Por Dennis Nakamura

Com a recente entrada da Lime no Brasil, empresa de patinetes elétricos investida do Uber, devemos ver uma crescente quantidade de patinetes em nossas grandes cidades. Mas por que essas empresas crescem tão rápido e por que valem tanto?

 O problema da mobilidade urbana

O problema da (falta de) mobilidade urbana é fato, por isso cada vez mais pessoas estão utilizando o transporte público por vontade, não por necessidade.

Entretanto o ônibus e o metrô são convenientes para viagens à partir de certa distância, mas quase nunca deixam você onde você precisa, geralmente há a necessidade de caminhar alguns metros para chegar ao seu destino.

Dessa forma o transporte público se torna meio conveniente para muita gente, ou muito conveniente para pouca gente: os sortudos que moram ao lado do metrô e trabalham ou estudam ao lado de outro metrô.

Então os patinetes vieram para resolver esse problema que chamamos de last mile, essa primeira e última parte do caminho que você precisa percorrer à pé para ir do e para o transporte público.

Claro, você poderia ir de bicicleta, mas provavelmente chegaria suado. Ou de Uber, mas ficaria mais caro.

Modelo de negócios (quase) perfeito

Existem patinetes elétricos custando tanto quanto US$139 para consumidores finais. Então podemos admitir que as startups devam conseguir comprá-los por menos de US$100.

Os preços para se alugar esses patinetes pelos aplicativos da Rappi, Grin e Yellow são aproximadamente 25% mais barato que um UberX para o mesmo trajeto, porém nas viagens de carro, o Uber cobra entre 20% e 37% do valor total da viagem, enquanto nos patinetes, o valor fica 100% com eles.

Então podemos perceber que bastam algumas poucas semanas de locação dos patinetes para que eles se paguem.

A grande sacada: o modelo de negócios perfeito

Assim como em todos os demais modais de transporte, há sempre o fluxo, sentido para qual a maioria das pessoas está indo no momento, e o contrafluxo. Pois é o mesmo para as bicicletas, há momentos em que muitos alugam bicicletas para irem para determinado local, e momentos em que todos querem voltar.

Por isso é comum observarmos vans e pessoas devidamente uniformizadas levando as bicicletas do Itaú, Bradesco, Yellow e outras de um local para outro ao longo do dia. Isso acaba custando dinheiro para toda essa logística.

No caso dos patinetes, devido à sua fácil manutenção básica e tamanho, essas startups de patinetes disponibilizaram aplicativos específicos para usuários que desejam ganhar dinheiro com os patinetes. Mas como?

Esses aplicativos mostram a localização e nível de bateria de cada patinete. O usuário pode então recolher quantos patinetes desejar, após determinada hora do dia, levar para casa, carregá-los na tomada e na manhã seguinte deixar no local apontado pelo próprio app e ser remunerado por isso. Assim as startups conseguem baratear de forma inteligente toda a manutenção básica e logística dos patinetes.

Mas por que valem tanto?

Primeiro se propõe a resolver um dos grandes problemas das grandes cidades e metrópoles, a mobilidade urbana. Segundo, pela sua praticidade além de ser divertido.

E terceiro, por terem recebido dinheiro dos investidores certos. Por exemplo a nova Lime, valor de US$2 bilhões, que chegou no RJ e SP, é investida pela Uber e se utiliza do próprio aplicativo da Uber para a locação dos patinetes elétricos.

Podemos explicar essa “parceria” entre Lime, recém chegada, e Uber, que já possui 22 milhões de usuários no Brasil, como vender condicionador de cabelos para quem já é freguês do seu shampoo.

* Dennis Nakamura é um dos sócios fundadores da Relp!, formado em engenharia financeira e mentor de Negócios na Oracle e na Bluefields.

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