* Por João Henrique Vogel

Todos nós já ouvimos a máxima de que empreender não é fácil. Seja pelo cenário político ou econômico do país, essa frase se torna ainda mais real no Brasil. Mesmo assim, somos considerados referência em empreendedorismo no mundo, totalizando mais de 12 mil startups atuantes e formando cinco unicórnios – startups avaliadas acima de US$ 1 bilhão -, só em 2019.

Essa veia empreendedora latente dos brasileiros é cultural. Em um país onde a informalidade cresce a cada dia, aqueles que se dedicam a desenvolver produtos e serviços inovadores encontram diversos desafios, mas também são apoiados por programas de desenvolvimento de negócios, que acreditam no potencial de impacto de suas iniciativas.

Esse movimento empreendedor faz com que um verdadeiro ecossistema de startups seja criado. Por aqui, desenvolvemos negócios em diversas frentes. Serviços financeiros, ferramentas de gestão empresarial e startups de saúde (as chamadas healthtechs) tomam cada vez mais destaque, conquistando diversos clientes, muitas vezes, entre si.

Essa troca de experiências e apoio é importante para o desenvolvimento desses negócios, mas não é o suficiente. Muitas dessas empresas são criadas por pessoas que enxergaram as necessidades e o potencial de certo mercado, mas que ainda não possuem a experiência ou os contatos e recursos necessários para decolar um negócio. Portanto, programas de desenvolvimento criados por hubs de inovação, empresas de tecnologia e holdings investem em conectar especialistas a negócios com potencial para grande impacto no mercado.

Um grande exemplo é o programa Google For Startups, que iniciou sua quinta turma brasileira no mês de abril. A iniciativa começou no país em 2017 e já apadrinhou mais de quarenta startups, entre elas, Cuponeria, Gupy e, agora, a Cuidas, healthtech que conecta empresas a médicos e enfermeiros.

A grande proposta desta iniciativa é desenvolver os negócios de cada empresa, proporcionando trocas de experiências com diversos players do mercado, além de conectar os empreendedores com antigos alunos do programa e mentores que trabalham na sede do Google na Califórnia. Outro ponto forte é o desenvolvimento de estratégias e treinamentos para os líderes de cada empresa, seja para otimização de campanhas de marketing digital, para repensar estratégias de desenvolvimento de produto ou até para compartilhar momentos de vulnerabilidade com um coach de liderança do próprio Google.

Além do suporte ao desenvolvimento, essa experiência é uma chance de que empreendedores com grande potencial possam se conectar com profissionais que possuem conhecimento altamente especializado e que estão preocupados em incentivar a inovação.

Nestes tempos de crescimento rápido, de surgimento de novas tecnologias e de novos olhares estratégicos, o bom relacionamento e a troca de informações são ferramentas fundamentais para o crescimento de startups e de produtos disruptivos. Ainda é cedo para decifrar o que o futuro reserva em cada mercado e quais soluções e ideias prevalecerão. Em tempos de pandemia, modelos de negócio, economia e trabalho estão sendo forçados a se remodelar.

Mas um ponto é certo: apostamos que, independentemente da crise, a parceria e a cooperação com hubs de inovação e programas de aceleração continuarão potencializando empreendedores e abrindo o caminho para que o ecossistema seja cada vez mais inovador.

* João Henrique Vogel é formado em Sociologia, Economia e Francês pela Harvard University nos EUA. Foi gerente financeiro na Kraft Heinz Company em Chicago e cofundador da BRASA – Brazilian Student Association. Atualmente, é cofundador da Cuidas, healthtech que conecta empresas a médicos e enfermeiros para atendimentos no próprio local de trabalho.

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