* Por André Paschoal

Tem sido incrível observar a evolução do mercado nos últimos anos. Mas essa não é mais uma opinião sobre a evolução do mundo, por conta da pandemia de covid-19. Apesar que vale a ressalva de que realmente isso colocará a humanidade em um outro patamar. O que quero falar aqui é sobre o aprimoramento dos instrumentos de gestão de pessoas.

É verdade que a 4ª Revolução Industrial trouxe muitas oportunidades, colocando os RHs das empresas na vitrine da inovação, como a “bola da vez”. Mas também temos que reconhecer que foi graças ao mindset de muitos profissionais que o negócio caminhou. E que bom que isso aconteceu! Imagina como seria impulsionar esse crescimento sem um sponsor? Ou somente com a pressão dos novos perfis de colaboradores e até mesmo da própria indústria de tecnologia?

Quero compartilhar com vocês uma jornada de conversas que tive com mais de 200 líderes de RH de renomadas empresas brasileiras, ou com sedes no Brasil, entre 2019 e 2020, sobre os impactos da inovação nos instrumentos de gestão de pessoas.

Faz sentido o que estamos fazendo?

O pano de fundo era uma questão trazida à tona pela Harvard Business Review, quando os líderes de RH questionaram sobre: “faz sentido o que estamos fazendo?”. Na matéria, entrevistas e pesquisas com grandes empresas, como Accenture, Microsoft, GE, dentre outras, que contavam sobre suas experiências ao abandonarem os modelos tradicionais de Avaliação de Desempenho.

O tema continua sendo de extrema complexidade. Afinal, faz sentido avaliações anuais, 9box, curva forçada, PLR associado à metas e feedbacks enviesados pela própria avaliação? Deixo a pergunta aberta para você opinar e faço questão dessa troca.

Mas vamos em frente, porque na jornada eu ouvi um pouco de tudo e quero compartilhar sobre para onde estaríamos indo com a tendência de inovação do modelo. O que acredito ter dado legitimidade ao artigo.

Para onde estamos indo?

A pergunta é daquelas que vale US$ 1 milhão. Afinal, não há uma resposta absoluta. Mas, tendência é tendência, e os pontos incomuns em 90% dos casos foram:

– A força de trabalho do futuro traz novas atitudes e formas de trabalhar que precisamos nos adaptar;
– As lideranças precisam ser preparadas para atender às novas necessidades das pessoas;
– A empresa deve estar conectada com o futuro e precisa empoderar o auto desenvolvimento, com responsabilidade;
– Novos modelos devem ser operados, medidos e sustentados por tecnologias de ponta.

E como ficam os novos modelos?

Há no mundo milhares de HR Techs trabalhando para o aprimoramento dos instrumentos de Gestão de Pessoas, pois, sem tecnologia será muito difícil, ou melhor, será impossível conduzir a inovação, atrair e reter talentos, e ainda, manter o negócio competitivo frente aos adventos das revoluções industriais, transformação digital e de conceitos como Employee Experience e Future of Work.

Nós brasileiros somos menos hard techs. Ou, para caprichar na abordagem, somos de um perfil mais soft tech. Precisamos de ajuda para operar bem as tecnologias, mesmo elas sendo do tipo friendly. O que não é de todo ruim, afinal, há também milhares de consultorias que propõem sustentação aos projetos.

Os serviços mais comuns que encontrei foram:

– Oficinas para formação de mindset. Porque, sim, a transformação digital começa na mudança de mindset;
– Revisão ou estruturação de novos processos;
– Análises de métricas e produção de relatórios personalizados;
– Suporte técnico e treinamento periódicos aos usuários.

Nunca fez tanto sentido para mim a famosa citação de Jacob Morgan: “Em um mundo movido por tecnologia, ser humano nunca foi tão importante”.

Uma boa forma de começar a preparar as mudanças inevitáveis desse modelo tradicional é começar a ouvir melhor as pessoas, seus próprios colaboradores. E aqui vão mais alguns pontos importantes:

– Democratizar o acesso ao feedback e torná-lo contínuo;
– Reforçar o protagonismo do colaborador;
– Descobrir habilidades e reconhecer o melhor de cada um;
– Estimular o autoconhecimento e desenvolvimento contínuo;
– Eliminar o viés a burocracia e a injustiça.

Associar tecnologia à serviços e estar atento às expectativas do colaborador, preparar a liderança e adequar o ambiente de trabalho, são, sim, os ingredientes de uma fórmula mágica. Mas sabe aquele ingrediente secreto que toda poção mágica tem? Para mim ele se chama Cultura Organizacional. Ela que deverá reger tudo e todos que estiverem submetidos ao processo, seja ele o velho e tradicional, ou o novo e disruptivo.

* André Paschoal é head de negócios estratégicos para o BWG, uma das empresas líderes na construção de cultura de alta performance no Brasil. Graduado em Administração de Empresas pela Anhembi Morumbi e em Gestão de Marketing pela Universidade Paulista, pós graduado em Comunicação Corporativa pela FAAP. 

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