* Por Armando Kolbe Junior

Há casos em que uma empresa inovadora se depara com produtos que agregam um grande valor, mas que não se adequam facilmente ao seu portfólio, ou mesmo ao mercado atual. Este pode ser o momento de lançar um spin-off (criação de uma nova empresa ou produto, a partir do seu negócio atual) para que esse produto possa ir em frente por conta própria, com estrutura adequada. E quais as vantagens desse modelo, como funciona, o que é necessário para sua implementação são algumas perguntas que tento responder a seguir.

Traduzindo literalmente do inglês para o português, spin-off significa “subproduto”. Porém, não podemos limitar o termo a essa definição, pois ele é utilizado em inúmeras áreas. Outra designação é “derivado”, ou seja, aquilo que deriva de algo que já existe, algo já desenvolvido ou pesquisado outrora. Alguns seriados disponibilizados na mídia são casos de spin-off. Ocorre quando uma franquia é criada a partir de outra que já existe, normalmente uma que obteve grande audiência como, por exemplo, as séries “CSI-Miami” e “CSI-NY” que são resultado da famosa série “CSI-Crime Scene Investigation”.

Quando tratamos de negócios, utiliza-se spin-off na designação do processo de cisão entre empresas e o surgimento de uma nova empresa a partir de um grupo que já existe. Ocorre spin-off quando as organizações exploram um novo produto ou serviço partindo de algo que já existe, constitui um tipo de cisão de empresas. Resumindo, a spin-off vem a ser uma empresa nascida a partir de um produto desenvolvido nela e que apresenta potencial para se auto sustentar em novo empreendimento. Já na área das Tecnologias, o spin-off ocorre quando uma determinada tecnologia é resultado de outras que já existem.

Apesar de ser um termo há muito tempo utilizado, com a expansão das startups ele ganhou novas perspectivas. Afinal, nelas as soluções inovadoras são testadas muito rapidamente, com respostas promissoras. E muitas vezes também elas não podem ser cultivadas, habilitando assim o surgimento de um spin-off.

Às vezes ocorrem conflitos com dois resultados que podem surgir dessa situação de um determinado produto que poderia se tornar spin-off. Ele pode vir a parar de crescer, virando uma oportunidade desperdiçada, ou pode tomar toda a atenção da startup (empresa emergente), afetando outros negócios. Nessas circunstâncias indica-se o spin-off como solução, pois a empresa-mãe (ou controladora) continua tendo direitos às ações e/ou direitos sobre os resultados. Ou seja, ao se adotar este tipo de estratégia de negócio, investindo em novos mercados ou oportunidades, a empresa-mãe não perderá o foco em sua core competence (competências principais ou essenciais de uma empresa).

Apesar da proximidade entre spin-off e startup, já que ambas se desenvolvem a partir de uma ideia inovadora, a diferença entre elas está na origem de sua concepção. Enquanto um spin-off é derivado de uma organização já formada (seja uma empresa: spin-off corporativo ou uma universidade: spin-off acadêmico), uma startup pode ser criada a partir da ideia de um empreendedor independente.

Na maioria das vezes os empreendedores não têm capital suficiente para alavancar o projeto, necessitando vender seu projeto para uma empresa que passa a ser a controladora. Nesses casos, a startup torna-se um spin-off e a empresa que adquiriu a ideia é a empresa-mãe. Esta manobra também acontece com a cessão de tecnologias entre a empresa-mãe e a nova empresa, possibilitando então o desenvolvimento da inovação que foi proposta.

Sendo assim, um spin-off é o lançamento de um produto ou negócio, partindo de uma empresa que já existe, enquanto que uma startup é um modelo de negócios escalável, repetível (normalmente), mas não necessariamente relacionado à tecnologia.


* Armando Kolbe Junior é coordenador do Curso de Gestão de Startups e Empreendedorismo Digital do Centro Universitário Internacional UNINTER.

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