* Por Henrique Volpi
Hoje quero falar um pouco sobre o cenário de seguros no Brasil e no mundo, mercado que atuo. Acredito que seja importante falar do que anda acontecendo e os possíveis resultados. Com a chegada de novos entrantes de crescimento rápido, denominada insurtechs, o mercado de seguros global ganha um maior dinamismo e ondas importantes de inovações. Novos produtos e conceitos como PAYD (Pay as you drive), on-demand e muita facilidade e rapidez na contratação de todos os serviços.
Com a explosão de inovação, muitas startups recebem como usuários pessoas que nunca tinham adquirido seguros antes. Trata-se de uma verdadeira inclusão financeira por meio de seguros. Aliado ainda a órgãos reguladores progressistas e inovadores como FCA na Grã-Bretanha e Cingapura, além da SUSEP no Brasil. A boa tempestade perfeita está formada em benefício de todos nós, consumidores. Produtos mais adequados, flexíveis e totalmente digitais, aliados a um atendimento personalizado e com foco na experiência dos usuários são os destaques das insurtechs.
Mas, como ficam os resultados? A Wefox, insurtech alemã, tem apresentado sempre resultados consistentes de crescimento de geração de prêmios e também de baixa sinistralidade. A Lemonade, americana, vinha melhorando os resultados até a catástrofe no Texas, onde um inverno muito rigoroso ocasionou o congelamento da água em encanamentos e tubulações gerando uma alta sinistralidade.
No entanto, nem todas insurtechs são iguais. Uma série delas, espalhadas pelo mundo, apresentam uma sinistralidade superior a 140%. Isso significa que para cada cem dólares de prêmio emitido ela gasta 140. Isso cria uma situação de difícil solução, fechando, por exemplo, as janelas e oportunidades de resseguro e de novos financiamentos. A justificativa normalmente é que esta situação é passageira e trata-se de um pênalti pelo crescimento exponencial. Mas em seguros, quanto maior o crescimento em um mar de risco ruim, maior a sinistralidade e o índice combinado. Ou seja, quanto maior o crescimento, maior a boca de jacaré.
Concordam? O que acham a respeito?
Henrique Volpi é sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi co-autor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.
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