Para cumprir a recomendação de manter o distanciamento social, de modo a evitar novas contaminações, as companhias estão precisando adaptar as atividades de uma hora para outra. No olho do furacão, os departamentos de Recursos Humanos se desdobram para dar conta da nova realidade.  Mas o que fazer para seguir em operação e preservar um grau de normalidade no ambiente corporativo?

Em setores como o de tecnologia, em que esquemas de trabalho remoto não são uma novidade, o home office ganhou espaço. A HBSIS Ambev, de Blumenau, por exemplo, liberou o trabalho remoto para os 900 colaboradores por tempo indeterminado – e tornou o sistema obrigatório para profissionais de grupos de risco (faixa etária avançada, gestantes, diabéticos e imunodeprimidos). Para as empresas em que o sistema ainda não é comum, três especialistas em RH dão sugestões de como manter as atividades o mais próximo possível do habitual:

Processos seletivos: ideal é mantê-los e reforçar a comunicação com candidatos

As mudanças no expediente das empresas, além da recomendação de evitar aglomerações e transporte público, podem afetar uma das atividades mais importantes das equipes de RH: recrutamento e seleção.

Para as companhias que demandam profissionais qualificados, raros no mercado, a desmobilização dos processos seletivos é um prejuízo. “Há seleções que duram semanas. Uma interrupção no processo pode levar a empresa a perder bons candidatos pelo caminho”, diz Paulo Lazári, CEO da Recrutei, plataforma para gestão de recrutamento e seleção.

Para conseguir manter a normalidade, algumas ações são necessárias. “Ainda que adaptados, os processos seletivos devem ser mantidos sempre que possível, com reforço de comunicação e alinhamentos com os candidatos”, avalia Lazári. Se não for possível entrevistar um profissional pessoalmente, por exemplo, é viável lançar mão de videoconferências. Se uma avaliação estava prevista para ser presencial, existem formas de fazê-la à distância. “O mais importante é a empresa demonstrar que está se mobilizando para minimizar o impacto da pandemia. Adiamentos sucessivos, já que não se sabe quanto tempo a fase crítica vai durar, pode levar à perda de confiança no processo”.

Comunicação reforçada: reuniões de check-in para estabelecer metas e prioridades

Como garantir que o colaborador vai entregar os resultados e se manter produtivo trabalhando à distância? Essa é uma das principais questões levantadas sobre o home office, e a solução é reforçar a comunicação com reuniões de alinhamento, essenciais para garantir o sucesso do trabalho remoto. “O Alinhamento 1:1 é um ritual de liderança importante para debater, direcionar e priorizar tarefas. São momentos em que o líder pode passar para o colaborador o planejamento das próximas ações e estabelecer metas para que a produtividade não seja medida por horas de trabalho, e sim por entregas cumpridas”, diz Cesar Nanci, CEO da Pulses, startup que desenvolve soluções de clima organizacional.

Uma saída é fazer reuniões semanais de check-in, estabelecendo metas e prazos, verificando o andamento das tarefas e checando o que foi finalizado. Além disso, é necessário verificar aspectos sobre bem-estar e eventuais dificuldades e problemas que os colaboradores podem estar sentindo. Nanci também reforça a importância dos líderes estabelecerem uma relação de confiança, propiciando condições seguras para que as pessoas possam fazer seu melhor em um cenário restritivo. “São em situações como essas que soluções criativas aparecem. Incentive olhares diferentes sobre o negócio e as atividades do dia a dia”.

Treinamento dos colaboradores: Ensino a distância é opção para manter a produtividade

O momento de reclusão forçada da população pode ser uma oportunidade para investir na qualificação à distância dos colaboradores, fornecendo – ou indicando – cursos de acordo com as habilidades que as empresas desejam potencializar. Preservar treinamentos que já estavam previstos, adaptados para a modalidade online, também pode ajudar a manter o time unido e engajado com as atividades cotidianas do trabalho. “A autoaprendizagem, que já era uma tendência, hoje se mostra uma solução real para valorizar o tempo em casa”, diz Luiz Alberto Ferla, fundador e CEO do DOT digital group, empresa de educação digital que está há 24 anos no mercado. Na China, por exemplo, onde a pandemia de Covid-19 teve origem, o ensino à distância cresceu 20% nos últimos meses, já que cada vez mais pessoas estão buscando a tecnologia para estudar por conta própria.

No Brasil, por exemplo, a Tivit, umas das empresas líderes em serviços integrados de tecnologia na América Latina, com mais de 10 mil colaboradores, cancelou todos os cursos e atividades presenciais e está focando 100% na capacitação online. “A pessoa tem autonomia para criar a própria jornada educacional e escolher quais conteúdos consumir para se desenvolver de acordo com os seus objetivos. Também pode acessar os conteúdos em dispositivos móveis, o que facilita ainda mais a capacitação e a administração do tempo”, observa Ferla.

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