Embora não seja um fator isolado, a pandemia da Covid-19 tem ampliado a disparidade entre a demanda da Tecnologia da Informação e profissionais qualificados para preencherem as vagas. Segundo um estudo da Vanson Bourne, especializada em pesquisa de mercado de tecnologia global, 87,5% das companhias do Brasil iniciaram ou aceleram projetos de transformação digital durante a crise, deixando a corrida pela busca de talentos ainda mais acirrada.

Conforme aponta o levantamento Tech Jobs Report 2021, da Gama Academy, que oferece uma experiência diferenciada de aprendizagem, mais de 20 mil vagas devem ser abertas para a área de TI até meados de outubro. Ao mesmo tempo que o setor nacional está bastante aquecido, tenho notado organizações estrangeiras em busca de brasileiros – em cargo pleno e sênior – para atuarem em projetos internacionais à distância e receberem em dólar ou euro.

Se antes as startups concorriam entre si, agora a disputa é com as chamadas “Big Techs”. Capacitar jovens em início de carreira para suprir a escassez dos especialistas é um grande atrativo das instituições emergentes. Organizar treinamentos imersivos para capacitar pessoas, ajudando-as a progredirem em suas habilidades, é um bom caminho para revertermos estatísticas que apontam que o déficit de colaboradores na área de TI pode chegar a 260 mil até 2024.

Em outras palavras, enquanto a maior parte das empresas busca por técnicos prontos e preparados, contratar desenvolvedores juniores e oferecer ambientes dinâmicos e inovadores para que elaborem projetos reais, traz ganhos para todo o ecossistema. Como estamos falando de gente jovem, negócios que oferecem salário compatível, qualidade de vida e dão autonomia e liberdade para que criem novas ferramentas, por exemplo, se destacam dos demais adversários.

Tendo em vista que cada vez mais os colaboradores estão em busca de desenvolvimento de carreira, startups que promovem o primeiro emprego criam um elo emocional muito forte com os candidatos, que tendem a permanecer na companhia por muitos e muitos anos. Do ponto de vista empresarial, a grande vantagem competitiva dessa relação é que tornamos os aprendizes aptos para atingirem necessidades específicas que serão exigidas na rotina da instituição.

Faço um adendo importante: quando falo de jovens em início de carreira não estou apenas me referindo aos recém-formados. É óbvio que as universidades agregam conhecimentos que serão mandatórios no mercado, mas não podemos esquecer que muitos profissionais de tecnologia são autodidatas e aprendem sozinhos. A meu ver, os processos seletivos e o time de Recursos Humanos devem considerar projetos pessoais e outros trabalhos realizados no portfólio.

Se você é ou conhece alguém que está começando a desmembrar-se no campo de TI, saiba que há uma estrada promissora, mas é fundamental capacitar os horizontes. Parece clichê, mas estudar e ficar por dentro das atualizações do setor é uma das formas mais efetivas de se conseguir boas oportunidades de trabalho.

O Brasil está engatinhando no que diz respeito a atrair e reter talentos iniciantes, oferecendo treinamento aliado ao emprego. Precisamos nos conscientizar de que boa parte do profissional se forma dentro do ambiente de trabalho e temos responsabilidade sobre seu desenvolvimento. Investir na jornada do colaborador é uma expressão que está em alta nos últimos anos, mas onde estão as empresas que se dispõe, verdadeiramente, a oferecer um plano de carreira efetivo no país?

* Luiz Costa é CTO na Beep Saúde, healthtech 100% brasileira que oferece serviços de saúde a domicílio, de domingo a domingo, com custo acessível e sem taxas adicionais.


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