*Por Julianna Rojas

As indústrias de Utilities, responsáveis por fornecer serviços públicos essenciais como energia, gás, água, saneamento básico, telecomunicações, transporte público, sistemas de envios e entregas e coleta de lixo, estão no epicentro de uma revolução tecnológica que promete transformar a forma como esses serviços são prestados no Brasil. A integração das redes de Tecnologia da Operação (TO) com Tecnologia da Informação (TI) é um tema central nesse contexto, impulsionado pela necessidade de maior controle, otimização de custos e eficiência operacional.

A interconexão entre TO e TI permite uma gestão mais inteligente dos ativos, otimizando processos operacionais e promovendo a automação. Entretanto, para implementar essa integração de forma bem-sucedida, é necessário conhecimento especializado e uma infraestrutura tecnológica robusta. Entre os principais desafios está a segurança cibernética, uma vez que essas empresas são alvos frequentes de hackers devido ao valor de seus dados e ao impacto que a interrupção de seus serviços pode causar à sociedade. A integração das redes TI/TO aumenta a superfície de ataque e exige medidas de segurança robustas, como firewalls, sistemas de detecção de intrusão, criptografia de dados e monitoramento constante.

A Inteligência Artificial (IA) surge como uma grande aliada nesse cenário, com 82% dos executivos do setor reconhecendo sua importância estratégica, de acordo com um estudo. Ela viabiliza a automação de processos de monitoramento, análise e manutenção preventivas. Por meio de algoritmos avançados, a IA pode prever falhas, identificar padrões de anomalias e sugerir soluções antes que problemas maiores ocorram. Tecnologias como Visual Inspection, controle de qualidade e IoT (Internet das Coisas) estão cada vez mais presentes no setor, permitindo uma gestão proativa e eficiente.

O mercado de Utilities no Brasil está cada vez mais voltado para o desenvolvimento de soluções verticalizadas, que replicam modelos de sucesso já existentes em outros países e, ao mesmo tempo, exploram novas tecnologias e abordagens. Soluções inovadoras nas áreas de inspeção visual, controle de qualidade e manutenção preditiva, impulsionadas pela IA e pela IoT, prometem otimizar processos, reduzir custos e aumentar a eficiência das operações. A implementação de smart grids, por exemplo, tem sido uma das iniciativas mais promissoras, promovendo uma distribuição mais inteligente e eficiente de energia.

A transformação digital em Utilities também está impulsionando mudanças significativas na gestão de ativos e na experiência do cliente. Com 36% dos executivos enfatizando a importância da gestão de ativos para garantir serviços confiáveis, as companhias brasileiras estão investindo em soluções que combinam TI e TO para otimizar suas operações e melhorar o atendimento ao consumidor.

A transformação digital do setor de Utilities não se limita apenas à tecnologia. Ela envolve uma mudança de mentalidade, com as empresas buscando novas formas de interagir com seus clientes, de otimizar seus processos internos e de contribuir para um futuro mais sustentável. A adoção de práticas ESG (Environmental, Social and Governance) é cada vez mais importante, com as empresas buscando reduzir seu impacto ambiental, promover a inclusão social e adotar práticas de governança responsáveis. A precisão nos dados e relatórios tornou-se essencial para medir o progresso dessas metas, evitando práticas de greenwashing (falsa imagem de responsabilidade socioambiental) e promovendo a transparência nas ações sustentáveis.

Contudo, apesar das vantagens, a transformação digital nas Utilities ainda enfrenta desafios significativos. Muitas empresas relatam dificuldades em medir com precisão o valor dos investimentos em tecnologia, além de barreiras organizacionais, como a falta de consenso sobre as prioridades entre as lideranças. A segurança dos sistemas ciberfísicos é outro ponto de atenção, exigindo medidas avançadas para prevenir ataques e proteger a integridade dos serviços essenciais.

A tendência para os próximos anos é que as empresas de Utilities aumentem significativamente seus investimentos em IA e conectividade. Pesquisas indicam que até 2027, 40% das empresas de energia e Utilities implementarão operadores orientados por IA em salas de controle, reduzindo riscos de erro humano e otimizando a eficiência operacional. Todavia, essa transição também exige uma abordagem cuidadosa para mitigar vulnerabilidades e garantir uma colaboração eficaz entre humanos e inteligências artificiais.

A integração das redes TI/TO, impulsionada pela IA e por outras tecnologias disruptivas, é um caminho sem volta para o setor de Utilities no Brasil. As organizações que souberem aproveitar as oportunidades estratégicas dessa transformação estarão mais preparadas para enfrentar os desafios do futuro, oferecer serviços de alta qualidade e contribuir para o desenvolvimento de um país mais eficiente, sustentável e conectado dentro de um ecossistema mais e mais robusto.

*Julianna Rojas é Business Vice President da GFT Technologies no Brasil.


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