Hoje Israel é conhecida como Startup Nation, pela quantidade de negócios inovadores originários de suas terras, mas essa fama surgiu junto da ideia do país inovar por necessidade. Usando a obrigatoriedade de alistamento militar, o país também forma em seus habitantes um pensamento regrado e de qualidade, focando na sobrevivência e no “pensar fora da caixa”.

João Kepler, CEO da Bossanova Investimentos, observou em sua recente viagem para o país as características que levam o país a esse patamar tão alto no mundo do empreendedorismo. “A combinação de recursos humanos (e não naturais), educação e o ensino superior, o uso generalizado do inglês e o domínio da pesquisa, desenvolvimento em alta tecnologia, a mentalidade, a cultura, a tradição e a moral local, resume o sucesso na criação de startups.”

Por viverem em uma constante situação de risco com seus países vizinhos, Israel aprendeu que o coletivo sempre deve falar mais alto, independente de cargo, todas as opiniões são ouvidas e levadas em consideração. Esse pensamento é observado até hoje, elevando a barra de conhecimento do país como um todo e gerando empreendedores mais preparados e experientes em suas jornadas.

Governo de Israel de olho nos empreendedores

Esse pensamento de investimento começou com um incentivo vindo do governo  para atrair investimento privado, denominado de Yozma, palavra hebraica para “iniciativas”. Entre 1993 e 1998, o governo de Israel se dispôs a oferecer 40% do dinheiro investido de forma privada em um fundo que apoiava mais de 40 empresas. O valor do fundo Yozma aumentou de US$ 100 milhões em 1993 para US$ 250 milhões em 1996. Elevando também os valuations das empresas.

A partir da década de 90, o investimento anual em venture capital saltou de US$ 58 milhões para US$ 3,3 bilhões. O número de startups beneficiadas com esse investimento foi de 100 para 800 e a receita em tecnologia evoluiu de US$ 1,6 bilhão para US$ 12 bilhões. Agora no ano de 2021, de acordo com o centro de pesquisas israelense IVC, esse investimento foi de US$ 25,6 bilhões, demonstrando um crescimento de quase 150%, se comparado com 2020.

O governo de Israel acaba sendo o principal incentivador do ecossistema até os dias atuais, investindo cerca de 4.2% do PIB diretamente em inovação. No ano de 2021, Israel recebeu aproximadamente US$ 25,6 bilhões em suas startups, sendo 80% desse valor vindo de fundos estrangeiros, simbolizando um aumento de 150% em comparação com 2020.

Em Israel, existem 1.748 startups registradas, gerando uma média de uma startup para cada 5 mil habitantes, trazendo a comparação, no Brasil possuem 11.562 negócios registrados, o que assusta é quando mostramos a média, sendo de uma startup para cada 18 mil pessoas. Além de ter o maior número de engenheiros e cientistas per capita, sendo 12 deles ganhadores do prêmio Nobel.

O país ainda traz em seu DNA a ideia de “falha construtiva”, que consiste em saber aprender com os erros que empreendedores passam ao longo de suas jornadas. Com o crescimento em conjunto em Israel, se algum empreendedor acaba falhando por algum motivo, outros seguirão por outros caminhos, e o que acabou falhando não será julgado por isso, e sim visto como mais experiente e preocupado com os próximos passos de sua jornada. 

O executivo ainda comenta que o trabalho acaba sendo a principal justificativa para o sucesso de Israel. “Startups como Waze, Wix e Moovit, MyHeritage, SeeTree, SuperUp, Cybereason, Intervyo, SysAid, entre outras, (Israel tem 25 unicórnios) são resultados de anos de trabalho intenso e pesquisa e trouxeram muita visibilidade do mundo para Israel”, conta o executivo.

Israel também traz a fama de ser um dos países mais educados do mundo, a sociedade é incentivada desde cedo a questionar, e não é criticada por não saber determinado assunto. No futuro, esses profissionais formados carregam uma boa bagagem de conhecimento, pois entendem que é norma que outras pessoas também irão questionar, e eles devem estar preparados.

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