* Por Luciana Antonini Ribeiro
As médias empresas são agentes importantes na economia brasileira, em particular no que se refere à geração de emprego. E dependendo dos planos estratégicos, para expandir e alcançar patamares elevados nos negócios, pode ser necessária, muitas vezes, a participação de investidores. Eles aportam, além de recursos financeiros, experiência de gestão, melhores práticas de governança e modelos de profissionalização às empresas investidas. Mas como a sua empresa pode dialogar com o novo cenário de investimentos, que busca negócios com o propósito de retornar algo positivo para a sociedade?
ODS como bússola
É provável que você já tenha ouvido falar dos ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável) da ONU. São uma agenda com 17 metas focadas em questões urgentes atuais. Como meio ambiente, desigualdade, educação, saúde, entre outros temas. E que devem ser implementadas por todos os países até 2030. Esse é o momento ideal para quem deseja atuar como uma força transformadora nessas diferentes áreas. E, principalmente, ajudar a escrever um novo papel para os negócios.
Para quem está começando a empreender, uma sugestão é estruturar a iniciativa com os óculos dos ODS. Se você já empreende, talvez seja o momento de rever processos e relações e buscar devolver algo positivo para sociedade e meio ambiente. Os ODS auxiliam a enxergar onde atuar e refletir sobre soluções inovadoras para desafios atuais e que, muitas vezes, são espaço fértil para novas oportunidades.
Digamos, por exemplo, que a sua agenda pessoal inclua o desejo de reduzir desigualdades (meta 10) ou garantir acesso à educação a comunidades distantes (educação de qualidade – meta 4). Você pode estruturar um negócio que não necessariamente tenha essas metas como produto final, mas as entregas devem contemplar esses objetivos, de alguma forma, mesmo que indireta. O seu negócio pode não ser necessariamente de impacto mas com impacto.
A expansão do impacto
Se a dúvida é se há investimento disponível para negócios com impacto, a resposta é sim. Esse é um mercado em expansão. Segundo a Ande Brasil – rede internacional de organizações que trabalha para promover o empreendedorismo em países em desenvolvimento – os negócios de impacto movimentam US$ 60 bilhões em nível global e crescem 7% ao ano.
Essa mudança na forma de atuar dos investimentos – mais conscientes do seu papel para a sociedade – pode parecer curiosa à primeira vista, mas trata-se, na verdade, de um retorno às origens, quando investimentos eram vistos primordialmente como um motor de desenvolvimento econômico. No Private Equity, por exemplo, o conceito atual é o Private Equity com propósito, que considera além de retorno financeiro e análise de risco, também o impacto.
E o que está impulsionando esse “novo – antigo” mindset são exatamente essas necessidades urgentes, previstas nos ODS da ONU. E também as novas gerações.
Ouça os millenials
Relatório lançado recentemente sobre o cenário de investimentos das Family Offices é um termômetro da influência da geração nascida entre 1979 e 1995 – os Millenials – no desenho do futuro dos negócios. Segundo o Global Family Office Report 2018, do banco UBS Campden Wealth, 39% dos entrevistados projetaram que quando a próxima geração assumir o controle da riqueza da família aumentará sua alocação para impacto e investimentos ambientais, sociais e de governança.
Novo ciclo de empreendedoras
Se você escolher óculos diferentes para empreender com um propósito maior, gerando impactos positivos para muito além do seu negócio, atrairá investidores alinhados com esse mindset, de negócios e de investimentos mais conscientes. Há um ciclo de novos empreendedores emergindo lentamente nesse momento tão desafiador da sociedade brasileira. E você pode ser parte dessa história.
No site das Nações Unidas você tem acesso a todas as 17 ODS.
* Luciana Antonini Ribeiro tem mais de 10 anos de atuação no mercado de investimentos e apoia empresas, de tamanho médio e com alto crescimento, a expandirem seus negócios. Acredita na força do setor privado para impulsionar o desenvolvimento do país e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU. Defende que o ambiente de investimentos precisa estar alinhado a essa crença. Sócia-fundadora da EB Capital, Luciana é ainda membro do Conselho e do Comitê de Investimentos da e.Bricks Ventures e do Conselho da Br Supply. Tem MBA pela Columbia University (EUA) e mestrado em Direito pela UFRGS.
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