Conferência ANPEI de Inovação 2019 apresentou grandes iniciativas, reforçando que ainda há muito a ser feito para o Brasil crescer e se destacar

Com a participação de mais de 1.200 pessoas e cerca de 120 palestrantes, a Conferência ANPEI de Inovação 2019, maior evento de inovação multissetorial do país ancorado em geração de negócios, realizada de 25 a 27 de setembro, em Foz do Iguaçu, apresentou, em seu último dia, grandes iniciativas que vêm sendo colocadas em prática nos setores público e privado. No entanto, fica clara a necessidade de todo o ecossistema acelerar algumas ações e ter estratégias bem definidas para o crescimento e desenvolvimento do Brasil.
 
Benjamin Reid, Head de Inovação Internacional e Desenvolvimento de Programas na Nesta (instituição independente que tem como missão incentivar a inovação no Reino Unido e criar redes globais, com atuação também no Brasil), lançou um olhar sobre o futuro da inovação, a partir da necessidade de governos e sociedade pensarem a tecnologia como uma ferramenta inclusiva, capaz de proporcionar mais oportunidades para todos. “Há tecnologias fantásticas, mas precisamos de um mecanismo para garantir que as oportunidades e benefícios sejam para todos”, disse.
 
O papel do setor público também foi destaque na palestra do Assessor Especial da Agency for Science, Technology and Research (A*Star), Raj Thampuran, que compartilhou o trabalho realizado por meio de parcerias público-privadas, em Singapura. Para ele, o papel governamental é criar políticas públicas eficientes, que auxiliem na criação de um terreno econômico fértil, mesmo quando o cenário externo é pouco favorável. Em Singapura, uma das frentes de ação que vem garantindo o avanço tecnológico é o investimento em capacitação.
 
No painel Inovação de Impacto Social e Ambiental, Guilherme Braga, Fundador e CEO da Egalitê Recursos Humanos, e considerado um dos 25 principais influenciadores de Justiça Social e Inclusão no mundo, falou sobre os quatro passos para a cultura inclusiva (Empregar, Habilitar, Engajar e Empoderar) e disse que é preciso que as pessoas se conectem para, juntas, gerarem resultados, mostrando um estudo realizado pela Accenture, que diz que o faturamento e lucro são maiores em empresas com diversidade. “Nossa cultura, como um todo, não está preparada para receber as pessoas com deficiência, mas, com a criatividade dos brasileiros, saímos anos luz à frente de muitos países”, destacou.
 
“As discussões trazidas aqui mostram que a preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade social já deixaram de ser tendências e estão realmente acontecendo dentro de muitas empresas, não podemos ficar dependendo apenas do governo”, reforçou Luciana Hashiba, Coordenadora da Conferência.
 
Startups
No painel Inovações e Questões Práticas da Atual Legislação, o Diretor do Departamento de Tecnologias Estruturantes do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), Dr. Jorge Mário Campagnolo, disse que a intenção é transformar o Brasil em um grande player internacional de startups. “Temos todas as ferramentas, conhecimento e talento, só precisamos organizar os esforços”.  Durante a apresentação, os palestrantes reforçaram a importância de disseminar cada vez mais o Marco Legal das Startups para trazer mais segurança jurídica às empresas e incentivar parcerias e o interesse na atuação conjunta entre diversos atores do ecossistema de inovação.

O Subsecretário de Inovação no Ministério da Economia, Igor Manhães Nazareth, reforçou também a necessidade de o governo usar melhor seu poder de compra para alavancar a inovação no país e destacou que o documento que deve seguir para o Congresso, até o final do ano, com sugestões de 160 pessoas envolvidas em quatro meses de trabalho, permitirá às startups reduzir custos e burocracia para a captação de recursos e, ainda, ajudar na atração e retenção de talentos.
 
Promovida pelo Sebrae, a etapa da competição Like a Boss realizada durante a Conferência teve como vencedora a NetWord Agro, startup focada em automatizar o manejo integrado de solos, pragas, doenças e ervas daninhas para uso em agricultura de precisão, por meio de um ambiente web/mobile com elementos IoT.
 
Ecossistema de Inovação
No painel Ecossistemas de Inovação, o Subsecretário de Desenvolvimento Econômico/SP, Marcos Vinicius Souza, falou sobre o projeto IPT Open Experience, que será o principal hub de inovação para hard science, em São Paulo. “O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) abre suas portas para empresas que querem resolver seus desafios tecnológicos, conectando empresas, startups, universidades e todos os setores, oferecendo suporte técnico e viabilizando projetos complexos”, comentou Souza. De acordo com o Subsecretário, este será o maior projeto tecnológico do Brasil de todos os tempos, que ocupará uma área de 650 mil metros quadrados. Já são 120 empresas interessadas e parceria com algumas das principais instituições do país, como USP, Unicamp, Unesp, Certi, Sebrae-SP e HC FMUSP.
 
No mesmo painel, o General Eduardo Castanheira, do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), falou sobre a estratégia da instituição, que vem buscando formas de se tornar mais sustentável, reduzindo a dependência de recursos de sua mantenedora, a Itaipu Binacional. “Dentro do objetivo de buscar a sustentabilidade, temos material para apresentar e negociar com outras empresas. Estamos trabalhando nesse novo modelo, onde vamos buscar outras fontes. A Conferência é uma oportunidade para esse networking. Vários contatos que fizemos vão render frutos e permitir que façamos parcerias para trabalhar em prol da inovação e melhoria de renda de nosso entorno e de nosso pessoal”, comentou Castanheira.
 
O painel ANPEI – uma agenda para a inovação no Brasil, conduzido pelo Superintendente em Furnas Centrais Elétricas e Diretor da ANPEI, Ricardo Marques, teve como objetivo realizar uma dinâmica com todos os presentes para consolidar o tradicional Manifesto ANPEI, documento que reúne os principais temas discutidos no evento, e que será encaminhado a entidades representativas, órgãos de governo e academia, com o objetivo de se iniciar um novo ciclo de desenvolvimento econômico no país. Entre as contribuições recebidas, estão: Internacionalização, Instrumentos de fomento regulares e Incentivo às grandes empresas para inovarem.
 
“O ecossistema de inovação tem plena condição de se desenvolver e contribuir para que o nosso país assuma um patamar diferenciado em termos de desenvolvimento econômico e distribuição de renda. Temos que avançar, porque temos capacidade, mas é preciso acelerar, para contribuir para um país mais justo e sustentável”, finalizou Marques.
 
A Rede Nacional das Associações de Inovação e Investimento – RNAII também promoveu um painel para apresentar a entidade e mostrar as iniciativas que estão sendo colocadas em prática, para fortalecer o ecossistema de tecnologia e inovação do país. A instituição, que congrega uma cadeia que envolve milhares de associados, representa um canal claro de articulação com o governo federal, tendo condições de levar propostas de políticas públicas eficientes ao setor, além do papel importante na promoção de grandes eventos.
 
Inovação em Modelos de Negócios
Patrick van der Pijl, CEO da Business Models Inc., encerrou a Conferência ANPEI com uma palestra que lançou um desafio aos presentes: como criar modelos de negócios exponenciais? Pijl trouxe alguns exemplos conhecidos do público, como Netflix e Uber, empresas que desenvolveram modelos de negócios disruptivos e exponenciais. Em um caminho inverso ao dos concorrentes, a Netflix passou de uma empresa de aluguel de fitas VHS para uma produtora de conteúdo via streaming em menos de 20 anos; a Uber “criou” um novo público ao oferecer o serviço de transporte por valores mais baixos que os táxis.
 
Participante de outro painel, o executivo da Siemens Caio Klassing Pandolfi também destacou o papel fundamental de se avaliar o modelo de negócios. “Só a tecnologia não vai resolver. Ela chega até as pessoas através de modelos de negócios. Para ser efetiva, é preciso desenvolver um modelo que permita que ela seja introduzida no mercado”, frisou.
 
Sob o tema Inovação X.0 – As (re)evoluções que transformam a sociedade e mercados, a Conferência ANPEI de Inovação debateu a necessidade de compreender a estratégia de inovação com um novo olhar, muito além do conceito de Indústria 4.0, e discutiu como as empresas de todos os setores podem inovar nesse novo cenário.
 
Sobre a Conferência ANPEI de Inovação 2019:
Maior evento de inovação multissetorial do país ancorado em geração de negócios, a Conferência ANPEI de Inovação é realizada desde 2001 e tem se consolidado como fórum privilegiado para o encontro de representantes de empresas, agências do governo e instituições de ciência, tecnologia e inovação para discussão e encaminhamentos de políticas e práticas voltadas à inovação nas empresas e no país.

Publicação Original


0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder