades como networking, entendimento do mercado, empatia e, até mesmo, psicologia.

Além disso, destacar mulheres que atuam no setor, incentivando outras jovens a se imaginarem na área e encorajar ações que desmistificam o trabalho também são importantes. Especialmente pois, hoje, existe uma falta de entendimento dentro das faculdades do que é essa indústria. Há a crença de que é um trabalho que envolve muitas finanças, o que não é verdade. Venture Capital é uma mistura complexa de finanças com consultoria e psicologia que é perfeito para quem quer aprender sobre áreas diversas, fazer networking e ajudar negócios a se desenvolverem.

Um ótimo exemplo é o da presidente da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), Priscila Rodrigues – uma mulher que tem abordado a pauta e movimentado a discussão no mercado, também colaborando para que mais mulheres possam se imaginar ocupando posições similares.

*Erica Fridman é gestora do Sororitê Fund 1


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