Na corrida pela captação de investimentos, muitos fundadores se concentram no pitch e nos números de mercado, mas esquecem aspectos menos evidentes que podem afastar investidores logo nos primeiros contatos. Segundo a 2ª Pesquisa Nacional Sobre o Impacto das Relações Públicas no Mercado de Inovação – a visão do investidor, realizada pela Motim, 55% dos investidores apontam a clareza da proposta de valor e do posicionamento como principal atributo na hora de decidir um aporte.

Com base na atuação no ecossistema de inovação, os especialistas Guilherme Ferreira, CEO da Atomsix, e Martin Brownrigg, analista de data center da Triven, elencam 3 erros comuns que prejudicam startups que buscam investimento.

Site mal adaptado pode atrapalhar rodada de investimentos

Um site desatualizado, lento ou com navegação confusa em dispositivos móveis pode passar despercebido internamente, mas é um dos primeiros pontos analisados por investidores em potencial, afirma Guilherme. Segundo pesquisa da Akamai, um segundo de atraso no carregamento da página pode causar queda de 7% nas conversões, enquanto 40% dos usuários abandonam o site após três segundos de espera. “Para o investidor, a forma como a empresa apresenta seu produto digital diz muito sobre como ela organiza suas entregas. Site fora do ar, páginas lentas ou conteúdo confuso geram dúvidas sobre o restante da operação”, garante.

A experiência mobile é outro ponto negligenciado. “Empresas que não otimizam seu produto no mobile comprometem a jornada de potenciais clientes e, por consequência, sua taxa de conversão”, alerta Guilherme. “O investidor repara se a empresa entende o comportamento digital do seu público. Se o site não está preparado para o mobile, isso pode indicar falta de prioridade no que deveria ser essencial”, completa.

Cap table confuso e inconsistência de discurso afasta investidores

Uma pesquisa da VentureBeat – empresa norte-americana de análises – mostrou que 40% das startups cometem erros como cap table confuso, o que leva a diversos problemas. “Com um cap table “poluído” logo no início da jornada da startup, o investidor enxerga um sinal de alerta: pode não haver espaço para diluições — o que talvez não trave uma rodada Seed, mas certamente complica rodadas Série A em diante, curso natural do staged financing. Além do produto, VCs investem nos founders; manter um cap table limpo e formalizado, portanto, é indicativo da capacidade do founder em organização, governança e na tomada de decisões difíceis com foco no crescimento sustentável”, afirma Martin Brownrigg.

Outro ponto a ser considerado, segundo o analista, é a inconsistência entre discurso e operação. “A lógica de que VCs investem em founders, além do produto, também se aplica à relação entre discurso e operação. Mais do que acreditar na solução, investidores tomam decisões com base na percepção da capacidade de execução do plano de negócios por parte do founder. Para entregar o que se promete, a operação — ainda que enxuta — precisa ser eficiente, com o empreendedor alocando de maneira inteligente o tempo e recursos disponíveis. Execução disciplinada, mesmo em estágios iniciais, é um dos indicadores de potencial de escalabilidade”, completa Martin.

Branding desalinhado compromete credibilidade

Nomes desconectados da atividade principal, identidades visuais genéricas ou com aparência amadora dificultam a compreensão do que a empresa entrega e geram ruído logo no primeiro contato. “Quando o investidor precisa decifrar o que a empresa faz, o problema não é só de comunicação. É uma sinalização de que o negócio talvez ainda não tenha clareza interna sobre sua proposta. Dificilmente será verbalizado como motivo para não investir, mas pode ser decisivo na hora de escolher entre duas oportunidades similares”, explica o CEO da Atomsix.

Ferreira afirma que marcas que prometem inovação, mas apresentam uma estética pouco trabalhada, criam uma dissonância que impacta a percepção de valor. “O branding não precisa ser sofisticado, mas precisa ser coerente com o mercado e com o estágio da empresa. A falta dessa coerência gera insegurança sobre o grau de preparo da equipe para escalar”, afirma o CEO.


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