A Globant, empresa especializada em tecnologia digital, divulgou um novo relatório sobre o impacto da inteligência artificial (IA) no setor financeiro global. O estudo projeta que os investimentos nesse segmento devem ultrapassar US$ 300 bilhões até 2033, conforme estimativas da Precedence Research, consultoria em análise de mercado.
Para o próximo ano, espera-se que o valor da IA no setor bancário alcance US$ 26 bilhões, em comparação com os US$ 20 bilhões atuais, destacando um crescimento acelerado que pode superar 15 vezes na próxima década.
De acordo com a publicação britânica do The Economist, 85% dos bancos preveem que a inteligência artificial terá impacto significativo na experiência do cliente, permitindo maior personalização de serviços e a automação de processos internos.
Esse movimento visa atender à demanda crescente por soluções mais ágeis e convenientes para o consumidor, além de responder aos desafios de eficiência operacional, segundo o relatório da Globant.
Apesar do aumento de investimentos, a implementação da IA no setor financeiro enfrenta diversos obstáculos, incluindo sistemas legados obsoletos e questões regulatórias rigorosas.
O relatório aponta que muitas instituições financeiras dependem de tecnologias e infraestruturas antigas, o que limita o potencial da inteligência artificial e pode tornar os sistemas menos ágeis e seguros. Além disso, o crescimento desse setor gera uma necessidade de profissionais qualificados, cuja oferta ainda é limitada no mercado, o que afeta a capacidade das empresas de inovar na velocidade desejada.
Outra barreira à implementação plena da IA é a mudança cultural dentro dos bancos. A resistência à transformação digital e a falta de integração de novas práticas no dia a dia dificultam a aplicação eficaz de tecnologias inovadoras. Esse cenário, segundo o relatório, tem levado a uma experiência de atendimento aquém das expectativas e a perdas de receita para algumas empresas do mercado.
Casos de aplicação bem-sucedida da IA no setor
O relatório da Globant também explora exemplos práticos de instituições que implementaram IA com sucesso, destacando os benefícios alcançados.
A Allianz, multinacional de seguros e produtos financeiros, procurou a Globant com a demanda de personalizar o atendimento ao cliente e ampliar a competitividade.
A empresa implementou uma solução de inteligência artificial que otimiza o trabalho dos consultores financeiros, organizando informações relevantes e agilizando o atendimento, além de contribuir para o cumprimento de regras regulatórias e reduzir riscos operacionais.
Outro caso abordado no estudo é a modernização de sistemas em um grande banco que utilizava o COBOL, uma linguagem de programação considerada obsoleta. Com o auxílio da Globant e da ferramenta GeneXus Enterprise AI, foi possível converter mais de 11,6 mil linhas de código para uma tecnologia mais moderna em 105 horas. Segundo o relatório, essa atualização melhorou o desempenho dos sistemas internos do banco e sua capacidade de responder rapidamente às demandas do mercado.
No mesmo estudo, é mencionado uma instituição financeira espanhola que usou IA para analisar dados de conversas com clientes, aplicando o processamento de linguagem natural (PNL) para melhorar a segmentação e a qualidade do atendimento. A implementação de dados sintéticos, que são anonimizados, também foi uma estratégia adotada para assegurar a privacidade do consumidor sem comprometer a inovação, garantindo que as decisões automatizadas permanecessem transparentes.
Para o líder tecnológico da Globant, Rodrigo Gonsales, a aplicação de inteligência artificial com sucesso vai além de investimentos financeiros e abrange a preparação da equipe de toda a organização.
Segundo Gonsales, um dos fatores críticos para a adoção bem-sucedida da tecnologia é a promoção de uma cultura de inovação e a capacitação dos colaboradores. “A IA não funciona isoladamente. Para que essa tecnologia seja eficaz, todos na empresa — desde os líderes até os colaboradores de ponta — devem estar preparados e alinhados com os novos processos. Investir em treinamento e fomentar uma cultura de inovação são essenciais para alcançar os resultados esperados”, ressalta Gonsales.
O relatório sugere ainda que, à medida que as instituições se adaptam aos desafios da transformação digital, o investimento em formação profissional e a criação de uma cultura corporativa aberta à inovação serão decisivos para o sucesso da IA nos bancos. Aqueles que investem em preparar suas equipes para lidar com as novas ferramentas tecnológicas têm maiores chances de se manterem competitivas e atenderem às expectativas do mercado.
A pesquisa da Globant conclui que, apesar dos obstáculos, esse segmento está em um caminho promissor para integrar a IA em operações e estratégias de atendimento. A tecnologia oferece a possibilidade de simplificar processos, aprimorar a experiência dos clientes e atender a requisitos regulatórios de maneira mais eficiente.
A expectativa é que, com investimentos contínuos e um esforço conjunto para superar as barreiras culturais e tecnológicas, a IA se torne uma peça-chave no funcionamento e na inovação do setor bancário nas próximas décadas.
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