*Por Turah Xavier

O uso e a presença da Inteligência Artificial já são uma realidade consolidada e conhecida no nosso dia a dia. Mais do que apenas aceitar essa transformação, é fundamental enxergá-la com otimismo, reconhecendo as oportunidades que ela oferece.

Segundo estimativa da consultoria McKinsey & Company, em um relatório da D2L, até 2030, mais de 375 milhões de trabalhadores ao redor do globo terão que mudar completamente de função. Isso não é um reflexo somente do uso e aplicação da IA, mas também das automações de funções como um todo e do desenvolvimento tecnológico geral em diferentes setores e indústrias. Outro dado, fruto de uma parceria entre Google for Startups, Abstartups (Associação Brasileira de Startups) e Box 1824, mostra que há mais de 85 milhões de vagas em aberto devido  ao déficit de habilidades. Ou seja, gestores não encontram pessoas que supram as necessidades de seu negócio. 

Diante dessas mudanças, é natural que surjam receios e incertezas. O medo de perder o emprego ou de ver seu papel transformado é uma reação comum e humana frente a inovações de grande impacto. Mas, aqui, vale ressaltar que esse paradoxo de vagas não preenchidas, somado às projeções de mudança das funções das pessoas no mercado de trabalho, pode apontar para uma oportunidade, e não para uma ameaça: a chance de capacitação dos profissionais para um mercado em evolução.

Aqui entra o papel essencial das empresas, lideranças e do RH em direcionar, capacitar e preparar os profissionais para se beneficiarem do uso da IA e estarem à frente dos avanços tecnológicos. Com uma abordagem bem estruturada, o RH pode orientar colaboradores a verem a IA como uma aliada no desenvolvimento de suas carreiras e do negócio.

Embora novas tecnologias realmente tenham um impacto direto em algumas funções operacionais, a expectativa a longo prazo é que essas ferramentas possam realizar as tarefas repetitivas, permitindo às pessoas focarem em atividades mais estratégicas e inovadoras, que só o ser humano pode assumir. Para que isso aconteça, é importante que a ideia de aprendizado contínuo seja incentivada tanto nas empresas quanto fora delas.

A necessidade de capacitar as pessoas para as tecnologias do futuro ganha ainda mais força quando vemos que as incertezas são altas até mesmo para a Geração Z, conhecida por ser “nativa digital”. Um estudo recente da Deloitte revelou que os Millennials (33%) são mais entusiasmados com as IAs do que os Zs (21%). A turma da Geração Y também é mais confiante em relação aos impactos da IA do que os profissionais mais novos: 24% ante 21%.

Empresas que, hoje, não olham com a devida atenção para os avanços tecnológicos, são aquelas que, amanhã, também estarão na lista de organizações que não conseguem encontrar ou reter talentos. Então, por que não começar a prepará-los desde já para um futuro tão próximo e que impactará todas as partes?

A adaptação do RH é necessária

A OpenAI, empresa que conta com o Chat GPT em seu portfólio, prevê que 80% dos empregos podem incorporar tecnologia e IA Generativa (capaz de utilizar dados para criar conteúdos, imagens, sons e muito mais) nas atuais atividades profissionais. E o potencial facilitador se torna ainda mais atrativo aos RHs quando vemos levantamentos como o do BCG, que revelam que a GenAI pode, a curto prazo, aumentar em 30% a produtividade dos RHs.

Trazendo mais um dado da pesquisa da Deloitte, 36% dos millennials brasileiros usam IA generativa sempre ou com muita frequência, ante 28% dos Zs. A informação pode até surpreender, mas uma das hipóteses é que o discurso de temor sobre impactos da IA na profissão também afeta quem está dando os primeiros passos da carreira.

Em um cenário de constante transformação, a Inteligência Artificial representa uma oportunidade única de reinventar o futuro do trabalho. Investir na capacitação e no aprendizado contínuo permite que empresas e profissionais não apenas acompanhem, mas liderem essas mudanças.

Com o apoio das lideranças e equipes de RH, a tecnologia pode sim impulsionar o potencial humano, promovendo um mercado de trabalho mais estratégico e inclusivo, além de aumentar a produtividade e desenvolver habilidades dos profissionais do presente e do futuro, reduzindo lacunas de competência. Ao abraçar essa nova realidade, construímos juntos um futuro onde a tecnologia impulsiona tanto a eficiência quanto o desenvolvimento humano.


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