Leandro Piazza e Leonardo Burtet trabalhavam com educação universitária em Florianópolis quando perceberam que os alunos de graduação, pós-graduação e mestrado tinham interesse em entrar para o ecossistema de inovação e startups, mas não sabiam como, uma vez que os ensinamentos que tinham na faculdade eram rasos, voltados para administração e não traziam o lado prático do negócio.

Essa análise na educação motivou os empreendedores a pesquisarem referências e entender o que era ensino de qualidade para quem quer montar uma startup. Piazza passou 6 meses no Vale do Silício, onde fez uma grande imersão em vários modelos de startups universities, e quando voltou para o Brasil, lançou a 49 educação.

A 49 educação é um ecossistema completo para o desenvolvimento de founders, onde eles têm aulas ao vivo ou online focadas na execução dos seus negócios. Já são mais de 30 mil alunos impactados e 1.500 startups aceleradas. Esse ano, ela foi vencedora do Startup Awards na categoria Educação e para conhecer mais sobre o negócio, o Startupi entrevistou o CEO Leandro Piazza.

STARTUPI – Qual a origem do nome 49 educação?

LEANDRO PIAZZA – Na minha imersão no Vale do Silício conheci a história da corrida do ouro. Em 1848, descobriram que na região das margens do rio São Francisco tinha ouro e os cerca de 3 mil habitantes que viviam lá começaram a garimpar. Em 1849, um grupo de empreendedores espalhados pelos Estados Unidos migraram para lá e começaram a vender picaretas para os garimpeiros – viram oportunidade e empreenderam. A cidade recebeu imigrantes de todos os cantos do mundo, e a população chegou a quase 100 mil habitantes em 1852. Um total de US$ 2 bilhões em ouro foi extraído da área durante a época.

O grupo que chegou em 1849 era diferente, trouxe a visão do empreendedorismo, porque o Vale do Silício não é sobre a tecnologia que desenvolvemos, é sobre o espírito “forty niner” das pessoas de não desistir. Fizemos uma analogia, se no Brasil a educação ainda não ensina a “startupar” de verdade, estamos vivendo uma corrida do ouro, quem fizer isso vai se dar muito bem. Então criamos uma fábrica de “forty niners”, assim nossos alunos teriam a mesma garra e determinação desse grupo para empreender e surgiu a 49 educação.

Como a 49 educação funciona?

Nosso produto é a startup university que é composta por três fases – startups em validação, normalmente no first stage, onde ensinamos o founder a ter foco no negócio; startup em estágio de growth, em busca de crescimento e novos clientes; e startups em estágio de fundraising, procurando investimento e entendendo o que os investidores esperam do negócio. O empreendedor entra no aplicativo da 49 educação, preenche os dados sobre a sua startup e o algoritmo define o nível que ela entrará.

O aplicativo de educação empreendedora da 49 educação é gamificando, onde o founder passa por jornadas. A partir do momento que ele vai trabalhando o foco estratégico, a máquina de crescimento e as possibilidades de financiamento da startup dele, ele vai navegando no app e vai liberando frameworks de trabalho. Então damos o conteúdo e as ferramentas para ele colocar o que aprendeu em prática e registrar o aprendizado. Além das mentorias para tirar dúvidas. No final, ele se torna um super founder.

Como funciona a gamificação do app?

O empreendedor passa por uma trilha no aplicativo onde vai liberando fases. Por exemplo, segunda-feira é aula sobre a visão do Venture Capital em relação às startups. Ele faz a aula e libera um framework – atividade prática – para ser entregue no dia seguinte. Ao finalizar, ele libera uma mentoria especializada para corrigir o framework. São oito semanas que o empreendedor precisa ter disciplina para cumprir o conteúdo e fazer o framework, depois disso, é impossível não performar melhor e ter um “boom” de crescimento. Todos os nossos cases mostram aumento no faturamento e na base de clientes.

Qual é o diferencial da 49 educação?

É muito delicado imaginar que a educação empreendedora existe há muito tempo, mas ninguém tem um olhar para o Venture Capital e não olham para o empreendedor como um ativo. Nós distanciamos o romantismo que é ter uma startup e trabalhamos aquilo como uma opção de investimento. Nós não damos a opinião sobre o que o aluno deve fazer, mas sim mostramos o direcionamento de quem é referência no mercado dele. Nos últimos três anos pegamos startups que valiam zero, apresentamos para investidores qualificados, eles colocaram dinheiro, e hoje vale mais de R$ 300 mil.

Um case para ilustrar o que falei é o da startup Wilu, de serviços de bem-estar e condicionamento físico. As fundadoras entraram na 49 com uma ideia de empreendimento. Em oito semanas elas saem da ideia, validam, criam um MVP aqui dentro e fazem o Go to Market. Um ano depois, elas saíram do zero, fecham com R$ 150 mil de receita anual e recebem investimento, além do nosso coinvestimento.

Colocamos um pouco de dinheiro junto para reforçar que acreditamos na startup. É quase um cashback, elas investiram no curso e nós investimos nelas no final e vamos multiplicar esse investimento por dez, porque elas vão crescer ainda mais. Nosso maior compromisso é fazer o ativo do empreendedor performar e gerar investimentos.

Como os alunos recebem investimento no final da jornada?

Depois que os fundadores passaram por oito semanas na 49 educação, nós qualificamos a startup dele. Ela deixou de ser um sonho e passou a ser um ativo para a indústria de fundraising. Então além de fazer demo days periódicos, dentro do aplicativo da 49 educação ficam os backlogs de todos os alunos, seus pitch decks, suas one page e os data rooms, que seriam os documentos que a startup apresenta para receber investimento. Essa área permite a conexão das startups com os principais fundos de investimento do Brasil.

Quais são os próximos passos da 49 educação?

Estamos muito focados nesse nosso programa de aceleração para founders, mas entendemos que no mercado há diversos potenciais founders, que conhecem sobre o ecossistema de startups e em um determinado momento vão querer empreender. Nosso objetivo futuramente é lançar um programa de pré-aceleração, para aqueles que tem a ideação, mas não tem coragem de empreender ainda. Nosso outro desafio é aumentar cada vez mais nossa capacidade de investimento direto nas startups. Então no futuro seremos um ecossistema completo para o super founder, onde educamos quem ainda não começou a empreender, aceleramos os projetos já encaminhados e garantimos o investimento no final da rodada.


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