César Filho e Lorenzo Cartolano se uniram após compartilharem uma experiência dolorosa e comum: a perda de suas mães devido ao câncer. Embora vindo de diferentes contextos sociais – com o tratamento da mãe de César ocorrendo pelo SUS e o da mãe de Lorenzo no setor privado – eles identificaram notáveis semelhanças nos desafios enfrentados durante a jornada contra o câncer de suas mães. Um ponto em comum que os tocou foi a constatação de que, em grande parte, o paciente raramente ocupava o centro do processo de tratamento.

Essa perda os levou a fundar em 2015 a WeCancer, startup que ajuda a monitorar, de forma remota, pacientes oncológicos a partir de dados que eles inserem na plataforma, com o objetivo de contribuir para melhorar os cuidados, evitar hospitalizações desnecessárias e reduzir custos de tratamento.

Mas anos antes de se conhecerem, César já lutava para tirar essa ideia do papel. Durante a faculdade de biotecnologia na Universidade Federal do Espírito Santo – o sonho de sua mãe era que ele se formasse –, vendia brigadeiros para arrecadar dinheiro, no Rio de Janeiro vendia muamba e passo a passo foi conseguindo tirar o sonho do papel. Com muito trabalho e ajuda de amigos desenvolveu a primeira versão do aplicativo.

“Durante a minha graduação, estive do lado da minha mãe no tratamento de câncer, além de acompanhá-la para outra cidade, porque o tratamento dela não era feito onde a gente morava, eu conversava com outros pacientes e via que todos tinham questões difíceis no processo. Depois que minha mãe morreu fiquei bem depressivo, mas tentei achar algo para me levantar naquela situação difícil. Comecei a estudar trabalhos científicos para entender sobre cuidados oncológicos até a casa dos pacientes e foi aí que decidi empreender”, conta César.

E assim, no dia 17 de janeiro de 2017, no Rio de Janeiro, depois de um longo café da manhã entre César e Lorenzo, onde se conheceram pela primeira vez, nasceu a startup.

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Solução voltada para o paciente no centro

Para os pacientes, o aplicativo WeCancer é gratuito e mais de 70 mil pessoas já baixaram o aplicativo, que conta com cerca de 1500 usuários ativos. Ao longo desses seis anos de operação, mais de 60 mil pacientes foram atendidos e a startup já conta com 26 clientes atualmente, com destaque para Benificência Portuguesa de São Paulo, Pfizer, La Roche Posay e Nestlé Health Science.

No aplicativo, o paciente tem acesso à um chat com a equipe de enfermeiros da startup para tirar suas dúvidas e evitar idas desnecessárias ao hospital. Também pode registrar seus sintomas diariamente para ser acompanhado pela equipe de saúde composta pelos enfermeiros, nutricionistas e psicólogos. Além disso, há uma seção chamada Câncerpedia para os pacientes se informar sobre câncer e bem-estar em fontes confiáveis, e rodas de conversas para que os pacientes compartilhem suas experiências.

A paciente com câncer de mama da WeCancer Viviane Xavier compartilha que o aplicativo salvou sua vida. Após três manutenções do seu cateter, começou a ter febre e relatou no app. A enfermeira do time da startup a encaminhou para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para fazer exames.

“A UPA não admitiu que tinha cometido um erro, então entrei em desespero. Não sabia o que fazer e recorri ao aplicativo. A enfermeira falou para eu não sair do hospital, mexeu alguns pauzinhos e conseguiu me internar. Eu estava com bactérias no cateter. No dia seguinte, depois de ter me ajudado, a enfermeira veio perguntar como eu estava e foi aí que percebi que eu não estava sozinha, a luta não era só minha, era alguém atrás daquele aplicativo se importando comigo”, afirma Viviane.

Para os hospitais, a WeCancer vende a sua solução tecnológica que resulta na transformação digital da saúde. Com ela, os hospitais têm acesso rápido aos dados diários da vida dos pacientes, seja através da plataforma online para equipes de saúde ou pelo aplicativo. Segundo a startup, essa abordagem permite antecipar riscos e, consequentemente, reduzir custos, uma vez que o paciente não precisa se deslocar ao hospital e isso diminui o uso excessivo do sistema de saúde.

Como os pacientes informam no app em tempo real o que estão sentindo, o hospital recebe um alerta imediato em caso de risco, podendo fazer prescrições digitais sem complicação. Além disso, a segurança dos dados dos pacientes é uma prioridade, estando em total conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Para a indústria e operadoras de saúde, a startup desenvolve projetos customizados conforme a necessidade deles. Em 2021, a WeCancer recebeu investimento da VOX Capital, gestora pioneira em investimentos de impacto, por meio do Fundo VOX IMPACT INVESTING II FIP.

Futuro da WeCancer com mais tecnologia

César Filho reforça que a WeCancer foca no cuidado do paciente, no entanto, para o futuro da startup, eles planejam ampliar o foco para facilitar a vida dos profissionais de saúde e tornar sua jornada de trabalho mais eficiente, o que permitirá que eles forneçam um atendimento de maior qualidade aos pacientes.

O fundador planeja incluir inteligência artificial nas soluções da WeCancer para otimizar as tarefas repetitivas e economizar tempo das equipes de saúde. Ele destacou que a IA pode desempenhar um papel crucial na melhoria da eficiência operacional.

Ele destaca que, ao olhar para o futuro da saúde, a WeCancer está considerando todas as novas tecnologias e inovações para aprimorar a trajetória do paciente, mas também se esforça para não deixar ninguém para trás. “O Brasil é um país diverso economicamente, é um país pobre, estamos comprometidos em desenvolver soluções que beneficiem todas as camadas da população. Buscamos inovar na saúde, mas também ser guiados por princípios de empreendedorismo social, com a missão de impactar positivamente a vida das pessoas, mantendo o foco na transformação da saúde sob a perspectiva de inclusão e equidade”, completa César.


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