Startups latino-americanas arrecadaram US$ 767,4 milhões no primeiro trimestre de 2025, segundo o Inside VC, do Distrito. O valor indica retração de 6,7% frente ao mesmo período de 2024. O número de rodadas de investimento caiu 34,2%. Com menos recursos disponíveis, as empresas buscam se diferenciar para garantir aportes e manter operações viáveis.

Wana Schulze, Head de Investimentos e Portfólio da Wayra Brasil e Vivo Ventures, ressalta que o cenário exige foco e estratégia. “O volume menor de capital disponível não significa ausência de oportunidades, mas um filtro mais criterioso. O investidor está buscando soluções que resolvam desafios com clareza, tração comprovada e times preparados para executar. Ideias brilhantes sem conexão com o mercado ficaram para trás. Em ambiente mais seletivo, sobrevive e atrai capital quem demonstra consistência e relevância desde o primeiro pitch”, afirma.

A executiva lista seis pontos essenciais para startups que pretendem conquistar novos aportes

O primeiro aspecto destacado é resolver um problema real e urgente. Segundo Wana, “o que mais afasta investimentos é quando uma proposta é tecnicamente bem construída, mas voltada para uma ‘dor’ que ninguém realmente sente. É essencial apresentar, com precisão, qual problema está sendo enfrentado, o peso no dia a dia do cliente e por que a proposta da startup resolve a questão de maneira superior às alternativas existentes.”

Outro ponto importante é a composição da equipe. Wana reforça que “a ideia evolui, o produto se transforma, o plano muda, mas, no final das contas, são as pessoas certas que fazem o negócio acontecer.” A especialista pontua que fundadores comprometidos, com perfis complementares, mostram aos investidores capacidade de execução e adaptação. “Quando o time é coeso e alinhado em termos de visão e valores, ele transmite uma mensagem clara para os investidores de que existe uma capacidade de execução, adaptação e resiliência para enfrentar qualquer desafio”, afirma.

O terceiro item envolve a validação de mercado e sinais de tração. “Quando muitas pessoas estão pagando, usando o produto ou pedindo mais, sabe-se que o negócio está no caminho certo, o que pesa muito mais do que um deck bem elaborado cheio de promessas”, explica Wana. Métricas de crescimento em base de clientes ou pilotos com grandes empresas ajudam a demonstrar o potencial do negócio.

O quarto tópico aborda a importância de um pitch estratégico e envolvente. “Os fundos VC e CVCs querem saber o que você faz, mas entender por que isso é relevante, porque agora e por que a startup tem a melhor solução”, enfatiza Wana. Estruturar o discurso com diferenciais, concorrência, modelo de negócios e dados de tração aumenta a confiança do investidor e abre portas para novas rodadas.

O quinto aspecto envolve projeções financeiras realistas. “Não importa se a startup prevê faturar 100 milhões em cinco anos. O que realmente conta é entender de onde vêm os clientes, quanto custa adquiri-los e qual é o valor que eles geram para a empresa”, detalha Wana. Indicadores como CAC, LTV, churn, margem e custos devem estar claros para sustentar decisões estratégicas baseadas em dados concretos.

Por fim, a executiva destaca a relevância de manter presença no ecossistema. “Muitas vezes, a conversa começa meses antes, com uma troca de ideias em um evento ou recomendação de alguém de confiança. É por este motivo que estar presente no ecossistema, participando de eventos, mentorias e comunidades não só abre portas, mas também gera visibilidade, aumentando a probabilidade de ser considerado no momento certo, quando a oportunidade surge”, conclui.


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