* Por Fabiana Quiroga e Jorge Soto

O impacto da ação humana no planeta é cada vez mais perceptível, tornando urgente a implementação de medidas que garantam o equilíbrio do uso de recursos naturais, geração de resíduos e desaceleração das mudanças climáticas. Neste cenário, é fundamental que toda a sociedade, considerando desde o setor público até a indústria e o consumidor, se engaje em novos hábitos e processos em busca de um modelo mais sustentável de vida.

O plástico tem grande contribuição na evolução social e desempenha papel crucial na entrega de um futuro mais sustentável. Sua combinação de leveza, baixo custo e durabilidade o colocam em posição de destaque na redução de emissões de gases de efeito estufa e uso mais eficiente de recursos naturais, como água e energia. Além disso, o material também assegura a produtividade agrícola, a segurança alimentar e a higiene hospitalar. Contudo, a gestão adequada de resíduos e o desenvolvimento da cadeia de reciclagem ainda são desafios.

De acordo com o estudo ‘Perfil da Indústria Brasileira de Transformados’, feito pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), em 2017, o Brasil consumiu 6,5 milhões de toneladas do material, sendo 33% plásticos de vida curta (de até um ano). A Fundação Instituto de Administração (FIA) indica que, neste mesmo período, o índice de reciclagem de embalagens foi de 26%.

Utilizando a inovação como motor de transformação, startups de todo o Brasil desenvolvem soluções que transformam o desafio da ampliação da reciclagem em oportunidade, revelando o potencial de negócio que a economia circular agrega ao mercado. A Eco Panplas, por exemplo, desenvolveu uma tecnologia que descontamina embalagens plásticas de óleo lubrificante, garantindo que o plástico seja devidamente reciclado, sem riscos e passivos ao meio ambiente. Maximizando os ganhos positivos, o processo não utiliza água e recupera todo o óleo residual, sem a geração de efluentes.

Outro bom exemplo é a Boomera, especialista no desenvolvimento de soluções para reciclagem de resíduos complexos ou de difícil reciclabilidade, como fraldas descartáveis. Além de esterilizar o material, a tecnologia da empresa é capaz de quebrar as moléculas do gel absorvente – um complicador no processo de reciclagem –, viabilizando seu retorno para a cadeia de produção como matéria-prima.

O Instituto Muda é mais um case de como boas ideias podem alavancar a reciclagem. A empresa promove o conceito de que os resíduos domésticos têm potencial para serem matéria-prima em novas aplicações, trazendo benefícios sociais, ambientais e econômicos para toda a sociedade. Com o intuito de ampliar a destinação correta de resíduos, a empresa já organizou a coleta seletiva em mais de 150 condomínios residenciais de São Paulo, sensibilizando e conscientizando aproximadamente 120 mil pessoas.

Tais iniciativas demonstram como a inovação e novos modelos de negócios, em especial os que contribuem para a transformação da economia linear para a circular, podem ter importante contribuição em um futuro mais sustentável. Além de uma rica troca de experiências, a aproximação de grandes companhias com estas empresas pode alavancar o impacto positivo destas soluções. Desde 2015, o Braskem Labs, nosso programa de fomento ao empreendedorismo inovador e sustentável, acelerou 54 empresas que buscam soluções inovadoras por meio da química e do plástico. Destas, 26% possuíam ações que consideram a economia circular.

* Fabiana Quiroga é diretora de Economia Circular da Braskem na América do Sul e Jorge Soto é diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem.

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