* Por Adelmo Nunes Pereira
O brasileiro tem fama de não ter nenhum gosto pela leitura. Não lê manuais, tem resistência a procedimentos e, por cultura, entra no jogo sem conhecer as regras. A contrapartida positiva é o seu enorme potencial criativo. Peguemos como exemplo o nosso futebol. Temos os melhores jogadores, mas pecamos na falta de aplicação tática. Vide as últimas copas do mundo. Isso explica, em certa medida, porque no Brasil surgem tantas ideias inovadoras para se abrir novos negócios, na mesma proporção que empresas fecham as portas ainda no primeiro ano. É o que acontece com 30% das startups abertas no país, de acordo com o Sebrae. Em média, 74% encerram suas atividades em cinco anos.
É vital para o empreendedor, sobretudo o marinheiro de primeira viagem, cercar-se das melhores informações antes de abrir a startup. Pressionado por incertezas e com pouco dinheiro para investir, o empresário se assusta com decisões complexas para estruturar juridicamente a futura empresa. Ter tido uma ideia brilhante não basta. Suas escolhas vão atrapalhar ou contribuir para que a startup possa captar investimentos. O modelo de sociedade é uma delas.
Há alguns mitos nessa história, como o de que manter uma S/A seja mais complexo e mais caro do que uma Ltda. Na realidade é. No entanto, as exigências legais de uma S/A podem trazer vantagens competitivas no futuro e compensar os custos mais altos.
Por isso, vale optar pela S/A. O modelo oferece mais instrumentos de captação de recursos, como ações preferenciais, debêntures, bônus de subscrição, partes beneficiárias e commercial paper. As S/A também exigem governança corporativa. Contar com uma assessoria especializada trará vantagens agora e no futuro.
Sendo uma S/A, a startup não é obrigada a publicar balanço anual. A regra se aplica apenas para S/A com patrimônio líquido acima de R$ 1 milhão. E startups não costumam ter patrimônio logo no início. Porém, muita gente vai condicionar investir na startup à sua transformação em S/A. Ainda que se torne obrigada a publicar balanço, isso pode ser feito de forma simplificada e resumida, o que reduz os custos de publicação.
A dica de ouro é: fique bem informado, conheça e respeite as regras. Não basta ser criativo. É preciso disciplina e uma boa assessoria ao lado para sua empresa não entrar para a triste estatística nacional ainda no primeiro ano.
Adelmo Nunes Pereira é presidente da Planned Soluções Empresariais
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