* Por Fernando Seabra

Teria o naturalista Charles Darwin previsto o futuro da inovação com sua obra “A Origem das Espécies”, publicada em 1859?

Em sua composição, o autor expõe a teoria do Darwinismo, afirmando que as espécies evoluem com o decorrer do tempo através da seleção natural, onde indivíduos que se adaptam melhor ao ambiente no qual vivem possuem maior probabilidade de desenvolvimento e de gerar novas espécies. Sua tese também se opõe à ideia de que as espécies são imutáveis, defendendo a descendência com modificação.

Os mesmos princípios estão presentes no universo da inovação, onde startups que se adaptam melhor ao ecossistema possuem maiores chances de se desenvolver, captar investimentos, gerar soluções úteis aos consumidores e assim obter lucros e se manter no mercado.

Tais fundamentos também se encontram no chamado “ciclo virtuoso do empreendedorismo”, onde agentes desse ecossistema investem em outros empreendedores com o objetivo de formar novas startups, monetizar e se sobressair no mundo dos negócios. Logo, tais empreendedores que receberam aporte inicial e são bem sucedidos se tornam eles mesmos investidores.

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Outra similaridade, o mundo das startups utiliza as diferentes espécies de animais em sua nomenclatura, fazendo uma menção de maneira intrínseca à Darwin. Ao contrário de alguns anos atrás, onde era apenas de comum conhecimento o termo “unicórnio”, atualmente temos diversos modelos de negócios de startups:

Startup Unicórnio

Se refere à startup avaliada em mais de US$1 bilhão antes de abrir seu capital na bolsa de valores. Expressão cunhada em 2013 pela investidora-anjo Aileen Lee.

Startup Camelo

Busca crescer de maneira sustentável e lenta, sobrevivendo à diversas situações de crise. Se conecta ao animal por possuir alta adaptação nos mais variados cenários econômicos.

Startup Dragão

Mais difícil de ser encontrada e com caráter mais agressivo que a unicórnio, seu objetivo é em uma única rodada de investimento chegar ao valor de mercado de US$1 bilhão. Possui alto nível de inovação.

Startup Hipogrifo

Mescla um modelo de negócios tradicionalista com tecnologia de ponta. Possui valuation de US$1 bilhão ou mais, captados pela bolsa de valores.

Startup Camaleão

Consegue se adaptar rapidamente às necessidades dos clientes e às mudanças do mercado. Aplica no ambiente no qual atua modelos de negócios validados em outros territórios.

Startup Zebra

Busca um crescimento lucrativo e sustentável, simultaneamente à procura de soluções para problemas ambientais e sociais. Se refere ao animal por ser listrado, sendo suas listras uma combinação entre propósito e lucro.

Startup Cabras da Montanha

Atua em um ambiente pouco explorado e com baixa competição. Domina o mercado através de tecnologias inovadoras e tem foco em análise de crescimento. Tem referência ao animal por conseguir sobreviver em ambientes inóspitos e hostis.

Startup Coelho

Possui origem do termo “rabbit” (coelho em inglês), cuja nomenclatura significa Real Actual Business Building Interesting Techs, ou negócios reais criando tecnologias interessantes.

Tendo em vista tal nomenclatura baseada em animais, utilizei a teoria darwinista para criação de um novo modelo de negócio de startup, a chamada Startup Mariposa. Com base nas ideias do naturalista, as mariposas escuras se sobressaem às brancas por sofrerem menor predação no ambiente devido à camuflagem – por exemplo, não são visíveis nos troncos das árvores. Da mesma maneira que a escuridão favoreceu a seleção de tais mariposas, as oportunidades e desafios do mercado podem beneficiar o surgimento e crescimento dessas denominadas startups, que possuem características vantajosas para se adaptar e competir em seu ecossistema.

Enquanto esses modelos de negócios se desenvolvem e se reproduzem na era da inovação, inúmeras startups lutam para se manter ativas, cenário onde muitas fracassam e ao mesmo tempo existindo o risco de extinção em massa.

Por exemplo os zombie business, terminologia criada por mim durante a quarentena da Covid-19 para caracterizar empresas que mesmo operantes, não geram resultado o bastante para se desenvolver e evoluir, ou seja, não possuem perspectiva de crescimento e sucesso, mas pela presença de alguns desavisados que continuam a consumir da mesma, estas não encerram de vez suas operações.

Paralelamente, o fracasso no mundo da inovação vem se tornando cada vez mais frequente. Nas últimas semanas, em seu Twitter, o investidor e executivo do fundo de venture capital IVC, Tom Loverro, previu a extinção em massa das startups, principalmente as early-stage e mid-stage.

Segundo o investidor, a cada quatro em cinco startups early-stage tem menos de um ano de vida. Ele também afirma que para as empresas que dependem de venture capital, o cenário será ainda pior do que o da crise financeira de 2008. Entre alguns conselhos para se manter no mercado estão: diminuir custos; atrair executivos experientes; focar na relação custo-faturamento postergando o crescimento; e levantar capital adicional assim que possível.

Sendo assim, podemos assumir que Charles Darwin foi um visionário já naquele tempo, prevendo o cenário do mercado mundial mais de 160 anos depois através de sua teoria darwinista. Seu processo de seleção natural está mais vivo do que nunca, seja no ecossistema das espécies, seja no da inovação através de minha idealização – a Startup Mariposa.


Charles Darwin e a Startup Mariposa

* Fernando Seabra é Idealizador do Clube BoraFazer, investidor-anjo, mentor do Planeta Startup, advisor no Batalha das Startups, avaliador Shark Tank Brasil, SAP Digital Business Influencer, Professor em diversos MBA’s na área de Inovação e Empreendedorismo e Criador da Metodologia Pitch Canvas. LinkedIn Creator, Colunista EconomiaSC e Expert Startupi.


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