Criada pelo Sebrae no Pará, ferramenta facilitou a comunicação entre quem empreende e clientes em uma grande vitrine de negócios paraenses

Feira de Artesanato do Círio

Todo ano, artesãos e muitos outros empreendedores paraenses aguardam o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, manifestação religiosa que ocorre todo segundo domingo de outubro, em Belém do Pará, para faturar. Mas, em 2020 as incertezas eram muitas. 

A confirmação, em agosto, de que neste ano o Círio seria diferente, sem as procissões e algumas programações restritas e até com a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, coração da festividade, fechada, preocupou os empreendedores que fazem parte de uma cadeia econômica ligada a manifestação religiosa.

Sem o tradicional Círio, que atrai milhares de turistas para a capital paraense e movimenta a economia, injetando quase R$ 1 bilhão em 2019, o quadro de queda do faturamento e de falta de venda para muitos que deixaram de receber encomendas parecia sinalizar para um cenário ainda mais difícil. “Eu estava em uma situação complicada, sem vender”, conta a artesã Francione Serra, do Ateliê Biarte Artesanato.

Franci, como é mais conhecida, engrossou as estatísticas de queda de faturamento com a pandemia no Pará. Em março, uma pesquisa realizada pelo Sebrae apontou que mais de 90% dos ouvidos disseram que ele caiu e que a queda média ficou, em média, mais de 60%.

A saída para sobreviver foi migrar ou fortalecer a presença no ambiente virtual. E se essa foi a alternativa encontrada para a sustentabilidade dos negócios por quem empreende, o Sebrae no Pará utilizou desse meio para apoiar os pequenos negócios no Círio, ofertando uma ferramenta virtual para o relacionamento entre eles e seus clientes, a Amazônia Market. “Cuidar da saúde dos negócios ao mesmo tempo que contribuíamos para a saúde das pessoas”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno.

Sessenta e cinco empreendedores cadastram gratuitamente seus produtos na plataforma durante a ação ‘Sebrae no Círio’, que foi de 7 a 25 de outubro, tendo como carro-chefe o artesanato, além de manualidades, biojoias confecção e artigos alimentícios. A geração de negócios foi cerca de R$ 80 mil, segundo a gerente de relacionamento empresarial do Sebrae no Pará, Keyla Reis. A gerente explica que esse valor pode ser muito maior, pois não se tem o número exato, já que se trata de uma plataforma de relacionamento direto do cliente com o empresário. Ela adianta que “futuramente, a intenção é que ela promova e-commerce”.

O grande diferencial criativo foi oferecer uma forma inovadora de comunicação entre empreendedores e clientes, promovendo vendas de forma segura, sem aglomerações. Além disso, o cliente podia escolher o que lhe agradava pela plataforma e pegar nas Lojas Colaborativas da Feira de Artesanato do Círio (FAC), tradicional evento de comercialização realizado nessa época do ano em Belém, e definir o melhor horário para isso.

A artesã Elivane Rabelo, da Fibras da Amazônia, diz que vendeu mais que nos outros anos, com a participação na plataforma.

Novidade que agradou à artesã Elivane Rabelo, Artesã da Fibras da Amazônia. “Vendi mais que nos outros anos. Estou muito satisfeita com as lojas e com a participação na plataforma”, diz Elivane, que trabalha com a produção de cadernos, cadernetas, bolas e outros produtos que têm como principal matéria-prima fibras da Amazônia.

Kelly Badarane, da KDesign, também tem motivos para festejar. “Foi fundamental a ferramenta, que aproximou os clientes da gente. Colocamos a foto dos produtos e os clientes entravam em contato direto com a gente”, conta a artesã, que trabalha com biojoias produzidas com plantas da Amazônia.

O artesão Jefferson Cruz cadastrou suas miniaturas de elementos do Círio de Nazaré na Amazônia Market

“Com a pandemia, a gente teve a necessidade de incluir nossos produtos na Internet e divulgar cada vez mais. Foi um sucesso e eu indico aos colegas que procurem colocar seus produtos também”, diz o artesão Jefferson Cruz, que cadastrou suas miniaturas de elementos do Círio de Nazaré na Amazônia Market.

“Sabemos que o empreendedorismo no meio digital ainda é desafiante, pois na região amazônica a dificuldade de acesso à internet de qualidade é uma realidade, mas a gente está preparando esse empreendedor para estar presente no ambiente virtual e fazer bons negócios, dentro das particularidades da região”, destaca Rubens Magno. “Isso é uma questão de sobrevivência. Não há mais como ficar à margem desse mundo”, observa.

Outro diferencial da Amazônia Market é que os empreendedores cadastrados iniciam um relacionamento também com o Sebrae, podendo participar de capacitações e eventos e receber orientações para fortalecer seus negócios.

Atualmente, mais de 1.800 empresas estão cadastradas na plataforma lançada no último mês de junho, de vários segmentos. O cadastro é simples e rádio. Para se cadastrar, é preciso ser uma empresa formalizada como Microempreendedor Individual ou Micro e Pequena Empresa (MPE) e ser paraense.

Ampla divulgação
Para dar visibilidade à Amazônia Market, houve ampla divulgação da ferramenta nos meios de comunicação, com conteúdo publicado de forma criativa, convergindo plataforma e levando o consumidor a ter interesse pelos produtos dos empreendedores.

Matérias em TV, rádios, jornais, sites e redes sociais fizeram parte da campanha das ações ‘Sebrae no Círio’, sempre citando a plataforma, e boa parte do material tinha o QR Code ou link direcionando para a Amazônia Market.

Estratégia no Círio
A plataforma Amazônia Market foi um dos pontos de contato para a venda de artesanato e diversos outros produtos ligados à temática do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, dentro das ações ‘Sebrae no Círio’.

Além da plataforma, foram realizadas a FAC na forma tradicional e em formato de lojas colaborativas, gerando bons resultados, e agrofeiras do Círio. Também foram instaladas máquinas Point Machine em pontos de grande circulação em Belém.

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